Causa nobre – Leia a coluna de Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

13/09/2022 - 05:09 - Atualizada em: 13/09/2022 - 08:04

Sim, foi disso que ela morreu, de uma causa nobre. Li tudo o que podia sobre o que poderia ter causado a morte da Elizabeth II. Nenhuma palavra no Palácio. Parentes e amigos olhavam para os lados quando perguntados sobre a causa-mortis. Silêncio e ignorância. Os melhores médicos do Reino Unido que trataram da Elizabeth… Nada.

Alguns parvos inventaram que ela sofreu uma queda e que depois disso não se recuperou mais e morreu. Bobos da corte. Outros gaguejavam uma série de doenças que acometiam sem estardalhaços a saúde da rainha… Nada a justificar. Li e ouvi tudo o que devia sobre a passagem da Elizabeth porque eu sabia do que ela morrera, posto que ninguém tivesse dito. Não houve uma doença “material”, certeza minha.

Costumo estudar com muita atenção certos casamentos, certos relacionamentos e, sobretudo, o luto de homens e mulheres que viveram lado a lado por muitos e muitos anos. Diante das incertezas dos parentes e dos amigos da rainha, digo sem qualquer vacilação, Elizabeth morreu de solidão, saudade e amor pelo marido que ela perdeu em abril do ano passado. Quando Philip, o marido com quem ela viveu 73 anos de sua vida, morreu, Elizabeth foi sacudida por uma verdade que transcende a todos e quaisquer poderes de uma realeza: a certeza da finitude e a pancada dolorida da morte de um amor.

Logo após a morte de Philip, em abril de 2021, Elizabeth, cinco meses depois, começou a ter encrencas de saúde que ela até então não tinha. E nunca mais foi a mesma. A consciência da finitude, a perda de alguém que por 73 anos viveu ao lado dela, um amor que a morte levou, fê-la viver agudamente a consciência e as dores da pior das verdades: a da morte de um ser amado, a solidão sem solução, o vazio existencial impreenchível e a falta de razão por que lutar. Para que continuar a viver?

Essa pergunta não é feita pela razão consciente, mas pelas batidas inconscientes e despercebidas do coração. Essa consciência, esses valores, em certas e especiais circunstâncias, desligam o receptor da vida. A Psicologia é cruel, ela não respeita realezas nem poderes, ela respeita sentimentos e corações. Elizabeth decidiu voltar a ser menina, ao lado de Philip, na pracinha do céu deles dois, sem tronos nem aplausos, só no amor, um amor eterno…

CORAÇÕES

A Psicologia nos iguala a todos. Há quem acredite que uma pessoa possa morrer de um infarto fulminante. Esse infarto fulminante foi plantado há muito tempo, por estresses acumulados, por valores errados, danosos à vida. O coração envenenado por longo tempo bate e explode num certo dia. Infarto fulminante? Não, infarto lento e produzido pelos pensamentos, valores, crenças e agitações. A Psicologia é bruxa má, ela conta a verdade…

ROMANOS

Desde cedo li muito sobre histórias romanas. Foi numa dessas leituras que aprendi sobre o “locus minoris resistentiae”, (local de menor resistência) as partes mais frágeis do nosso organismo e por onde as doenças costumam aparecer, doenças não raro fatais. Esses locais, órgãos, são deixados “mais” frágeis pelos pensamentos pessimistas, danosos, que derramam hormônios com cargas indevidas em nossa corrente sanguínea. Ninguém escapa. Quem vive no equilíbrio vai mais longe…

FALTA DIZER

O novo rei britânico, Charles III, precisar abrir o olho se não quiser se “saraivado” de críticas ásperas, constrangedoras e, acima de tudo, ridículas em razão do cargo que agora ocupa. Um exemplo? Ele tem que ser contra caçadas bandidas em raposinhas indefesas. Que se divirta lendo um livro…