Pois é, a resposta parece fácil: Sim, claro que sei o que quero! Tudo bem, você diz isso, eu também digo, o amigo ali da esquina de igual modo. Enfim, todos sabemos o que queremos. Será mesmo?
Quem me instigou a esta conversa, leitora/or, foi um colunista que acabei de ler. Ele falava que não sabia o queria na vida e da vida. Fiquei pensando. Tenho a certeza do que quero, mas… Será mesmo?
Quantas vezes sonhamos com algo, lutamos por esse algo e, quando a sorte nos bafeja, chegamos ao pote do desejo e… Bah, não era bem isso, pensei que fosse diferente, poxa, e agora? E sabes quando é que isso mais acontece, leitora? Claro que sabe, se já casou, se já teve namorados, casos, “experiências”, sabe muito bem que esse equívoco é muito frequente nos casos de “amor”. Quantos casos de amor começam incandescentes com o ardor da certeza e não muito depois o fogo vai se reduzindo, ficando fraco e… não digo que se apague totalmente, mas não era aquilo o que havíamos desejado. Queríamos uma fogueira e ficamos com um fósforo…
Enfim, somos um caso incompleto, estamos sempre vendo e desejando a felicidade que está no lá e no então; lá, em outro lugar, e então, em outro momento. E felicidade, você sabe, só pode ser vivida aqui e agora, nunca lá e então… Sabemos o que queremos mas… Não temos muita certeza. Talvez seja por isso que depois de ler o cidadã/cronista escrevendo sobre não saber o que quer, dei muita atenção à página seguinte do jornal, onde havia uma enorme manchete: – “Cresce internação psiquiátrica por planos de saúde”.
A questão, séria, envolve os transtornos emocionais de pessoas de todas as classes, trabalhos e rendas, de médicos (metidos a sebo) a funções das mais simples, pessoas pirando e pirando… Pudera. Essas pessoas, garantidamente, não sabem o que querem. Quem sabe, vive mais e melhor. São poucos esses. Será que estou entre eles?
Vou ao espelho fazer essa pergunta a mim mesmo: – Hei, cara, tu sabes o que queres? Sei, mas e se for pecado…?
Parecer
Você já ouviu a conversa aí de cima? Então ficará mais fácil de entender que não somos o que parecemos, não pelo menos diante de nós mesmos. Dia destes, um cidadão “cheio de autoridade” perdeu os cadernos num encontro público, jurídico, e, destemperado, disse o que não devia. Coisa forte, pesada. Passado o surto de perturbação emocional, ele disse: “Não sou assim…”. Claro que é assim, ninguém consegue ser o que já não é. E olhe que o sujeito é autoridade judiciária, devia conhecer bem a psicologia, alicerce forte dos princípios de justiça e vida equilibrada. Diante de nós mesmos, parecemos ser diferentes, mas somos bem diferente do que veem em nós. Bem piores.
Falta dizer
Um colega me contou que de há muito é vidrado num certa mulher, procurou de todos os jeitos achar um defeito nela. Achou. Um baita defeito, segundo ele. E aí, parou de gostar dela? Nada, nada. É isso, o amor vê mas finge ser cego.