“A vida e os inúteis”

Por: Luiz Carlos Prates

31/10/2018 - 15:10 - Atualizada em: 31/10/2018 - 15:39

Bufei depois de algum tempo afundado num sofá e olhando para as paredes. Estava até aqui de televisão… Dei um tempo. Já tinha também lido jornais, livros… E me dei por “cansado”, de um cansaço vago, impreciso, um tipo de cansaço que se confunde com fastio. Diachos, mas o que é isso? Soltei completamente a imaginação e fui dando voltas e voltas, até que… meus pensamentos jogaram âncora sobre um pensamento que acabara de ouvir num programa de tevê sobre mercado de trabalho.

Um camarada disse uma coisa com a qual concordei da cabeça aos sapatos, como, aliás, acontece sempre que encontramos alguém que pensa igual a nós. O sujeito disse que – mais ou menos 90% do que fazemos ao longo do dia, e da vida, suponho, são coisas inúteis que, grosso modo, se não forem feitas nada mudará em nossas vidas. Não há como discordar. E essa ideia do camarada me fez lembrar de uma pesquisa dos americanos e que sobre ela já falei aqui.

Americanos pegaram 10 pessoas e as levaram a um supermercado de 80 mil intens. O teste era de dizer às pessoas que elas iriam (faz-de-conta) fazer uma viagem de navio, o navio afundaria, mas ninguém morreria. Todos teriam pela frente uma ilha para onde nadar, e nadariam até elas. Cada um sozinho. E nessa ilha iriam viver até o fim da vida. O teste era: – Vocês têm que escolher agora, aqui no supermercado de 80 mil itens, apenas 15 itens com os quais terão que viver. Os itens escolhidos magicamente se renovarão, nunca faltarão. 15 itens, certo?

Todos discordaram, como viver só com 15 itens durante a vida toda? Mas tinham que escolher esses 15 itens. Sem saída, começaram a escolher, avançaram nos primeiros 7, 8 itens e… começaram a pensar. Difícil completar a lista. E descobriram todos que, de fato, se pode viver com o aparentemente muito pouco. Vale para tudo na vida.

O que fazemos durante o dia, mais das vezes, não precisaríamos fazer, coisas que nos cansam, entendiam, inúteis, enfim. As pessoas inteligentes, raríssimas, sabem disso. Eu, por exemplo, penso que sei do que me é importante, bah, coitado. O que me é importante conto nos dedos de uma só mão, sei disso, mas teimo em achar que tudo é indispensável. O que me consola? Você…

Tente

Tente para ver. Você vai ficar falando para as paredes. Tente motivar colegas aí na empresa a montar uma pequena biblioteca, de onde todos poderão ter livros para ler no fim de semana. Tente. Se você não apanhar, saiu-se bem… – Ah, e claro, todos os colegas seriam doadores de livros, da doação coletiva resultaria o enriquecimento do grupo, o único enriquecimento que de fato enriquece: o da cabeça.

Cadeia

Merecem cadeia, ferro, esses ordinários que não levam os filhos à vacinação, não levam por preguiça e por ignorância. Ferro neles. E isso sem considerar os estúpidos que acreditam que as vacinas fazem mal às crianças. Pode uma estupidez desse tamanho? Claro que sim, com gente que não gera filhos, mas procria, isso é natural. Ferro nesses ordinários. Vacinas contra o sarampo e a poliomielite estão aí, nos postos, gratuitas. Safados.

Falta dizer

Ouça esta que um médico está a dizer num jornal de São Paulo: – “As indústrias farmacêuticas gastam um bom dinheiro para incentivar médicos a prescreverem o máximo possível. A maioria dos congressos médicos é patrocinada por elas”. E como é que o povo “ingênuo” pode se defender dessa gentalha?