A quarentena nos aproxima de nós mesmos – Leia a coluna do Prates desta quinta-feira (7)

Foto Divulgação

Por: Luiz Carlos Prates

07/05/2020 - 06:05

Há momentos, mais que outros, em que nos revelamos quase que da cabeça aos pés. Não a revelação das ostentações, do que pode ser ajeitado ou bem arrumado por fora, mas a revelação de nós mesmos a nós mesmos. Ficou claro?

Vou tentar abrir a janela. Nos dias convencionais, de rotina, as coisas vão indo. Fazemos um bico aqui, outro ali e não nos damos conta do nosso aborrecimento com nós mesmos. Todavia, surge-nos um problema, nosso ou alheio. Uma “quarentena”, por exemplo.

O que mais incomoda na quarentena não são as limitações sociais, o que mexeu com a nossa vida interior foi a aproximação com nós mesmos. Insuportável, para a maioria. E é nesses momentos que passamos a nós e aos outros o nosso S. O. S. emocional.

Certos momentos, pessoais ou coletivos, acendem em muitos de nós a fogueira dos nossos vazios. E a partir daí, revelamo-nos. Especialmente nas redes sociais.

É o que aconteceu na quarentena ou acontece em nossos momentos de desencontros pessoais. Vê-se de tudo. Idiotas cantando, idiotas dançando, idiotas tocando instrumentos, idiotas fazendo “lives” vazias, reveladoras de suas cabeças inanes, mulheres desnudando-se, tudo, de tudo para chamar atenção.

É por isso que volta e meia ficamos sabendo do suicídio de um nome famoso. Foi falta de dinheiro? Não. Foi falta de casa, comida e roupa lavada? Não. O que foi então? “Quarentena” emocional, pessoal, visão errada de si mesmo, de si mesma.

As pessoas não se gostam, não se aceitam, não se amam. E pessoas desse tipo não suportam um mínimo que seja de isolamento ou de desatenção dos outros, são simplesmente pessoas vazias de si mesmas.

É o que anda por aí em multidões. Aquela história de amar a si mesmo não é entendida pela maioria; ora, já se viu amar a si mesmo, é o que questionam. Reprise da velha história de que muito me valho aqui, aquela do “quem tem vida interior não sente solidão”.

Não sente solidão nem vive na dependência do que os outros estão pensando: será que me notam e me amam? Quem vive assim é um rabisco humano, maioria. Não é outra a razão das baladas, dos churrascos repetidos, das saídas de casa, chova ou faça sol, das inquietações, enfim. Quem se basta a si mesmo vive; os demais sobrevivem, quando possível…

Memória

Fui narrador de futebol e o narrador tem sua segurança na dependência de saber quem tem a bola. Numa Copa, por exemplo, Polônia e Rússia em campo. Quem são os jogadores? O narrador de futebol em 2’ de bola rolando já memorizou e identifica todos os jogadores.

De onde vem essa “inteligência” e memória? Vem do agudo interesse, da motivação. Quem estiver motivado aprende grego em 15 dias. A memória é irmã da motivação. Com o mais, não perca tempo.

Línguas

Convivi muito proximamente com jovens e adultos que se iniciaram a estudar inglês. O que mais ouvia – Ah, não vou aprender essa droga, é muito difícil! E desistiam.

Ninguém aprende nada sem querer, sem arder, sem ter alicerces motivacionais; se os tiverem, aprendem o que quiserem e de trás para frente. Dizer isso aos filhos.

Falta dizer

Ouça o que li de uma consultora de RH: “Um profissional que conhece suas potencialidades, que se sente bem com ele mesmo, sempre parece bonito”.

A frase foi feita diante da exigência de boa aparência em muitos empregos. Só que… A maioria não diz, mas se sente feia… Pudera. Sabem pouco e não querem aprender, só querem emprego e bom salário. Rua!

 

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