Filtro na fala faria muito bem a muita gente

Por: Luiz Carlos Prates

11/05/2017 - 09:05 - Atualizada em: 11/05/2017 - 14:26

Pois é isso, acabei de ler uma frase que se ajusta a muita gente como uma luva. Bah, serve direitinho. Antes de dizer da tal frase, convém lembrar que incontáveis vezes já citei aqui uma frase de que muito gosto e que pela primeira vez a “ouvi” de Baltazar Gracián, um padre jesuíta espanhol que nasceu em 1601… É, 1601, faz tempo. Um padre iluminado, um sábio.

Uma das frases dele que me ficou presa à memória foi esta: – “Fala, se queres que te conheça”. Encontrei essa frase no livro Oráculo Manual, a arte da prudência. A frase de Gracián se ajustou também, sob medida, para a psicanálise organizada por Sigmund Freud. Gracián deixava claro que nos revelamos pela fala, queiramos ou não… E a frase que acabei de ler e que estava na revista Career (Carreira) fala exatamente disso, da importância da fala no ambiente de trabalho. Mas vale para tudo, mais ainda, a meu juízo, para os relacionamentos conjugais. Ou você se lembra de alguma briga que não tenha sido iniciada por uma frase, dele ou dela, uma frase azeda, atravessada…?

A frase que estava na revista Career dizia que devemos passar um filtro pela nossa fala. Concordo plenamente e… Fico admirado como as pessoas se descuidam ao falar, provocando, não raro, situações constrangedoras a outras e a elas mesmas, se tornando assim gravemente antipáticas, ao tempo em que – para uma foto – não poupam o “filtro”. As gentinhas passam filtro em todas as suas fotos posadas para as redes sociais. Todas, todos “retocados”, devidamente “filtrados” para parecerem mais bonitos, mais jovens, mais isso, mais aquilo… E, todavia, para a conversação diária falam pelos cotovelos e sem qualquer “filtro”, isto é, sem cuidados… Dá no que anda por aí, pessoas que podem até ser razoavelmente bonitas mas que se tornam feias, muito feias, quando abrem a boca. Maioria. Filtro na fala faria muito bem a muita gente. E adianta dizer? Melhor é ficarmos na moita repetindo Baltazar Gracián – “Fala, se queres que te conheça”. E depois dessa fala, pedir licença e… sumir.

Eles
Dia destes, ouvi um professor falando que é uma balela dizer que os jovens estão lendo bem mais hoje em dia. Não estão, garantiu o professor. E explicou que as pessoas estão confundindo leitura com ler de tudo um pouco no celular ou no computador, mas tudo superficialmente, três ou quatro linhas de cada matéria. Superficialidade não é leitura, digo eu. – Ah, e outra mentira bárbara que ouvi também por estes dias, que os brasileiros estão lendo em média 5 livros por ano. Se o brasileiro lesse 5 livros por ano – uma miséria – estaríamos, mesmo assim, no primeiro-mundo. Aí em casa, alguém lê 5 livros por ano?

Falta dizer
Se me perguntarem por uma mulher “perigosa”, respondo na lata: uma mulher que lê. Bah, uma mulher que lê, que lê boa literatura, tem um poder que assusta, assusta os homens, antes de tudo… Eles adoram cabeças vazias, faz sentido. Uma mulher de cabeça vazia é facilmente “dominada” e mandada, docinha, docinha… Já uma que sabe pensar… O melhor cosmético está dentro da cabeça, leitora.