“Moisés contra a parede”

Por: Fábio Bispo

14/05/2020 - 10:05 - Atualizada em: 14/05/2020 - 10:19

O escândalo dos respiradores parece ter trazido alguma unidade ao parlamento: colocar a cabeça de Carlos Moisés (PSL) à prêmio. Os dois novos pedidos de impeachment protocolados na terça, 12, chamam a atenção não só pelo momento oportuno, que instalou uma crise sem tamanho na gestão de Moisés, mas também pelas autorias.

Um dos pedidos é assinado por Ana Caroline Campagnolo (PSL) e Maurício Eskudlark (PL). Ela foi uma das grandes defensoras da candidatura do coronel do Bombeiro, ele, o ex-líder que tinha o papel de aproximar a Assembleia da Casa D’ Agronômica.

O pedido leva em conta as ações do governador desde o início da pandemia da Covid-19, como a compra dos 200 respiradores artificiais sem licitação e os decretos de restrição de vários setores econômicos e sociais.

“Não reforçou as UTIs. Em São Miguel do Oeste foram criados 10 leitos de UTIs emprestando cama de Dionísio Cerqueira, de Joaçaba. Em Concórdia e Chapecó, que estão agora com número elevados de casos, se tivesse ampliado em 40 vagas de UTIs em Chapecó, poderia atender. Falta o mínimo de gestão”, disse Eskudlark.

Campagnolo também não economizou no verbo. “É um homem arrogante, prepotente, debochado, acabamos descobrindo que não é um homem grande e nem um grande homem”.

 

Mágoa

Ferrenha defensora do “Escola Sem Partido”, Campagnolo ainda guarda mágoas por ter sido preterida na indicação para o nome na pasta da Educação. Eskudlark, que apesar de ter ocupado posição de destaque como líder do governo no parlamento, nunca teve sequer o celular de Moisés e em entrevista à coluna Pelo Estado chegou a revelar dificuldades para conseguir travar diálogos com o governo.

Além desses, a fila de insatisfeitos com a gestão do bombeiro passa por praticamente todas as bancadas. A admissibilidade de um eventual pedido de impedimento do governador, que poderia dragar todas as atenções para a crise política por meses, apesar dos pesares, já parece ser comemorada nos corredores e bastidores da política.

Eskudlark e Ana Campagnolo entregam pedido de impeachment do governador ao presidente Julio Garcia |
Foto Bruno Collaço/Agência AL

 

Xeque-mate

O enquadramento de Moisés é praticamente um xeque-mate entre duas bastante prováveis opções. Ou abre as portas do governo e fatia o poder concentrado, ou pode acabar tendo a sua já curta trajetória política antecipada.

 

Habilidoso

O novo chefe da Casa Civil pôs o carro na rua. Enquanto se contabiliza pedidos de impeachment contra o governador, Amandio João da Silva Junior usa a habilidade de empresário em todas as frentes. Logo após assumir tratou de se reunir com o presidente da Alesc, Julio Garcia (PSD). Ele também já esteve com a líder do governo, Paulinha (PDT) e os deputados Sergio Motta (Republicanos), Fabiano da Luz (PT), Marcos Vieira (PSDB) e Eskludark (PL)

 

Mocinhas

O deputado Sargento Lima (PSL), ironizou o uso de máscaras e álcool em gel como forma de combater o coronavírus. Durante votação do projeto que libera o transporte coletivo, Lima disse: “Quem vai construir o futuro de Santa Catarina são os homens de coragem, não as pessoas que estão se lambuzando em álcool em gel, atochando uma máscara e se escondendo embaixo de uma cama feitos mocinhas da menarca”.

 

Segurança

O deputado federal Hélio Costa classificou como “justa e necessária” a aprovação do projeto que prevê a destinação de crédito suplementar de quase R$ 776 milhões para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. A proposta decorre de uma decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou o repasse de recursos das loterias oficiais aos estados e ao Distrito Federal.

39,2% Essa é a taxa de isolamento social em Santa Catarina segundo dados do Inloco. O Estado tem a pior taxa desde o início da quarentena e é o quinto estado que menos respeita o isolamento.

Õnibus devem voltar a circular em Florianópolis Foto PMF/Divulgação

Ônibus

O transporte coletivo não deve demorar para ser totalmente liberado no estado. A Alesc aprovou o projeto que diz que o serviço é essencial. Em Florianópolis, o prefeito Gean Lourero disse que ainda não é o momento.

 

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