É tudo culpa da mãe?

Por: Eu, Mulher e Carreira

13/05/2022 - 09:05 - Atualizada em: 13/05/2022 - 09:28

É tudo culpa da mãe, certo?

Errado, mas certo também! Calma, que eu te explico.

Por que será que temos essa questão em dizer sempre que a culpa é da mãe? Será que sabemos o real sentido dessa afirmação?

Toda criança que é gerada, está fusionada emocionalmente a esta mãe. A criança sente tudo o que a mãe sente. Até os seis primeiros meses, esse bebê acredita que ele e a mãe são a mesma pessoa. Até os dois primeiros anos de vida, essa fusão é muito intensa e ela vai perdendo força conforme essa criança vai se relacionando com o mundo, com outras pessoas.

A criança se fusiona com a mãe que é presente, mas também com a ausência. Ela se fusiona com a mãe que está livre e leve para essa maternidade (o que convenhamos é desafiador e até um pouco utópico), mas ela também fusiona com a mãe que está lá ansiosa, deprimida, frustrada, angustiada, triste, com a autoestima bem fragilizada, com o amor-próprio quase que inexistente. Dessa forma, essa criança vai se reconhecendo no mundo através dessa fusão emocional.

Por isso questões como autoestima, casamento, carreira, saúde, vida financeira, estão todas relacionadas às nossas questões emocionais. E como a base dessas emoções vêm desde o ventre da nossa mãe, através da fusão emocional vivenciada, então, sim, grande parte do que a gente vive hoje, a culpa é da mãe!

Mas, eu, mulher adulta, quando continuo olhando dessa forma, me coloco totalmente na postura da menina fragilizada, imatura, que não da conta, que não aguenta, que não consegue dar seus próprios passos por causa da mãe. Já que a minha mãe não deu conta de me dar, então também vou ficar de mal. Um posicionamento infantil e punitivo que trazemos para a vida adulta e nem percebemos.

E nessas faltas da vida que todos temos, porque nunca existiu mãe perfeita e nem vai existir. É isso mesmo, pode tirar o teu cavalinho da chuva, que perfeição para nós seres humanos imperfeitos, é fantasia. Todos temos as nossas falhas. Somos seres imperfeitos, repletos de falhas e quanto antes tu aprender a aceitar essa realidade, melhor será! Mais leve a tua vida será.

Então se eu, mulher adulta, escolho continuar culpando a minha mãe pelas coisas que aconteceram e que acontece na minha vida, eu continuo ocupando aquele lugar de menina fragilizada, vitimizada que não tem capacidade para dar os próximos passos.

Mas, se eu começo a descobrir aqui dentro de mim meus recursos, a desenvolver meu autoconhecimento, e a gestão emocional, já que as consequências da vida são frutos das nossas emoções, eu começo a me responsabilizar pelos meus passos. E esta é a palavra da Maturidade – Autorresponsabilidade. É ela que desenvolve a maturidade dentro de mim.

E você pode estar se perguntando agora, como eu posso me tornar responsável pela minha vida? Como eu me torno responsável por mostrar para mim que eu tenho condição de dar esses passos? Eu te respondo, Autoconhecimento. É difícil? Busca ajuda!

Mas você precisa despertar, descobrir os teus talentos, teus recursos internos, tuas habilidades naturais. Te fortalece de ti.

Mas para que eu consiga me fortalecer de mim, eu preciso saber quem eu sou, eu preciso saber o que tem aqui dentro de mim. Quais são os meus recursos, as minhas habilidades naturais, meus talentos e olhar para o que não está tão legal.

Por que é que eu teimo em ficar usando, forçando até, aquilo que não está tão legal, que não vem fácil. Me penalizando, me punindo e com isso ficar cultivando uma lista de frustrações, ao invés de olhar para aquilo que eu sei brilhar, para aquilo que eu sei fazer com maestria, o que eu sei fazer fácil, e o que me agrada fazer.

Quanto mais eu me fortaleço de mim, mais eu consigo me responsabilizar pelos meus passos. E forte de mim, eu consigo olhar para a minha vida e falar, o quanto é bom viver a minha vida, o quanto é bom ser quem eu sou.

E uma outra forma de eu fazer isso também, é olhando para a minha mãe e sendo muito grata a ela por tudo o que ela fez por mim. NÃO IMPORTA O QUE ELA FEZ E COMO ELA FEZ. Seja muito grata a ela pela vida que ela te deu. Seja muito grata a ela ao grande SIM que ela te deu, a oportunidade fantástica que ela te deu de estares aqui, neste exato momento, vivendo a tua vida. Porque se não fosse por ela, nada disso teria acontecido.

É tudo culpa da mãe, sim. Porque foi ela que escolheu te dar a vida. Então, para que eu possa começar a deixar fluir algo novo na minha vida, para que eu possa me permitir dar passos na direção da minha maturidade, se responsabilizando pela minha vida, é aceitando a minha vida e sendo muito grata a mãe que eu tenho por ela ter me dito este grande SIM. Independente de como tenha sido. Tarefa fácil? Não, mas essencial para que possamos ter uma vida mais leve, mais fluída, mais feliz. Porque sabemos que merecemos isso. Se for difícil, conseguir dar esses passos sozinha, peça ajuda, porque tu mereces uma vida maravilhosa.

 

Um beijo grande e seguimos juntas,
Karine Becker Petelinkar
Psicoterapeuta e Mentora de Mulheres
@karinebecker.psi