O impacto da alimentação na saúde mental

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Por: Erika Tavares

20/12/2022 - 00:12

 

 

Uma metanálise publicada pela Nutrients em 2020, na qual foi realizada revisão da literatura de 1980 a 2019 sobre a relação entre dieta, estresse, obesidade e transtornos psiquiátricos evidenciou-se uma relação bidirecional entre a alimentação e o estresse. Enquanto um padrão alimentar pró-inflamatório pode aumentar o estresse, fatores estressores também induzem à alimentação excessiva, que leva ao sobrepeso e à obesidade.

 

Uma alimentação saudável otimiza a produção de neurotransmissores, moléculas produzidas pelos neurônios que funcionam como mensageiras químicas, e reduz processos inflamatórios, protegendo o cérebro contra a neuroinflamação. A obesidade por sua vez pode estar associada a alterações nos neurotransmissores, e fatores inflamatórios que estão presentes tanto no intestino quanto no cérebro, alterando o humor e comportamento alimentar.

 

Em contrapartida, uma alimentação rica em açúcares, farináceos, gorduras saturadas, trans e alimentos ultraprocessados pode acentuar o estresse e a neuroinflamação, que levam a um desequilíbrio de neurotransmissores e facilita o desenvolvimento da ansiedade, da compulsão alimentar, da depressão e até mesmo aumenta o risco de doenças neurodegenerativas como o Parkinson e o Alzheimer.

 

Sobretudo, uma abordagem dietética que tem sido particularmente bem pesquisada na melhora da saúde mental é a dieta mediterrânea. Esta dieta é rica em castanhas, vegetais e frutas,pobre em carne vermelha e maior consumo de peixes, consumo moderado de vinho tinto, além de substituir gorduras saturadas (manteiga e gordura animal) por gorduras insaturadas (principalmente o azeite). Foi demonstrado que o maior consumo de ômega 3 tem efeitos benéficos na saúde mental, incluindo redução no risco de doença cardiovascular, risco reduzido para o desenvolvimento de depressão, melhora da cognição, aumento da neuroplasticidade e proteção contra lesão de neurônios.

 

Outra pesquisa que avaliou a influência de frutas e verduras na saúde mental indicou que a alta ingestão total de frutas e vegetais, e alguns de seus subgrupos específicos, incluindo frutas vermelhas, frutas cítricas e vegetais de folhas verdes, podem promover níveis mais altos de rendimento e eficácia, além de proteger contra sintomas depressivos. Portanto, tais benefícios explicam a razão por trás da promoção do do consumo de 5 porções de frutas ou vegetais diariamente ou consumo de um mínimo de 400 gramas de frutas e vegetais por dia.

 

Em conclusão, uma alimentação saudável rica em frutas, verduras, legumes, peixes e oleaginosas traz efeitos benéficos na saúde mental por meio da melhora da redução da inflamação e fornecimento de substratos para síntese de neurotransmissores que pode trazer uma sensação de bem-estar e autoestima.