“Mitos que cercam jovens empreendedores”

Por: Emílio Da Silva Neto

10/06/2019 - 11:06 - Atualizada em: 28/09/2019 - 11:57

Ter um negócio próprio é o sonho da maioria dos jovens brasileiros. Segundo uma pesquisa realizada pela Cia de Talentos, em parceria com a Nextview People, 56% dos ouvidos disseram que pretendem empreender em algum momento da vida.

Ou seja, muitos jovens brasileiros desejam empreender, trocando a segurança de um emprego público ou de um cargo ‘pomposo’ em uma grande empresa pelo desafio de empreender, o que é ótimo, pois são empresas da iniciativa privada que, efetivamente, desenvolvem, economicamente, um país.

Além disso, conforme levantamento GEM 2012, a realidade brasileira mostra que os jovens são maioria entre os que já empreendem: 33,8% dos negócios iniciais estão nas mãos de pessoas entre 25 e 34 anos.

Mas, para muitos outros jovens, este sonho de erguer um empreendimento próprio, fica se mantendo como uma ‘miragem’, devido aos medos, à falta de dinheiro e a alguns ‘mitos’ que teimam em ocupar suas mentes.

De qualquer ótica, o empreendedorismo está se consolidando na cabeça do jovem brasileiro como opção de vida. Contudo, o que não está à altura é a falta de preparo de muito jovens e o fato de não buscarem sócios com conhecimentos complementares.

No mais, eis alguns ‘mitos’ que cercam os jovens empreendedores:

  1. ‘BASTA UMA BOA IDEIA’

Transformar um hobby ou passatempo em negócio não é garantia de sucesso. Há que haver preparo para tirar o negócio da mente (ou papel) e não só apostar na sorte. Sem um bom time para a execução da ideia, a empresa cai por terra

  1. ‘LARGAR A FACULDADE PARA TOCAR O NEGÓCIO’

Exemplos como o de Mark Zuckerberg não devem servir como regra. Quando o negócio e o curso são da mesma área, dá para conciliar as duas coisas (até mesmo, aproveitar recursos e contatos da faculdade), desde que haja preparação para virar empreendedor.

  1. ‘NÃO HÁ CONCORRÊNCIA PARA NEGÓCIOS INOVADORES’

Otimismo sim, ingenuidade não, pois negócios que dão certo logo fazem surgir muitos outros negócios similares

  1. ‘EMPRESAS DE JOVENS QUEBRAM MAIS’

No Brasil, embora haja preconceito da sociedade, não há qualquer estudo que indique que empresas de jovens são mais propensas ao fracasso, isto é, que sofram de taxa maior de mortalidade

  1. ‘BASTA REUNIR BONS AMIGOS’

Amigos, amigos, negócios à parte, é regra infalível, pois afinidades podem parecer bom motivo para estabelecer uma sociedade, mas, também, uma armadilha, principalmente, quando colegas sócios são meros ‘espelhos’ (em formação, hábitos e habilidades) e não complementares entre si. Basicamente, a regra é ter, ao lado, alguém que saiba vender, alguém que saiba fazer e um terceiro que cuide bem da gestão (administrativa e financeira).

  1. ‘O FRACASSO É O FIM’

É comum encontrar empreendedores que, na primeira tentativa, não deram certo, mas que usaram isso como fonte de aprendizagem para negócios e que, posteriormente, se tornaram sucesso

  1. ‘AS VENDAS SÃO CONSEQUÊNCIA DO PRODUTO/SERVIÇO’

Para sustentar um negócio há que haver experiência em gestão e nunca acreditar que vendas acontecem facilmente. Elas dependem de estratégias que demandam estudo e dedicação

Sob qualquer ponto de vista, contudo, nunca é fácil a vida de um empresário no Brasil, qualquer que seja a sua faixa etária. Isto porque, parece, muitos ‘torcem contra’, principalmente o governo e as suas unipresentes instituições públicas.

Quanto a isto, disse-me, certa vez, o Prof.Dr.Eng. Klaus North, da Hochschule RheinMain, de Wiesbaden, na Alemanha, onde estive como aluno bolsista (pelo Banco Europeu) de Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento: “Unternehmer in Brasilien zu sein … das ist eine Sache für Helden” em português, “ser empresário no Brasil é algo digno de herois”.

Bem sabem disto, em especial, os empresários brasileiros seniors, aqueles que têm empresas, há mais de 30 anos, e que já enfrentaram de ‘tudo’: inflação de 80% ao mês, dezenas de planos econômicos sem resultados positivos, impostos altos, cumulativos e diferentes (estado a estado), legislação ambiental ‘fundamentalista’ (incongruente com realidades regionais e municipais) e déficit de infraestrutura quase paralizante, enfim, lamentáveis obstáculos para a competitividade e saúde financeira das empresas.

Quando isto tudo vai melhorar neste país? … só Deus sabe!