“Se você não é celíaco, o glúten não te fará mal”

Foto Divulgação/Confra

Por: Caroline Pappiani

27/05/2019 - 10:05 - Atualizada em: 27/05/2019 - 10:55

O glúten é uma fração proteica presente no trigo, cevada, triticale e centeio. A aveia não contém glúten, mas, em virtude do seu processamento no mesmo maquinário de outros cereais, acaba por ser contaminada pelos resíduos de glúten. Arroz, milho, batata, mandioca e seus derivados são isentos de glúten. No entanto, é sempre bom prestar atenção e fazer a leitura dos rótulos das embalagens.

O glúten é o responsável pela viscosidade e elasticidade dos alimentos. O seu nome deriva do latim e significa cola. Ao sovar a massa de um pão, por exemplo, as “redes” de glúten prendem o gás carbônico liberado pelo fermento biológico fazendo com que o pãozinho cresça e fique macio.

Pessoas sensíveis ao glúten

A expressão “contém glúten” em inúmeros produtos alimentícios serve para alertar as pessoas portadoras da doença celíaca, para que não consumam aquele alimento, pois pode ser prejudicial à saúde (nestes casos). Isso porque esse grupo de pessoas é “sensível” ao glúten, em decorrência do sistema imunológico.

Os portadores da doença celíaca devem evitar alimentos que contenham glúten, como pães, massas, biscoitos, bolos, salgadinhos, barra de cereais, quibe, pizzas, molhos brancos, granola, empanados, farinha de rosca, cerveja, whisky e vodka de cereais.

A presença de glúten nesses alimentos agride a mucosa intestinal e, como consequências, surgem sintomas indesejáveis (distensão abdominal, gases e diarreia) e outros efeitos agravantes.

O modismo da nutrição generalizou essa informação para a população em geral, recomendando a dieta “glúten free” (sem glúten) com a promessa de reduzir o inchaço, gases e melhorar a digestão. Mas, por que recomendar essa restrição para todas as pessoas? E o bolo do aniversário? A cerveja do happy hour? A pizza de domingo? O pão quentinho da padaria? Ninguém mais pode fazer parte desses momentos de socialização, diversão e satisfação?

Volto a bater nesta tecla: dieta equilibrada

Que essa “dieta” cumpre o papel de perda de peso ninguém pode negar. Mas, seria o glúten o vilão dessa história? Ao retirá-lo da alimentação, as pessoas param de consumir pães, massas, salgados, biscoitos e acabam diminuindo tudo o que teria no recheio desses alimentos também. Ou seja, a perda de peso não seria em decorrência da redução do consumo dessa gama de alimentos? Esses alimentos são ricos em carboidratos e os recheios são ricos em gorduras, então, por que o único culpado é o glúten?

Uma dieta equilibrada, balanceada em macro (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais), é o segredo para uma nutrição saudável. Como o próprio nome diz, nutrição tem como objetivo nutrir e não restringir. Portanto, tome cuidado com qualquer profissional que imponha dietas da moda, restritivas e sem respaldo científico.

A sua saúde está acima de qualquer redução de peso na balança. É o seu bem-estar e sua composição corporal (quando bem avaliada) que irão refletir na aderência dos seus hábitos alimentares. Uma mudança no estilo de vida deve ser algo praticável e permanente, ou seja, deve ser uma transformação (hábito) e não uma alteração temporária (obrigatoriedade).