O partido Novo já está se mobilizando para as eleições de 2022, e para isso, a sigla prepara antes de tudo cursos e seleções internas para definir os candidatos aptos a concorrerem ao pleito. Este trabalho é reforçado pela Fundação Brasil Novo criada pelo partido.
Esta semana o presidente nacional do Novo, o catarinense Eduardo Ribeiro, esteve em Jaraguá do Sul e região para participar de reuniões com os diretórios e políticos eleitos pelo partido.
Em conversa com a Coluna Plenário, Ribeiro falou sobre os planos do partido para as eleições de 2022 e a atuação da bancada do Novo na Câmara Federal.
Confira a entrevista:
Como está a articulação do Novo para as eleições de 2022?
Nós temos 15 estados mapeados com maior potencial de eleger deputados federais e podemos lançar até 586 candidatos. Se lançarmos candidatos a estadual também nesses estados, podemos lançar até 1668 candidatos.
Sabemos que é difícil completar a nominata, mas vamos trabalhar para possamos ter o maior número possível de candidatos qualificados. Alem disso, há outros 6 estados que também estamos estruturando para lançar candidaturas. Também faremos uma busca ativa pela participação das mulheres.
Faremos esse trabalho para mostrar às mulheres a importância em se candidatar. Hoje no partido temos mais homens que mulheres filiados [um total de 37 mil no Brasil] mas nas eleições de 2020 proporcionalmente fomos o partido que mais elegeu mulheres no País, passamos dos 30%.
E se a gente contar só as bancadas de capitais, 70% dos vereadores são mulheres. Ou seja, mostrou que o Novo não foi atrás de candidatas laranja, fomos atrás de quem era competitiva de verdade e estava preparada para se candidatar.
A sigla vai ter um candidato à presidência no próximo ano?
O nosso foco estratégico de partido é ganhar corpo no Legislativo. Sobretudo no Legislativo federal, no Senado e na Câmara, principalmente na Câmara, já que como sabemos que não é uma eleição majoritária, e sim proporcional, se tivermos uma estratégia e como nosso eleitorado é fiel, a gente sabe que consegue chegar. Tendo uma base de candidatos a nível federal e estadual, em alguns estados nós vamos provavelmente lançar candidatos a governador também.
No caso de candidatura à presidência, não está descartado, mas vamos trabalhar num projeto que seja alternativo ao Bolsonaro e ao Lula. A gente vai trabalhar numa frente de centro-direita, pode ser que seja como cabeça de chapa ou pode se que seja num projeto contínuo. Vamos trabalhar para ser uma opção.
E neste projeto do partido, o Amoêdo é um nome que pode ser novamente candidato?
Não sabemos ainda. Mas tem uma coisa que é clara para todo mundo, nós queremos ser uma alternativa. A forma como vai ser, vai depender no momento de quem tem mais viabilidade. Nós vamos fazer também o nosso trabalho para ter um nome que seja viável.
Mas o Novo vem sozinho ou com uma candidatura aliada a outros partidos?
Se já existem partidos ou lideranças que estejam dispostos a participar, a gente vai sentar e conversar para ver se há uma agenda convergente. Neste momento em que o Brasil vive é diferente de 2018.
Não é mais um cenário de incertezas. Nós temos duas certezas aqui: temos um governo que não entregou aquilo que prometeu e uma proposta de outro candidato que foi inocentado de um crime que todo mundo sabe que ele cometeu.
Então não tem condições hoje de seguirmos com nenhuma destas frentes. Até porque ideologicamente o Novo e o PT não tem absolutamente nada a ver. Somos totalmente o oposto ao que o PT defende e o Bolsonaro não entregou o que ele prometeu, ele cometeu de certa forma um estelionato eleitoral na nossa visão.
Ele defendeu a política liberal, não fazer acordos com o Centrão, a não interferência no Estado, então tudo isso que ele disse que não iria fazer, acabou fazendo. Inclusive acabou enfraquecendo a Lavo-Jato.
Além disso, o presidente tem tomado atitudes de um monarca, isso não pode acontecer. As pessoas acham que chegou numa prefeitura, governo estadual ou presidência, que aqui ali é dele e da família. Isso não pode acontecer, é preciso separar as coisas.
E no governo do Estado, qual é o planejamento do partido para lançar um candidato a governador? Há algum nome definido?
Estamos trabalhando nisso. Santa Catarina é um estado que não tem mais mandatários. É um estado que temos uma capilaridade muito grande e já temos muitas pessoas em formação para serem candidatos para deputado estadual e federal. Temos nomes relevantes como Bruno Souza e Gilson Marques.
Aqui mesmo em Jaraguá, o Novo teve a maior votação proporcional do Brasil. Então a própria cidade demonstra como o Novo é forte aqui. É natural que o partido esteja disputando em todos os cargos, não só para deputado federal e estadual, mas também para senador e governador.
É nisto que estamos trabalhando. O novo ainda precisa definir o rito da escolha do candidato, já que o partido não tem cadeira cativa para ninguém. O interessado em se candidatar precisa conquistar o espaço pelo seu mérito e pelo seu histórico.
Ainda é temerário da minha parte falar um nome, mas temos algumas pessoas que têm condições de se candidatar e já demonstram seu interesse. O certo é que vamos trabalhar para ter um candidato ao governo do Estado.
E o nome do Adriano Silva [prefeito de Joinville], por exemplo, não poderá ser candidato, porque a filosofia do Novo não permite que quem foi eleito para um cargo saia para concorrer a outro. A única exceção que temos é com relação aos integrantes do Legislativo que estão no segundo mandato e que podem sair para outra candidatura, já que pelo Novo, vereadores e deputados não devem candidatar-se pela terceira vez, defendemos a oxigenação dos mandatos.
E sobre a atuação dos 8 deputados da bancada do Novo em Brasília: qual sua avaliação como presidente do partido da participação deles em votações importantes como a PEC Emergencial, recentemente aprovada, e as reformas administrativa e tributária que estão por vir?
Nossa equipe dos deputados federais tem um setor técnico que dá uma orientação muito direta aos nossos representantes na Câmara e é absolutamente competente. Até porque separamos a gestão do partido, tanto que dirigentes não podem ser mandatários, tanto que eu sou presidente do partido, então pelas nossas regras, não posso ser candidato.
Mas ao falar do caso da PEC Emergencial, o novo defendida desde o ano passado de ter um auxílio para os profissionais informais e liberais nesta crise, mas para isso o Estado também precisa reduzir seus custos para dar sua contribuição.
A PEC Emergencial deste ano acabou sendo desidratada de tal forma que acaba que quem paga boa parte da conta é a iniciativa privada, vai ser o trabalhador. E esse custo que fica para a iniciativa privada gera menos recursos, gera menos impostos.
Nosso Congresso hoje custa R$ 20 milhões por dia. O cara que aperta o botão do elevador ganha R$ 7 mil por mês. Pelo Novo, não aceitamos regalias oferecidas aos deputados como o número de assessores permitido de até 25, temos no máximo 6, não aceitamos aposentadoria especial e outros tantos benefícios. Isso tudo para mostrar para os demais, nem que seja por constrangimento, que tem como fazer com menos.
É preciso que o Legislativo dê o exemplo para poder cobrar do Judiciário, por exemplo, o corte de regalias. Sobre as reformas administrativa e tributária são urgentes, a aprovação passa por vencer esses grupos de pressão dentro da própria Câmara para que se aprove reformas que realmente mudem o Brasil.
Temos o deputado Tiago Mitraud como presidente da frente administrativa que é do Novo e a gente sabe que teremos dificuldade para aprovar boas reformas, porque grande maioria dos deputados não vai pela mudança.
O Novo tem uma Fundação para a formação de candidatos e lideranças políticas, como ela funciona?
A Fundação Brasil Novo já está em funcionamento desde o ano passado. Ela é o braço acadêmico do partido. Por meio da fundação oferecemos cursos como de formação de lideranças políticas que já conta com mais de 100 pessoas. Também vai oferecer outros cursos sobre as instituições políticas , funcionamento do estado, os valores do Novo e um curso específico para a formação dos candidatos para 2022 que vai começar agora em abril e esta semana vamos lançar a marca e o site da Fundação.