“Enxergamos esta eleição como uma oportunidade de conquistar os eleitores que não querem ir pelas opções que estão aí”

Foto: Fabio Junkes

Por: Áurea Arendartchuk

26/03/2022 - 06:03 - Atualizada em: 26/03/2022 - 12:52

O pré-candidato à presidência da República pelo partido Novo, o cientista político Felipe d’Avila, esteve na sexta-feira (25) em Jaraguá do Sul para apresentar seu projeto político para as eleições de outubro.

D’Ávila participou de encontros e reuniões com representantes do partido, além de autoridades e empresários e aproveitou ainda para relançar um de seus livros, “10 Mandamentos – do País que Somos para o Brasil que Queremos” (editora Almedina Brasil), que segundo ele, apesar de ter sido escrito em 2017 continua muito atual.

D’Ávila está em Santa Catarina desde quinta-feira (24). Já passou por Balneário Camboriú, Blumenau, Jaraguá do Sul e neste sábado encerra sua agenda em Joinville no encontro estadual do Novo.

Na cidade, onde o Novo tem sua maior representatividade no Estado, com o prefeito Adriano Silva e a vice Rejane Gambin no comando da Prefeitura e mais três vereadores na Câmara, será lançado o nome do promotor de Blumenau Odair Tramontin como pré-candidato do partido para governador.

Em entrevista à Coluna Plenário, Luiz Felipe d’Avila fala sobre como o partido está montando a nominata para concorrer à Câmara, ao Senado e para as assembleias legislativas e governos estaduais. Além disso, destaca quais são as principais bandeiras a serem defendidas na campanha e se há possibilidades de alianças.

Confira:

Quanto tempo o senhor está no Novo e como foi definido seu nome para concorrer à presidência?

Estou no partido Novo desde setembro do ano passado e a definição por meu nome foi interna do partido. Mas o convite veio depois que o João Amoêdo havia desistido da candidatura.

O partido entendeu que era importante ter um candidato à presidência justamente para puxar as nominatas. Nosso principal objetivo é passar a cláusula de barreira, então precisamos eleger no mínimo 11 deputados federais. Isso é vital, porque é o que dá relevância para o partido. Então a primeira missão é ajudar a montar as nominatas do partido, andar pelo Brasil, ajudar a recrutar pessoas boas. Já que essa nominata é que vai fazer o sucesso do partido elegendo deputados federais e estaduais.

E o segundo plano é trazer mais pessoas para disputar os cargos majoritários, então vamos ter candidato a governador aqui [SC] com o nome do Odair Tramontin. Depois teremos o Vinicius Poit [que é deputado federal] em SP, temos o Paulo Ganime no RJ [também deputado federal]. Temos o Aridelmo Teixeira no ES e ainda está em processo seletivo um candidato para o governo de Goiás.

Então o Novo vai bem mais robusto nesta eleição do que na outra. E isso faz parte desse amadurecimento do partido, fazer com que as nominatas sejam cada vez mais competitivas. Mostra também que o partido faz diferente dos outros. Todos os outros partidos estão desunidos e brigando e nós fizemos a lição de casa nos unindo e nos organizando para ter uma boa nominata para fazer o Novo crescer nesta eleição.

O Novo deve ir de chapa pura ou tem algum partido que pode entrar nesta candidatura como aliado?

Primeiro que não é teimosia do Novo não ter coligação. É que os demais partidos não querem coligar conosco porque nós não usamos o fundo eleitoral. Então tem isso, tem que fazer dentro da nossa regra do jogo. E nossa regra é que acaba afugentando muitos partidos porque prezamos o dinheiro do pagador de imposto e não usamos esse dinheiro para campanha política.

Mas por exemplo em Minas Gerais, provavelmente o governador Zema fará coligações importantes porque provavelmente ele será reeleito lá. Então terá coligação provavelmente em MG. Quando você tem candidaturas robustas, as pessoas querem coligar mesmo sabendo das regras do jogo do partido Novo.

No nosso caso [para presidência] estamos conversando com os outros candidatos da terceira via e a ideia é primeiro conversar para ver se tem alguma chance de uma união em torno de propostas. Onde há convergências de propostas nos interessa, como a questão da privatização, da abertura comercial do Brasil. Então não dá pra entrar numa coligação que esses assuntos não serão contemplados. Temos conversado com todos com o Moro, a Simone Tebet, com o João Dória.

A disputa eleitoral deste ano deve ser muito acirrada e ainda mais polarizada. Como o Novo pretende conquistar o eleitor para ganhar seu voto de confiança?

Enxergamos essa eleição como uma oportunidade do partido de conquistar os eleitores que não querem ir pelas opções que estão aí. Enquanto os outros candidatos estarão nessa polarização brigando, um provocando o outro, o Novo vai apresentar uma candidatura capaz de pacificar o país, capaz de estabelecer diálogo, entendimento, curar as feridas dessa polarização para o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e renda.

Então vamos ressaltar as coisas boas e ruins que foram feitas no Brasil e apresentar uma proposta clara de que somos capazes de conversar com todos os lados e não entrar nesta polarização. Eu vejo que a polarização é muito ruim para o Brasil e as pessoas descobriram isso. As pessoas cada vez mais fazem essa correlação em que notam que sua vida piorou por causa da polarização.

Antes tinha três, quatro pessoas trabalhando em casa, hoje só tem uma e no supermercado a inflação está comendo a renda. Então estamos passando uma situação muito ruim e precisamos de uma candidatura capaz de pacificar o país. E não vejo inclusive os candidatos da terceira via fazendo um discurso pacificador. Eles estão entrando nesta via da polarização, estão entrando na via do ataque pessoal.

Não vamos fazer ataque pessoal, iremos fazer um ataque em cima de propostas. O Novo vai ser essa opção para quem acha que Brasil precisa ser pacificado para voltar a crescer, gerar emprego, renda e atrair investimentos.

Quais são os principais projetos e bandeiras defendidas pelo Novo e pelo senhor como pré-candidato?

A primeira é a abertura unilateral da economia, do comércio internacional. Nenhum país fica rico, gera crescimento econômico se fechando para o mundo. O Brasil tem hoje a segunda economia mais fechada do mundo, segundo o Banco Mundial. Então precisamos melhorar nossa economia para voltar a ter competitividade.

Todos os países que tiveram um crescimento econômico mais acentuado como os tigres asiáticos, a China e Coreia do Sul, por exemplo, é porque se tornaram muito competitivos. E o Brasil se tornou um país que cresce muito pouco por causa de tanta reserva de mercado, de tanto protecionismo e isso arruinou a indústria brasileira. Hoje a indústria não consegue competir. Já nossa agricultura consegue, sendo uma das mais competitivas do mundo.

A segunda questão é o meio ambiente que tem um papel fundamental. O Brasil tem capacidade de fixar 50% do carbono do mundo hoje. Então o mundo precisa do Brasil para combater o efeito estufa. O país tem terras degradadas que é possível plantar árvores. E por que isso é importante? Porque você tem mais de 50 trilhões de dólares no mundo que tem esse carimbo do ASG ou você olha pro ambiental para o social e para a governança ou você não vai ter dinheiro para obras de infraestrutura, para projetos importantes de retomada do crescimento econômico no Brasil.

Então é muito importante que o Brasil tenha uma política para se tornar a primeira nação carbono neutro no mundo. Isso vai ajudar demais a atrair investimentos e principalmente vai salvar o nosso agro da retaliação que vem sofrendo por coisas que não têm nada a ver com o agro e sim por argumentos mentirosos usados por alguns países de que a soja brasileira ou a carne daqui exportadas são produzidas em áreas desmatadas. Isso não é verdade. O agro brasileiro é muito competitivo e usam isso para criar barreiras tarifárias contra os principais produtos de exportação. Então é importante olhar para essa questão do meio ambiente para atrair investimentos e blindar nosso maior ativo de exportação que é agricultura.

O terceiro ponto que insistimos bastante é a digitalização do governo. A digitalização de dados vai melhorar a vida do cidadão na ponta, a qualidade do serviço público. Poder marcar consulta por aplicativo, receber o boletim do seu filho pelo app, alvará para a obra, licença ambiental. Vai acabar com essa intermediação de favor do Estado e vai ajudar no processo de desburocratização.

E por fim, nossa proposta é a descentralização do poder, dar mais autonomia para estados e municípios. Temos ilhas de excelência nos estados e municípios e precisamos parar com essa romaria dos municípios atrás de deputados ou de audiência com algum ministro para liberar recurso. Esses são os quatro principais pontos da nossa campanha.

Na região Norte de SC, o Novo conquistou espaços importantes como a Prefeitura de Joinville e tem três representantes no Legislativo e em Jaraguá do Sul são dois. Como o partido pode aproveitar dessa representatividade nestas eleições?

A participação ativa do Novo em SC fará com que tenhamos uma chapa completa no Estado tanto para deputado federal quanto estadual, que é muito importante para o Novo.

Estamos apostando em aumentar bastante nosso número de representantes na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional, porque justamente esse gold trad record dos nossos mandatários ajudou a recrutar melhores pessoas e, portanto, montar nominatas melhores e sermos mais ambiciosos em nossos targets aqui em termos de eleição para o governo estadual e para o governo federal. Isso nos deixa bem animados aqui no Estado. SC é um dos estados que o Novo é forte junto com Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.