Antídio Aleixo Lunelli, deputado estadual
Nos últimos dias, novamente fomos tomados pelo sentimento de profunda tristeza com a passagem do ciclone extratropical no Rio Grande do Sul. Mais de 340 mil pessoas foram afetadas, em 97 municípios. O número de mortos beira aos 50, tirando os desaparecidos. São quase 5 mil desabrigados e mais de 20 mil desalojados. O dano financeiro está sendo estimado em R$ 1,3 bilhão. Já o trauma causado em milhares de famílias é incalculável.
As pessoas perderam familiares, moradias, local de trabalho. Perderam, em muitos casos, anos e anos de suor e dedicação. Não há quem não se sinta tocado por tragédias como esta, causadas pela força da natureza. É, de fato, uma força impressionante e imprevisível. Porém, existem ações que Municípios, Estados e a União podem adotar para minimizar seus efeitos, envolvendo tecnologia, estudo, engenharia, arquitetura, prevenção e outros aspectos.
Um exemplo bem próximo que posso citar é Jaraguá do Sul. Em 2011, registramos 239,8 milímetros de chuva acima do esperado. No dia 19 de janeiro daquele ano, tivemos um evento de destaque, que afetou 120 mil pessoas, sendo um óbito. Em 2014, foram 280,6 mm de precipitação elevada, causando alagamentos em diversos pontos da cidade. Mais de 94 mil pessoas foram atingidas.
Já em 2022, quando tivemos 339,3 mm de chuva acima do esperado, ainda mais do que nos eventos anteriores, apenas 12 pessoas foram afetadas e cinco casas danificadas. Isso nos mostra que é, sim, possível reduzir os danos causados pela chuva.
De 2017 a julho de 2023, o Município, através da Defesa Civil, intensificou as obras de prevenção, mitigação e resposta, ampliando vazão, realizando contenção de encostas e margens, fazendo desassoreamento e enrocamento, limpando os rios, substituindo tubulação por galeria, trocando pontes e entregando muitos outros serviços preventivos. Também foram feitas ações de combate às construções irregulares e de conscientização ambiental, visando diminuir o descarte irregular de móveis, eletrônicos, eletrodomésticos e demais materiais nos rios e córregos.
Além disso, foi construído o Parque Linear da Via Verde, um espaço alagável, que também é utilizado pela população para praticar esportes, contemplar a natureza, socializar e se divertir. Jaraguá do Sul precisava de áreas inundáveis para diminuir os estragos causados pelas cheias dos rios e, esta, foi justamente a proposta do parque. A iniciativa protege a população nas proximidades, tradicionalmente afetada por alagamentos. A ideia pode, facilmente, ser implementada em outras cidades. Como deputado, tenho levantado esse debate na Assembleia Legislativa para chamar a atenção das autoridades.
Os gestores públicos devem sempre buscar formas de preservar e melhorar a vida das pessoas. Já sofremos muitas tragédias e, com elas, aprendemos. Municípios, Estados e União devem colocar em prática ações preventivas, planejar o crescimento ordenado das cidades, alinhando o desenvolvimento econômico com o bem-estar da população. Pensando no futuro e nas intempéries que podem nos atingir.
Por fim, destaco um aspecto fundamental na recuperação de desastres e que os catarinenses são especialistas: a solidariedade. Recebemos muita ajuda em todos os eventos climáticos que sofremos. Agora, quem puder, contribua com as famílias gaúchas. Vamos nos unir, ajudar e agir para que eventos como este prejudiquem cada vez menos nosso povo.
Mais prevenção, mais consciência ecológica!