O Peso do mundo virtual

Por: Andreia Chiavini

18/11/2015 - 11:11 - Atualizada em: 18/11/2022 - 13:04

O nosso pescoço é uma estrutura fantástica, com muita mobilidade que possui conexão direta ou indireta com diversas partes do corpo. Sustenta o osso mais pesado do nosso corpo que é o crânio e aumenta a amplitude de movimento de flexão, extensão, rotação e inclinação do crânio sobre a primeira vértebra cervical. Faz ligação com o ombro por meio dos músculos que interligam a escápula e a clavícula e sofre influencias de todos os segmentos corporais contribuindo pelo seu mau posicionamento.

É comum ouvir alguém reclamando de dores na região cervical. A postura inadequada e o intenso uso do celular podem representar um risco maior de desenvolver dor cervical. O uso se tornou tão costumeiro que se estima que a pessoa gaste de 2 a 4 h por dia olhando para o seu aparelho. Num ano, cerca de 700 a 1.400 horas, é muito tempo.

A sobrecarga exercida na região cervical à medida que o pescoço é deslocado para frente aumenta de 5 kg na posição ideal, orelhas alinhadas com os ombros, mas quando estamos olhando para baixo, em 60 graus de inclinação, a sobrecarga chega ao numero alarmante de aproximadamente 30 kg.

Este peso num longo período e esta dedicação interminável aos seus aparelhos, só pode acarretar em problemas físicos e emocionais. Tensões e dores musculares, dores de cabeça, perda da função como redução da amplitude de movimentos, deformidades ósseas, degeneração de discos, hérnias discais, escorregamento vertebral e em casos mais graves, fraqueza e redução da sensibilidade dos braços por comprometimento neural podem ser alguns dos problemas físicos.

As alterações emocionais não andam separadas, quando a pessoa sente dor e desconforto, fica mais suscetível a ter quadros depressivos e limitações para praticar atividades físicas e de lazer, produzindo menos endorfina, hormônio do prazer.

O uso descontrolado dos aparelhos pode aumentar os níveis de GABA, um neurotransmissor que inibe ou retarda sinais no cérebro. Os neurônios respondem a isso imediatamente, lançando dopamina, aumentando ao longo do tempo o desejo pelo feedback rápido e pela satisfação imediata.

As pessoas ficam mais propensas ao tédio, timidez, ansiedade, impulsividade, e isolamento social. O contato com as pessoas, os abraços, os sorrisos, mão na mão, não acontecem. O mundo vivido é através de uma tela e o virtual se tornou muito mais interessante que o mundo real. O peso não é somente gerado no crânio e na cervical com disfunções físicas, é um peso emocional.

A regra é básica, a mudança deve começar por você, pelos seus hábitos. Usar os celulares e tablets de forma saudável e equilibrada, realizar exercícios, como o Pilates, que te conecta com você mesmo. Um reencontro, para você curtir momentos reais, com um corpo saudável, livre de dores e tensões e a mente livre.