“Foi um período de muito sofrimento”, desabafa Raimundo Colombo

Por: Pelo Estado

06/03/2018 - 20:03 - Atualizada em: 14/05/2018 - 11:10

O governador licenciado Raimundo Colombo celebrou a decisão da Procuradoria-geral da República, anunciada na última sexta-feira (2), de arquivar o inquérito sobre prática de corrupção passiva referente à delação de executivos da empreiteira Odebrecht. Ele disse estar aliviado com a decisão, lembrando que “foi um período de muito sofrimento”.

“A PGR e a Polícia Federal pediram o arquivamento do processo de corrupção, depois de dois anos de ampla investigação. Isso é uma coisa rara”, afirmou, ao destacar que talvez seja o único governador que esteja nessa situação. “A Justiça teve todo o direito de fazer a investigação, mas também teve a coragem, quando não encontrou elementos, de fazer o arquivamento”, observou o governador licenciado. “O arquivamento limpa a minha honra, que fica restabelecida.”

Mas nem tudo está resolvido. “Agora saímos da questão criminal e vamos para a eleitoral”, observou Colombo, comentando a decisão da PGR de encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) denúncia contra ele por valores recebidos na campanha eleitoral. “Nós temos todos os elementos e todas as condições de fazer os esclarecimentos necessários”, garantiu.

Depois de afirmar que tem cada vez mais fé e toda a sua energia foi retemperada, o governador disse acreditar que o Brasil está realmente mudando. “Essas coisas que aconteceram e estão ocorrendo, por mais dor que tragam para cada um, elas são necessárias, porque o modelo que estávamos vivendo estava errado.”

Raimundo Colombo disse agradecer pela confiança e respeito de todos os catarinenses e reiterou estar aliviado por poder entregar a todos o atestado que representa o arquivamento da denúncia por corrupção na PGR.

Ouça a manifestação de Colombo: “Só eu sei como foi difícil para vencer isso”

Relembre

Uma semana antes de Raimundo Colombo se licenciar e transmitir o cargo de governador para Eduardo Moreira, a Coluna Pelo Estado publicou uma entrevista especial, em três edições, com o balanço de seus sete anos de mandato. As últimas questões abordadas tratam exatamente do mal estar que as acusações causaram ao governador. Leia abaixo trecho da entrevista feita pela jornalista Andréa Leonora.

[PE] – Do que não vai ter saudade?
Colombo – De tanto incômodo. Você fica sempre esperando qual a bomba que vem. Estou sempre ansioso. Você sorri menos, conta menos piada, se isola mais… está sempre tenso.

[PE] – O pior momento foram os ataques aos ônibus?
Colombo – Do ponto de vista do governo, tivemos os ataques a ônibus, em duas ou três fases; tivemos as greves, que sempre trazem um transtorno enorme; e tivemos a ação do clima, enchentes, ventos fortes, ressacas. Mas do ponto de vista pessoal, o pior momento foi ver meu nome citado na Lava Jato.

[PE] – Que transtornos isso trouxe?
Colombo – Sob o ponto de vista pessoal foi uma das coisas que mais me incomodou ao longo de toda a minha vida, e não só desses sete anos. E isso tem consequências. Foi um momento de muito sofrimento e que ainda não está superado. Nós estamos muito seguros, porque reunimos todos os documentos que comprovam claramente tudo o que sempre dissemos: nunca vendemos nenhuma ação, nunca fizemos nenhum contrato, não foi realizada nenhuma obra que possa indicar qualquer mal feito da nossa parte. Pelo que o advogado me informa, já há compreensão de que de fato não houve nenhum problema do governo. Já em 2012 anunciamos, oficialmente, que não haveria faria nenhuma venda porque existia uma baixa avaliação da empresa (Casan) por causa de uma discussão trabalhista e previdenciária. E com a JBS não tem o que discutir. A doação foi oficial, para o PSD nacional, que passou para uma centena de candidatos no estado e no país. Tenho certeza que seremos absolvidos, porque os documentos comprovam e a minha consciência garante.

[PE] – Isso pode atrapalhar a sua campanha para o Senado?
Colombo – Já atrapalhou a minha vida. Mas eu entendo que isso será esclarecido antes da eleição. A Justiça tem consciência de que terá que liberar as pessoas, ou punir as pessoas, antes do processo da eleição. A informação que eu tenho é que dentro de pouco tempo vai sair o parecer da Justiça. Quero esclarecer isso, provar a nossa retidão. É o que me importa. O processo político brasileiro tem que ser alterado, corrigido, e eu vou colaborar com tudo o que puder. Mas é muito importante esclarecer essa situação e não deixar nenhuma dúvida na cabeça de nenhuma pessoa.