“Vital… idade”

Foto Arquivo Pexels

Por: Ana Kelly Borba da Silva Brustolin

05/09/2020 - 01:09 - Atualizada em: 05/09/2020 - 01:36

Setembro chegou. A primavera já se aproxima e nos convida ao início de um novo ciclo, que representa o “nascimento”. Ora, ora. É tempo de regar nossos jardins e plantar sementes para (re)nascermos.

Trinta e seis anos de relógio cronológico. Essa marcação foi realizada por este objeto instigante que girou interminavelmente, voltas e voltas, sem cansar – imagino. Assim como a Terra em torno do Sol – que reina alto; vive e brilha.

Apareci em 1984, num susto. Nascimento prematuro. Minha mãe sem dor não sabia o que se passava, no entanto, a pressa que é tão inimiga da perfeição – característica fortemente pulsante em mim e com a qual vivo a lutar contra – se fez presente e latente.

Contrastes. Dubiedades, que já começam pelo meu nascimento, perpassam pelo meu nome duplo, por uma menina loira filha de uma mãe morena, pela amizade com duas amigas invisíveis, pela escolha entre a opção de pós-graduação: linguística ou literatura?, e pela mãe, de um casal, que aprende constantemente sobre as energias Yin e Yang, em busca da sua evolução pessoal.

O relógio, a Terra, o Sol… assistiram ao aparecimento dos meus antepassados; do meu pai, da minha mãe. E a minha hora chegou. Nasci dia 5. O número 5 é o algarismo que representa a estrela de cinco pontas, o pentagrama, a representação do homem diante do Universo. O pentagrama caracteriza-se pelo significado de evolução, de liberdade, do sentimento de aventura que leva ao crescimento pessoal e do universo.

Cheguei aqui às 18h45. Não chorei. Apanhei do médico para chorar. Nasci apanhando, mas rodeada de encontros afetuosos e amorosos, em luta pela minha vida. Mais contrastes. Morte. Vida. Apanhar. Libertar. Assim segui…

A estrada da vida permitiu-me encontros de diversas naturezas e neles coloquei intensamente o que sou e o que busco. Muitos anjos ou pessoas iluminadas chegaram até mim: uns chegaram rapidamente e se foram deixando marcas; outros chegaram e permaneceram deixando contínuas ramificações e enlaces.

O relógio, a Terra, o Sol assistiram de perto à história toda. Presenciaram muitas vivências, como as refeições, feitas pela minha mãe, e degustadas em família. Aliás, a paixão pelo relógio era visível em minha mãe que punha um em cada canto da casa. E detalhe: ele sempre se movia girando cinco minutos a frente do tempo para que ninguém perdesse a hora.

Sigo carregando essa característica comigo e, ainda assim, ouvi e ouço: “vamos perder o horário…”. Nunca gostei deste termo “perder o horário”. A ideia de perda, neste caso, parece-me negativa. Será que perdi mesmo? Ou ganhei? Um sono a mais. Uma refeição mais calma. Um encontro mais demorado?

Bem, o relógio, a Terra e o Sol marcaram momentos de alegria e de dor. Giraram em volta de despedidas, perdas, retornos e conquistas. Apesar de nada falarem, viram e ouviram. Trinta e seis anos de relógio cronológico. E quantos anos de relógio psicológico?

Este não há como precisar, mas habita e vibra continuamente junto a mim nesta eterna jornada aqui na Terra. Esta segue girando em torno do Sol que permanece a iluminar o meu caminho e tudo o que dele faz parte.

Comemorar aniversário deixa-me emotiva, feliz e grata. Sinal lindo de que sou e estou contando os anos que tenho, ainda, para somar… Duro será, certamente, quando eu tiver de usar o relógio e as voltas ao redor do Sol para contar quantos anos, apenas, me restam pela frente aqui na Terra.

Sigo, portanto, sendo matéria; humana. Contando movimentos de translação e rotação. Colecionando horas. Aprendendo e em busca de. Para, um dia, então, olhar além dessa realidade palpável e alcançar, de fato, a minha essência.

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