Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Livro que apresenta diários da guerra do expedicionário Walter Carlos Hertel é lançado na Scar

Deputado estadual Antídio Lunelli, secretária municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Natália Petry, Walter Carlos Hertel e o prefeito Jair Franzner | Foto: Divulgação

Por: Elisângela Pezzutti

16/12/2022 - 16:12

Nascido no dia 15 de dezembro de 1922, o jaraguaense Walter Carlos Hertel atuou com destaque na cultura, no esporte e no comércio da cidade por décadas. E também cruzou o oceano, pegou em armas e lutou na Segunda Guerra Mundial contra os nazistas pela Força Expedicionária Brasileira.

E agora, parte dessa vida fantástica ganhou um registro memorável: a publicação de “Diário da Segunda Guerra Mundial” (Design Editora, 198 páginas) de Walter Carlos Hertel, que foi organizado por Dionara Radünz Bard e traz a transcrição integral de seus diários, fotografias e mais alguns complementos, como quando revisitou os locais de combate décadas depois.

Foto: Divulgação/Design Editora

O lançamento ocorreu no espaço panorâmico da Scar na noite da última quinta-feira (15), dia do seu centenário. Walter foi homenageado por lideranças políticas e culturais da região: o prefeito municipal de Jaraguá do Sul, Jair Franzner, a Secretária Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Natália Lúcia Petry, o deputado estadual eleito Antídio Lunelli, e o membro do Conselho de Administração da Scar, Gilmar Moretti, ressaltaram a importância do expedicionário em diversos setores da sociedade.

O deputado estadual Vicente Caropreso entregou uma Moção de Aplauso da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) ao ex-pracinha.

Deputado estadual Vicente Caropreso entrega Moção de Aplauso da Alesc a Walter Hertel | Foto: Divulgação

Todos os presentes receberam um exemplar gratuitamente ao final do evento. O livro não será vendido, mas sim distribuído gratuitamente aos amigos, familiares e doado para escolas e bibliotecas.

Os diários são um patrimônio da história do Brasil na Segunda Guerra Mundial e têm uma história curiosa: durante os dias no front italiano, Hertel parou de escrever seus diários e entregou os cadernos ao cozinheiro do pelotão, pois imaginou que não fosse retornar. Ele pediu que os diários fossem entregues para seus pais. Cinco anos após o término da guerra, o cozinheiro cumpriu a promessa e veio pessoalmente entregar os diários.

Hertel embarcou no dia 29 de junho de 1944 no navio General Mann, no Rio de Janeiro, e duas semanas e meia depois desembarcou no porto de Nápoles, no sul da Itália. E de lá foi subindo com a Companhia em direção ao norte, até chegar no front, nas regiões de Lucca e Toscana. Foi soldado mensageiro, intérprete e escapou da morte algumas vezes. Em 18 de julho de 1945 voltou ao Brasil.

Foto: Divulgação

Walter Carlos Hertel contribuiu com sua parcela de trabalho e apoio à comunidade de Jaraguá do Sul, fato que lhe rendeu a comenda de cidadão benemérito em 2019. Foi membro-fundador de diversas instituições na cidade, como da CDL (Câmara de dirigentes lojistas), da Scar (Sociedade Cultura Artística), do clube de bolão Az de Ouro, do Clube Atlético Baependi e da AAMPAZ (Associação dos Amigos do Museu da Paz).

E como relojoeiro por formação e gestor autodidata, Hertel administrou um dos mais tradicionais comércios da região, a relojoaria W. Hertel, fundada pelo pai em 1924, depois seguindo no ramo ótico, atividade a qual se dedicou até a venda do comércio em 2007. Paralelamente, administrou e geriu os imóveis da família, ampliando os empreendimentos. Walter Carlos Hertel é a história viva de Jaraguá do Sul.

Leia um trecho do diário:

“Hoje vi muita gente com medo, e eu mesmo tremi. Mas superei. Alguns estavam em pânico e isso poderia matá-los. Não atendiam as ordens do Comandante e ele foi obrigado a gritar e usar a força. Até que passou esse estado de pavor em que nos encontrávamos. Esta noite realmente foi horrível e mexeu com os nervos de todo mundo, o que também era a intenção do inimigo. Terrível ouvir os tiros de inquietação das metralhadoras alemãs, apelidadas de Lurdinha, durante a noite toda. A cadência dos tiros é tão rápida que parece uma máquina de costura, é um som estridente que mexe com os nervos de qualquer um.”

 

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.