Alexandre Sampaio personifica fielmente a figura de representante dos empresários do turismo. Presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, a entidade nacional de representação de hotéis, pousadas, restaurantes e bares, e do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Sampaio cumpre uma agenda puxada, que conjuga eventos nos quais defende a importância, para as empresas, da atuação das entidades de representação e a administração de seus negócios particulares, na área de hotelaria. Aqui, ele fala sobre as perspectivas para o setor no próximo ano.
Alexandre Sampaio: “Estudos apontam para investimento de R$ 12,8 bilhões na hotelaria até 2020, com 100 mil empregos diretos”
Qual é a situação do setor nesta hora de “saída da crise” e quais são as perspectivas para 2017?
Sampaio – A situação da hotelaria e da gastronomia é sensível e demanda criatividade. É o chamado “freio de arrumação”. A hotelaria vem sofrendo os efeitos da alta do dólar, da queda do corporate, ou seja, da ocupação corporativa, e do RevPar, o índice que avalia e compara as receitas. Além disso, enfrentamos a alta desproporcional dos percentuais cobrados pelas Online Travel Agencies (OTAs) para a intermediação das reservas feitas pela Internet, que pularam de 15% para 22% sem qualquer negociação entre as partes. Porém, estamos trabalhando em pautas que podem contribuir para uma mudança considerável no patamar do turismo brasileiro, como a modernização da Lei Geral do Turismo.
Há perspectivas de contratação de temporários no Verão?
Sampaio – Estimamos uma alta de 5% no número de vagas, que é a metade do padrão histórico dos últimos anos. Mas a grande questão sobre a qual precisamos trabalhar é a manutenção destes postos nos períodos seguintes – que conseguiremos alcançar se conjugarmos duas ações: o incentivo ao turismo nacional por meio da vinda de visitantes estrangeiros, equilibrando a conta turismo, e a aprovação do trabalho intermitente.
O Sul e especialmente SC podem ser um bom modelo de planejamento turístico para o resto do país?
Sampaio – A região Sul tem ótimos exemplos quando o assunto é o Turismo. Santa Catarina tem uma situação muito favorável, e é importante que faça um trabalho de planejamento do longo prazo que possa servir de referência para o Brasil, como o que está sendo feito com a Rota do Turismo 2022.
Quais são as previsões de investimento para o setor, tanto internacional quanto nacional?
Sampaio – Os estudos apontam para um investimento de cerca de R$ 12,8 bilhões na hotelaria até 2020, aproximadamente, quando teremos quase 410 novos empreendimentos e 164 mil quartos disponíveis. Até lá, os hotéis serão responsáveis por algo como 100 mil empregos diretos – um incremento em relação aos atuais 65 mil. As cidades menores deverão reter boa parte dos investimentos, já que espera-se um aumento na concentração de empreendimentos em municípios com até 300 mil habitantes, dos atuais 22% para 30%.
Qual é a sua avaliação sobre o trabalho do catarinense Vinicius Lummertz na Embratur?
No momento em que o Turismo desponta como a atividade mais capaz de dar respostas rápidas para que o País saia da crise é recompensador ter um profissional da envergadura de Lummertz à frente da Embratur. As pautas levantadas por ele nesses últimos meses indicam projetos capazes de fazer o Brasil abandonar a imagem de “país do futuro” e se consolidar como “país do presente” no Turismo.
Santa Catarina não é o Brasil?
A Confederação Nacional do Comércio diz que 2016 vai terminar com um dos piores resultados históricos do setor. A projeção de faturamento anual caiu de -5,4% para -6,0%, depois da divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio pelo IBGE. Mas a Fecomércio-SC afirma que aqui a situação é diferente e sinaliza para a estabilização. Segundo a entidade, o volume recuou -1,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior e a receita nominal teve a variação positiva de 10,7%, primeira acima da inflação (8,48%) este ano.
Brasil não é Santa Catarina?
O presidente do SPC Brasil, o catarinense Roque Pellizzaro Junior, prefere utilizar como parâmetro os números que apresentam uma redução gradual da queda de vendas, com -7,0% no primeiro trimestre, -6,9% no segundo e -5,7% no terceiro. Pellizzaro acha que o ritmo de queda nas vendas deve continuar se reduzindo, mas ele só vê um início de recuperação apenas para o fim do primeiro semestre do ano que vem. Ou seja, SC acelera na frente na saída da crise.
Fator China
Considerado uma dos maiores especialistas do país em marcado chinês, o catarinense Henry Quaresma lança dia 24 em Florianópolis o livro Fator China e o Novo Normal, uma segunda edição da primeira obra que foi para as livrarias em 2012. De lá para cá, muito mudou na China. É leitura obrigatória para quem quer saber sobre globalização, negócios e oportunidades.