Encontro um amigo e pergunto por outro, um amigo comum entre nós. O parceiro que acabo de encontrar fecha a cara e me diz pesaroso: – “Bah, Prates, nosso amigo está afundado, tu não imaginas, se tu o encontrares não o vais reconhecer”! E acrescenta: – “A mulher dele está nas últimas”! Fiquei sabendo dos detalhes. Despedimo-nos e saí pensando.
O tal amigo, cuja mulher está muito mal, tem dinheiro, pode ser chamado de rico. Já tentou de tudo para curar a mulher, e nada até agora. E foi essa situação que me fez pensar, bizarramente, como nós – os humanos racionais – somos estúpidos.
Muitas vezes temos “probleminhas”, mesmo que sejam pesados como ser demitido, sofrer um grave prejuízo econômico, questões menores envolvendo filhos, o que for, mas tudo “probleminhas” que nós, estúpidos, vemos como problemões.
Problemão é a situação vivida por esse amigo cuja mulher está nas últimas… Ter saúde é o tijolo básico de muitas, de quase todas as nossas realizações ou possíveis felicidades na vida. E quem é que pensa assim quando a saúde está boa? Poucos, os sábios. Mas você sabe, sábios são tão raros quanto dinossauros cantando no coral da igreja…
Quantos de nós passamos a maior parte do tempo “mugindo”, rangendo dentes, reclamando de tudo, até da colher que nos caiu da mão na hora da sobremesa… Mas a sobremesa ficou inteira… Quantos de nós chutamos o gato indefeso por tolices absurdas da estúpida condição humana ou, pior que isso, da errada educação que alimentamos dentro de nós para o cotidiano da vida? Quando de fato a “casa” nos cai sobre a cabeça, ah, então acordamos, olhamos para trás e, mais uma vez, como parvos, admitimos que éramos felizes… e não sabíamos.
Saúde, família, trabalho, amigos e liberdade, os fermentos do bolo da felicidade, os bons confeiteiros da vida sabem disso, os maus – maioria – só se lembram do Santo quando troveja.
Pensei muito, um sujeito jovem, rico, casado por amor e agora vê a sua amada resistindo o que pode para continuar viva… De que adianta o dinheiro diante dos supremos bens da vida? De nada, absolutamente de nada.
Juízo
Estou cansado de dizer que quando uma pessoa tem idade e não tem juízo, boa cabeça, essa pessoa é velha, velha no que há de pior… Uma dessas, vinha de bicicleta na contramão, numa curva fechada e sem visão para os motoristas que a iam dobrar. Estupidez pura da velha. Se um carro a pega, por milagre até então não a havia pegado, será por uma vez só… Não tem marido, filhos, netos, ninguém? Deve ter, mas tudo omisso e irresponsável como ela. Depois não chorem…
Falta dizer
Bienal do Livro deste ano em São Paulo teve acentuada queda nas vendas… Crise nos livros? Esse povinho não tem jeito, acha o livro caro e gasta em bobagens, depois se queixa da sorte. Merece.