Ao longo dos últimos dois anos e meio, o mundo teve de se adaptar à crise provocada pela pandemia de Covid-19. Foi necessário encontrar formas de driblar o vírus e permitir que a sociedade continuasse funcionando. Assim, muitas empresas tiveram de inovar em seus procedimentos e até mesmo a relação entre as pessoas passou por transformações.
Mas se a crise do coronavírus atingiu a sociedade como um todo, seus efeitos foram ainda mais devastadores para a gestão da saúde. Com superlotação de hospitais, profissionais sobrecarregados e e os números da pandemia aumentando, foi preciso muito planejamento e comprometimento dos envolvidos para que o caos não fosse instaurado.
E em meio a esse cenário verdadeiramente desafiador, Jaraguá do Sul mostrou união entre os setores público e privado e tornou-se uma referência no enfrentamento da pandemia.
“Com o surgimento dos primeiros casos de Covid-19 em outros países, o município criou um comitê de crise, do qual várias instituições, públicas e privadas, participaram. Assim, nós nos preparamos para a pandemia que, em algum momento, viria para o Brasil e Jaraguá do Sul”, disse o secretário de Saúde, Alceu Moretti.
De acordo com ele, além de Jaraguá do Sul ter recebido pacientes de outros municípios e estados, nenhum morador do Vale do Itapocu precisou ser encaminhado a hospitais de outras regiões – nem mesmo no ápice da pandemia.
A disseminação da Covid-19, porém, não causou transtornos apenas pelo elevado número de contágios. Agora a Saúde jaraguaense tem pela frente outras prioridades e demandas e nesta reportagem o secretário aponta o que está sendo feito para atendê-las.
Represamento na saúde
Um dos efeitos colaterais da grave crise sanitária foi o represamento de serviços para pacientes com outros problemas de saúde.
Embora esses serviços não tenham deixado de acontecer, eles foram bastante afetados em razão da sobrecarga aos profissionais da saúde e da lotação dos hospitais. Dessa forma, as filas acabaram ficando muito acima do que estariam em uma situação de normalidade.
No entanto, o secretário afirma que a parceria com os hospitais foi fundamental para que, com a pandemia sob controle, o município conseguisse acelerar consultas, exames e cirurgias.
“Um exemplo são as cirurgias ginecológicas. Nós tínhamos um represamento de cerca de 800, 900 mulheres, que aguardavam para serem avaliadas, e hoje podemos dizer, com muita tranquilidade, que todas foram avaliadas e continuam sendo avaliadas em tempo real. Além disso, centenas de cirurgias já foram feitas.”
Moretti também destaca o sucesso das cirurgias de catarata – de acordo com ele, foram realizados centenas de procedimentos mesmo durante a pandemia.
Outra medida adotada pela Secretaria de Saúde para atender os pacientes que acabaram sendo prejudicados pela pandemia é a realização de mutirões.
“Nós temos aos sábados mutirões para que possamos atender diabéticos, hipertensos, crianças, gestantes. Também ampliamos as farmácias básicas. Nós tínhamos uma somente no Terminal, e hoje nós temos na unidade Nereu, no João Pessoa, no antigo Pama, na unidade Centro, na Wolfgang Weege e na Unisociesc. Nós temos uma parceria importante com a Unisociesc, para que as pessoas possam, inclusive, tirar medicação aos sábados”, explicou Moretti.
Avanços
Apesar de a pandemia ter exigido muitos esforços dos profissionais da Saúde, Jaraguá do Sul não se limitou, durante este período, a gerenciar a crise. O município também realizou avanços com o intuito de agilizar e melhorar os processos.
Um dos exemplos é a teleconsultoria, que fora implantada em 2016, com apenas uma especialidade, mas acabou se expandindo durante a pandemia.
Por meio da teleconsultoria, o clínico geral entra em contato com um médico especialista e relata a situação do paciente. Assim, ele é informado de como proceder em cada caso.
“O especialista orienta o clínico em relação ao procedimento, aos exames, à conduta que se deve ter com o paciente. Foi e está sendo um avanço importantíssimo, e nós vamos estar sempre ampliando as especialidades, porque você encurta caminhos. O paciente consegue resolver o problema sem que haja necessidade de um encaminhamento.”
Em casos mais complexos, o paciente é encaminhado para um especialista, e essa consulta acaba ocorrendo em um tempo muito mais curto. Isso porque outras pessoas já tiveram seus problemas resolvidos por meio da teleconsultoria.
Atualmente, esse método funciona para endocrinologia, nutrição, suporte nutricional, ortopedia, reumatologia, hematologia, gastroenterologia, neurologia, cirurgia geral e ginecologia. Mas, como destaca o secretário, a ideia é que, em breve, outras especialidades sejam incluídas.
Acessibilidade
Mesmo durante a pandemia, Jaraguá do Sul também realizou obras de acessibilidade em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
“Hoje, não temos nenhuma unidade sem acessibilidade, e isso é fundamental, até porque a nossa população está envelhecendo e nós temos de oferecer todo esse conforto e essa segurança”, destacou Moretti.
Além disso, também foram realizadas reformas e ampliações nas unidades para melhorar o atendimento aos pacientes.
Ministro da Saúde elogia Jaraguá do Sul
Esses avanços, aliás, vêm fazendo com que Jaraguá do Sul chame a atenção de autoridades do país. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez diversos elogios durante sua visita à cidade, no dia 28 de maio.
Na ocasião, acompanhado do senador Esperidião Amin, Queiroga conheceu as estruturas do Hospital São José e do Hospital e Maternidade Jaraguá.
“Jaraguá do Sul é uma cidade voltada ao desenvolvimento, à qualidade de vida e isso se reflete na qualidade dos dois hospitais. Visitei mais cedo o Hospital e Maternidade Jaraguá e agora visito o Hospital São José. A qualidade e o compromisso são os mesmos”, disse o ministro durante sua passagem pela cidade.
Foto: Bruno Gallas
Novidades
Mas os jaraguaenses também terão outras novidades em breve. De acordo com Alceu Moretti, há um projeto pronto para que uma unidade de saúde seja construída no bairro Três Rios do Norte e, para além disso, há outras melhorias em andamento.
“Estamos na fase final de construção da unidade Wolfgang Weege, que será, hoje, a maior unidade de saúde de Jaraguá do Sul. Também foi dada ordem de serviço para construirmos a unidade do Vieiras, que já está em fase de execução”, contou.
O secretário também destaca que, nos próximos dias, será entregue, em Jaraguá do Sul, o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). “Nós temos uma demanda, hoje, acima de 20 mil atendimentos por ano, e precisamos realmente intensificar esse serviço”, afirmou.
Segundo Moretti, os avanços da Saúde em Jaraguá do Sul têm acompanhado o crescimento da cidade.
“A classe empresarial tem contribuído muito na questão hospitalar, tem nos auxiliado muito. Assim como os investimentos do município, do estado e os investimentos federais. Então, estamos avançando e temos projetos importantes de ampliação de serviços, de novas unidades de saúde, para que possamos suprir todas as necessidades.”
Na saúde, como em outros segmentos, Jaraguá do Sul mostra sua força e capacidade de realização. E é por isso que a cidade, que completa 146 anos, continua sendo uma referência para os demais municípios brasileiros.
Não há nada que seja capaz de vencer a obstinação dos jaraguaenses e daqueles que escolheram morar nesta cidade. Em um cenário global com tantas dificuldades, os mais de 180 mil habitantes de Jaraguá do Sul podem respirar aliviados por viverem aqui. E cada morador, à sua maneira, participa dessas conquistas. Que esse exemplo de dedicação e espírito comunitário continue inspirando as futuras gerações.