O presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, deputado Moacir Sopelsa (MDB), leu em plenário, no fim da tarde desta terça-feira (28), o requerimento para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o aborto ao qual uma menina de 11 anos, que teria sido vítima de abuso sexual, foi submetida, na semana passada, em Florianópolis.
O requerimento é assinado pela deputada Ana Campagnolo (PL) e subscrito por outros 21 parlamentares. Conforme o Regimento Interno da Alesc, são necessárias 14 assinaturas para a apresentação do pedido de instalação de uma CPI.
“Depois de sofrer uma relação sexual precoce, você ainda passa pelo parto de um cadáver”, discursou Ana Campagnolo (PL), autora do pedido.
A parlamentar ainda afirma que a comissão pede o afastamento da procuradora federal que interveio nos autos.
Osmar Vicentini condenou duramente o aborto.
“Me manifesto contra porque entendo que estamos vivendo no ano de 2022, o homem luta para melhorar a vida sempre, sempre serei contra o abordo, salvo quando provado cientificamente a necessidade. Não julgo as pessoas, mas poderíamos ter mais um ser humano no planeta”, opinou Vicentini.
Jair Miotto e Sergio Motta também se manifestaram.
“Hipoteco meu o apoio à CPI, ela vai investigar se houve uma manipulação, a mãe poderia colocar para adoção, nosso total apoio à vida’, resumiu Miotto.
“Fui eleito coma bandeira da vida, com a bandeira da família, por isso estamos junto na luta contra o aborto. Deus já escolhe no ventre materno cada ser humano que está sendo gerado”, defendeu Motta.
Conforme Sopelsa, o pedido será encaminhado para análise da Procuradoria Jurídica da Alesc.
“Com base na manifestação da procuradoria, a Presidência da Assembleia decidirá se acata ou não o requerimento para a instalação da CPI”, informou o presidente.
O caso veio a público por meio de reportagem veiculada neste mês pelo The Intercept Brasil e o Portal Catarinas. Uma menina de 11 anos, moradora de Tijucas, teria sido vítima de estupro e engravidado. O Hospital Universitário de Florianópolis se recusou a realizar o aborto, que é permitido por lei em casos de abuso sexual.
A Justiça de Tijucas não autorizou a interrupção da gravidez e encaminhou a menina para um abrigo. Após a divulgação do caso, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou a realização do procedimento, o que ocorreu na semana passada.
No documento, os parlamentares escrevem que as situações que envolvem o caso “merecem ser melhor esclarecidas, dentre elas, além da riqueza de informações trazidas na reportagem de um processo judicial que tramita em segredo de justiça; se o aborto foi realizado legalmente ou se houve cometimento de crime, se a conduta médica praticada foi tecnicamente correta e legítima; se o procedimento foi realizado ilegalmente sob a falsa comunicação de crime, dentre outros”.