Dezessete pessoas em 11 cidades catarinenses morreram por meningite em 2022, segundo dados da Diretoria de Vigilância Sanitária (Dive/SC). Apenas uma das mortes foi causada por bactéria do gênero Meningococus, responsável pelas formas mais graves da doença.
Mortes foram registradas em Camboriú, Chapecó, Florianópolis, Gaspar, Içara, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Lages, São João do Sul e Siderópolis.
A pesquisa sobre os agentes que provocaram as infecções, assim como os subgrupos, ainda não foi concluída pela Diretoria.
A vítima de Meningococus tinha entre 20 e 30 anos e não havia sido imunizada com a vacina que atua contra a bactéria. As campanhas surgiram a partir de 2010 e têm como alvo crianças.
As diferentes formas de meningite são inflamações da membrana que reveste o cérebro, a meninge. Várias formas de infecção podem levar a inflamação da meninge, como sarampo, herpes e infecções mixológicas (causadas por fungos). A forma mais grave é bacteriana.
O estado já registra 155 casos de meningite no ano, em sua maioria viral.
A imunização contra Meningococus é o principal esforço para o controle da doença, mas a cobertura vacinal está baixa: foi a pior coberta de 2021, com apenas 81% do público alvo, contra uma meta de 95%.
A situação acende um alerta para o possível aumento de casos.
Segundo a Dive, a maior parte dos 155 casos confirmados foi provocado por tipos de vírus, responsáveis por quadros mais leves da doença e dos quais os pacientes costumam se recuperar.
Também há casos provocados por fungos, que costumam atingir principalmente pessoas com condição imunológica mais afetada.
A preocupação acende quando é uma bactéria quem permeia a membrana. São três tipos de bactérias que causam meningite bacteriana: hemófilos, os meningococos e os pneumococos. Todas elas são combatidas por vacinas disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde): as pentavalente, meningocócica C e pneumo10.
Meningites provocadas por bactérias, no entanto, passaram a representar casos cada vez mais raros da doença com o avanço da imunização.
A queda na cobertura vacinal começou em 2017, quando Santa Catarina deixou de atingir todo o público alvo. Foram 98,65% das crianças imunizadas, taxa que caiu para 93,13% no ano seguinte, conforme dados do SUS (Sistema Único de Saúde).
O número de casos caiu desde 2020, principalmente por conta do isolamento e dos cuidados inspirados pelo coronavírus. Naquele ano, 358 moradores de Santa Catarina contraíram a doença, sendo que 66 não resistiram. Em 2021 foram 356 caos e 51 mortes.
A queda no número de casos veio acompanhada de queda na vacinação. Em 2020 a campanha de vacinação alcançou 90,84% do público. Até então, em 2022, foram imunizados 49,48%, segundo dados da Dive acumulados até abril.
A transmissão da meningite ocorre por meio de gotículas, ao falar, por exemplo. O paciente também pode transmitir doença pelo toque, após mexer em secreções. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça forte, dor no pescoço, náusea e febre.
As unidades de saúde oferecem para as crianças as vacinas pentavelante, pneumocócica 10, meningócica C, meningocócia ACWY. Laboratórios privados também oferecem imunizante contra a doença, além da vacina meningocócica B.
Casos de meningite em SC
- 2017: 1.021 casos confirmados com 80 óbitos;
- 2018: 905 casos confirmados com 75 óbitos;
- 2019: 979 casos confirmados com 66 óbitos;
- 2020: 385 casos confirmados com 41 óbitos;
- 2021: 356 casos confirmados com 51 óbitos; e
- 2022: 155 casos com 17 óbitos.