Foi condenado a 21 anos e 8 meses de prisão o médico Álvaro Ianhez, acusado de homicídio duplamente qualificado pela morte e retirada ilegal dos órgãos do menino Paulo Pavesi.

Médico Álvaro Ianhez (imagem de arquivo) — Foto: Arquivo EPTV/ TV Globo
O caso aconteceu há 22 anos, em abril de 2000, em Poços de Caldas, no sul de Minas. Na tarde de segunda-feira (18) o julgamento começou, no Tribunal do Júri de Belo Horizonte (MG), mas foi interrompido por volta das 20h e retomado na manhã de terça-feira (19).
O juiz Daniel Chaves determinou que de início o cumprimento da pena deverá ser feito em regime fechado, com a expedição do mandado de prisão.
Álvaro não poderá recorrer da decisão em liberdade.
Por mais de três votos, o conselho de sentença reconheceu a materialidade e autoria do crime, a qualificadora de motivo moral e a causa de aumento de pena, já que a vítima era menor de idade na época do crime.
O júri aconteceu de forma parcialmente virtual, todos os depoimentos foram feitos por videoconferência. O acusado foi ouvido da cidade de São Paulo, onde aguardava o julgamento em liberdade. O pai do menino foi ouvido em Milão, na Itália, e outras testemunhas das cidades de Poços de Caldas, Cruzília, Campinas e Porto Alegre.

Julgamento do médico Álvaro Ianhez, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (18) — Foto: Joubert Oliveira/ Divulgação
Relembre o caso
Em abril de 2000, Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, foi atendido por uma equipe médica após cair de uma altura de 10 metros do prédio onde morava e sofrer um traumatismo craniano.
De início a criança foi encaminhada para o Hospital Pedro Sanches, mas, por conta de alguns problemas durante a cirurgia, foi transferido para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde morreu.

Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos — Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal
Porém, o pai do menino desconfiou das circunstâncias da morte após receber a conta do hospital de quase R$ 12 mil. Na conta constava que a cobrança era dos medicamentos para remoção de órgãos, que, na verdade, deveriam ser pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na denúncia consta que a equipe médica cometeu uma série de atos e omissões voluntárias forjando a morte do menino para que ele fosse doador de órgãos.
“Estão entre as acusações a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia por profissional sem habilitação legal, o que resultou em erro médico, e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. Eles são acusados também de fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino”, diz o TJMG.