A Cooper Juriti espera receber mais de 1,7 milhões de sacas de arroz na safra 2022, cerca de 85 mil toneladas do grão. O trabalho nos arrozais se intensificou a partir do fim de janeiro e até o momento estima-se que 70% da colheita já foi realizada em Jaraguá do Sul, Guaramirim, Massaranduba, Schroeder, Corupá e outros cinco municípios da região Norte do Estado.
A safra tem rendido e sido proveitosa. Mas por outro lado, a maior quantidade de produto disponível oriundos da safra de 2021 fez os preços despencaram no mercado, segundo o presidente da cooperativa Orlando Giovanella.
A saca de arroz de 50 quilos está sendo comercializada no momento a R$ 65, quando no ano passado se vendeu a R$ 85 – preço considerado ótimo pelos produtores.
É com essa dinâmica que lida Acir Tassi, 56 anos, produtor de Massaranduba há mais de 40 anos. O arroz plantado em agosto e cultivado de perto começou a ser colhido no final de janeiro, rendendo um média de 160 sacas por hectare. Em algumas áreas chegou até 200 sacas por hectare.
O rendimento na colheita é considerado muito bom pelo produtor, mas mesmo tendo mais produto para vender, o valor baixo da saca, no final das contas, reduz o lucro esperado. “A gente deixa em preço aberto [da saca] para ver se vai aumentando o valor”, comenta.
Aumento de custos
Segundo Giovanella, outro fator que impacta diretamente nas contas dos produtores é o valor dos insumos. “Houve um aumento de custo entre 25% a 30%. Os principais responsáveis foram fertilizantes, alguns defensivos, óleo diesel, energia elétrica, entre outros”, conta.
Para manter uma produção em larga escala, é preciso trabalho mecanizado e os investimentos se tornam mais difíceis. Acompanhando a alta do dólar que impactou o setor automotivo, Tassi comenta que o valor de um trator novo dobrou de preço nos últimos anos.
“O aumento das coisas foi muito alto e o arroz, ao invés de aumentar, foi para trás”, comenta o rizicultor.
Diversificação e redução na rizicultura
Os últimos dados disponibilizados pela Cooper Juriti são de 2013, quando existiam cerca de 1,4 mil produtores e mais de 2,5 mil propriedades rurais com plantio de arroz em toda região Norte de SC.
Atualmente, a estimativa é que existam mais de 20.600 hectares de arroz plantado nos municípios que integram a cooperativa.
O presidente da Cooper Juriti ressalta que o arroz é cultivado em pequenas propriedades. A alta nos custos faz muitos produtores abandonarem a atividade pela falta de retorno financeiro, outros buscam novas culturas para agregar renda.
Apesar de manter um bom planejamento financeiro e ter no arroz a principal fonte, Tassi acredita que a diversificação é necessária – especialmente por conta da oscilação de valor de mercado e possibilidade de queda na colheita. No caso dele, o arroz divide espaço com a produção de pupunha.
Safra nacional
A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2022 deve totalizar o recorde de 271,9 milhões de toneladas, 7,4% acima da obtida em 2021 segundo projeção do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos deste grupo, somados, representam 93% da estimativa da produção e respondem por 87,8% da área a ser colhida.
A estimativa de produção do arroz foi de 11 milhões de toneladas, queda de 4,9% frente ao produzido no ano passado.
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