Mais de 8.454 pessoas contraíram Covid-19 durante o primeiro mês do ano em Jaraguá do Sul. É o maior número de casos desde o início da pandemia, um aumento de quase 18 vezes no número de casos em relação a dezembro de 2021, quando foram mais de 470 diagnósticos positivos, e mais de 62% comparado a janeiro de 2021, quando foram contabilizados mais de 5 mil novos casos.
A vacinação – que atingiu mais de 92% da população na primeira dose e outros 82% na segunda dose, segundo a Secretaria de Saúde – é apontada como principal motivo para a baixa taxa de ocupação dos hospitais.
Entretanto, a busca por exames e atendimentos médicos está sobrecarregando a atenção primária. A gerente de atenção primária da Secretaria de Saúde, Amanda de Lemos Mello, comenta que em um curto período de tempo foi preciso criar novas estratégias.
A Secretaria precisou remanejar funcionários fechando 7 unidades de saúde e paralisar atendimentos de rotina – foram mantidos apenas cuidados com gestantes e pacientes com doenças crônicas. Servidores que estavam em férias coletivas foram convocados para o retorno das atividades.
Em janeiro foram mais de 11.700 atendimentos relacionados a Covid-19 contabilizados nas unidades municipais e na Unidade de Apoio ao Pronto Socorro (UAPS) do Hospital São José.
Mais de 120 profissionais, apenas do município, têm atuado diretamente no atendimento de pessoas infectadas e familiares em isolamento. Durante essa dinâmica, muitos também acabam contraindo a doença. Na última semana, em torno de 30 pessoas da secretaria estavam afastadas.
Rotina intensa de trabalho
Segundo a gerente de atenção primária, atualmente existem cerca de 6.500 pacientes sendo monitorados pela Central de Orientação da Covid-19. Isso inclui os mais de 2.880 jaraguaenses em tratamento para a doença no momento e pessoas que convivem na mesma residência.
Em torno de 50 profissionais dão conta da rotina de trabalho, que inclui ligações a cada 24h ou 72h dependendo dos sintomas de cada paciente, além de receber mensagens e telefones de pessoas com dúvidas e suspeitas.
Além disso, todos os dias chegam centenas de pessoas com sintomas para exames e consultas nas unidades públicas. Incluindo os exames particulares, diariamente têm sido realizados em torno de 1.000 testes em Jaraguá do Sul.

Fotos: Divulgação
Para quem lida diariamente com esses dados para acompanhamento da evolução da pandemia, a rotina também é intensa. A gerente da Vigilância Epidemiológica, Talita Piccoli Sevegnani ressalta que todos os profissionais envolvidos no combate a Covid-19 estão expandindo suas jornadas de trabalho.
“Os serviços estão sobrecarregados pelo aumento desses casos”, reforça Amanda. “Quando a gente fala de um teste, pode parecer muito simples. Mas um teste depende de diversos profissionais, gera um dado, precisa ter profissionais que trabalham arduamente, se é positivo vai passar por um acompanhamento médico. Há uma linha de cuidado estratégico dentro do município”.
Fim da terceira onda
Em entrevista à CNN, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), responsáveis pelo Info Tracker, que monitora o avanço e o ritmo de contaminação da doença no país, apontaram a variante da Covid-19 Ômicron como o vírus mais infeccioso já registrado pela medicina.
Uma análise feita pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular, constatou que em 98,7% de 3.212 amostras coletadas pelo estudo era da variante.
Talita, que observa os números da doença diariamente em Jaraguá do Sul, avalia que as ondas passadas duraram em torno de 4 semanas. A profissional acredita que os casos diários devem desacelerar gradativamente e dentro de 2 semanas poderá ser observada uma nova redução nos casos.
Vacinação
O município registrou o primeiro óbito de Covid-19 do ano no dia 17 de janeiro, após mais de 50 dias sem fatalidades. Um homem, de 94 anos, com fatores de risco morreu em decorrência da doença. Em janeiro de 2021, em torno de 20 pessoas perderam a vida no primeiro mês do ano. No último dia 28 também foi anunciada a morte de uma mulher, de 79 anos, com fatores de risco.
Amanda ressalta que as vacinas seguem disponíveis, inclusive para pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose. A vacinação infantil segue, segundo Moretti, os dados não foram computados para essa faixa etária, mas está havendo adesão.

Foto: Eduardo Montecino/Divulgação
O secretário de Saúde pontua que apesar do cenário de tranquilidade por não serem registrados tantos casos graves, a proliferação massiva do vírus têm prejuízos, inclusive econômicos por conta do afastamento de muitos profissionais nas indústrias, comércio e serviços.
“Como ela [a variante ômicron] é menos agressiva, as pessoas estão perdendo o medo. Precisamos seguir trabalhando com a vacinação e os cuidados”, comenta.
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