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Perfis anônimos no Instagram expõem jovens e adolescentes em Jaraguá do Sul e região

Por: Natália Trentini

28/01/2022 - 08:01 - Atualizada em: 28/01/2022 - 08:25

Uma página na rede social Instagram tem preocupado pais e educadores por expor informações e mensagens citando adolescentes em Jaraguá do Sul. A página se diz destinada a divulgar fofocas, postando mensagens enviadas pelos próprios seguidores anonimamente.

A maioria dos posts mais recentes são pedidos para identificar outros jovens vistos na rua: “Eu queria saber o @ desse menino q estava no 25 de julho hoje dia 27/11 das 14:00 se ele namora Desculpa”, diz uma das imagens, na íntegra.

Outras mensagens anônimas citam o Instagram de determinada pessoa que “não se cansa de tentar pegar o namorado das meninas”, afirmam que tal pessoa é “otária” e “tóxica”, que determinado usuário é “gato” ou “gostoso”.

O mesmo tipo de perfil mantido e abastecido por adolescentes com codinome “anônimo” podem ser encontradas em outros municípios e até um estadual.

Foi uma dessas mensagens que causou preocupação na família da corretora Karina Câmara, 32 anos, que viu a filha de 14 anos ficar constrangida após passar por uma exposição.

“Sempre estou de olho, achei estranho o comportamento dela nos últimos dias e resolvi investigar. Entrei no Insta e fui olhar se tinha alguma conversa ou algo, e fui nas publicações que ela foi marcada e encontrei esse post onde marcava ela, foi onde fiquei chocada com tantas publicações expondo, ofendendo as pessoas”, comenta.

Karina conta que buscou descobrir quem estava administrando a página e foi orientada a fazer um Boletim de Ocorrência e entrar com um processo.

“Realmente eu estava disposta a fazer isso. Mas me coloquei no lugar das mães dessas adolescentes, eram quatro adolescentes que cuidavam da conta. Entrei em contato com a mãe de uma e conversei sobre o que estava acontecendo, e ela me colocou em contato com a mãe das outras meninas”, conta. “Assim como eu gostaria que elas tivessem empatia com o próximo, eu deveria ter pelas mães. Conversamos e as outras mães não faziam nem ideia de tudo isso”.

Karina comenta que percebeu o quanto essa página representa uma falta de entendimento dos adolescentes sobre as consequências e impacto desse tipo de comportamento.

“Eu acredito que não é brigando, gritando, batendo, que se resolve, muito pelo contrário, castigo é uma forma de punição e não é punindo que se ensina, é dando amor, acolhendo, conversando, mostrando o outro lado, fazendo seres colocar no lugar do outro, questionando”, acredita.

Educação digital é necessária

Para o advogado especialista em direito e educação digital, Raphael Rocha Lopes, é preciso um olhar para a importância da educação digital. Apesar das crianças e jovens, os nativos digitais, terem habilidade prática com os equipamentos eletrônicos, o universo digital ainda requer amadurecimento, inclusive para adultos.

“Eu atendo adultos de 50 anos que caem no golpe dos nudes por mais que apareça na televisão com uma certa frequência. Se esses adultos caem em golpes, não é difícil iludir crianças”, comenta.

Um dos principais desafios dentro de casa, acredita, é essa distância entre pais que estão correndo atrás das tendências e filhos que aprendem muito mais rápido a transitar na internet.

“Esse espaço, esse lapso entre o aprendizado dos pais e dos filhos prejudica muito porque os pais não conseguem compreender algumas coisas que acontecem na internet. E na internet tudo é muito rápido”, comenta Lopes.

O especialista defende que é preciso conversas francas e transparentes. A individualidade e privacidade precisam ser respeitadas, mas não se pode dar total liberdade.

Para o profissional, pais e escola devem buscar tratar o tema com a devida importância, desenvolvendo atividades de educação digital.

Raphael Rocha Lopes. Foto Natália Trentini/OCP News

“Hoje uma boa parte dos pais não têm discernimento para saber o que dá ou não dá para fazer com os filhos em relação a internet, além das regras básicas: tem que ter horário, pode acessar isso, não pode acessar aquilo”, destaca.

Rocha Lopes pontua que essas situações acontecem porque falta educação geral, mas no universo digital ainda existe a ideia de que não existem consequências, de que existe o anonimato.

Entretanto, processos judiciais podem revelar quem está do outro lado da tela. No caso de menores de idade, a responsabilidade recai sobre o responsável, e em alguns casos o adolescente pode responder por ato infracional.

“A solução que não é fácil, imediata e não é total: é a conversa franca dos pais com os filhos sobre o comportamento na internet. E como os pais podem aprender isso, já que muitos não sabem? É como educação financeira, é como educação sexual, tem que colocar educação digital ali do lado porque são os vértices mais complicados para os pais hoje em dia”, finaliza o especialista.

 

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Natália Trentini

Jornalista em busca de histórias e fatos de impacto positivo para a comunidade.