A palestra do economista Paulo Tafner (foto) na última reunião da diretoria da Federação das Indústrias deixou muitos empresários surpresos e ao mesmo tempo assustados – muitos acreditavam que ainda havia um tempo para executar a reforma da Previdência. Mas os números apresentados por Tafner não deixam dúvidas: hoje, o gasto brasileiro com o pagamento de aposentadorias e pensões, incluindo os setores público e privado, é equivalente a 12% do PIB.
O déficit dos regimes dos funcionários públicos da União, Estados e municípios e o administrado pelo INSS alcançou 4,9% do PIB em 2016 e continua em expansão. “Se nada for feito, em poucos anos vamos gastar 24% do PIB só com previdência”, alertou o economista, destacando que a proposta de reforma apresentada não é a ideal, mas “é boa e urgente”. A coluna destaca agora alguns fatos e números recolhidos do debate sobre a Reforma da Previdência para mostrar que o economista não está fazendo terrorismo.
1) Temos 31,5 milhões de aposentados na área privada. Essa massa custou R$ 270 bilhões aos cofres públicos em 2016.
2) Temos 1,5 milhão de funcionários públicos aposentados que custaram R$ 210 bilhões, ou seja, são 5% que consomem apenas R$ 60 bilhões a menos do que 95%.
3) Entre os aposentados privados, 80% ganham menos de R$ 5 mil por mês; entre os públicos, só 8% ganham menos do que R$ 5 mil.
4) As despesas com a Previdência aumentaram 223% em termos reais de 1988 para cá, num ritmo três vezes maior do que o grau de envelhecimento. E começaremos a envelhecer mais rapidamente nos próximos 25 anos. “Se não fizermos nenhuma reforma o País quebra”, segundo Paulo Tafner.
5) Gastamos 50 vezes mais com a aposentadoria rural do que com saneamento.
6) A aposentadoria das classes média e alta é 13 vezes maior do que os investimentos em transporte.
7) A aposentadoria por idade só do setor urbano é sete vezes maior do que o aportado no Minha Casa Minha Vida.
8) No caso de pensão por morte, é equivalente a toda despesa com Saúde. É de assustar ou não?
O prazer de errar a previsão
No começo de maio do ano passado registramos a previsão de crescimento para 2016 feita pelo presidente que saía, Marcos Antônio Zordan, e o que assumia a presidência da Organização das Cooperativas do Estado (Ocesc), Luiz Vicente Suzin. Os dois previam um ano difícil: enquanto Zordan era um pouco mais otimista (de 8% a 10%), Suzin foi cauteloso (de 6 a 8%). Erraram por muito e estão contentes por isso.
As 265 cooperativas, com 2,1 milhões de associados e 58 mil funcionários, faturaram R$ 31,5 bilhões e cresceram 15% em 2016. Em 2015 haviam crescido 12,96%, abaixo dos 15,91% de 2014. É um fenômeno no meio da crise e, apesar de seus dirigentes não arriscarem palpite para 2017, já se sabe que os números têm sido bastante favoráveis e que o patamar dos 15% dificilmente deixará de ser superado. É uma boa notícia para mais da metade da população catarinense que, de alguma forma, está vinculada ao sistema cooperativista.
Tilápias
Uma das atividades de campo que mais têm crescido no país é a produção de tilápias: de 2005 a 2015 houve um incremento de 80%. Santa Catarina tem acompanhado esse crescimento, que tem tudo a ver com a regulamentação do uso de águas públicas, permitindo o cultivo intensivo em tanques-redes, e o adensamento da produção em viveiros escavados.
A tilápia é hoje o peixe mais cultivado do país porque tem a seu favor vários fatores, entre eles clima favorável, rusticidade da espécie, forte demanda e bons resultados em cultivos intensivos. Também conta a mudança de hábitos alimentares das classes A e B, que já está sendo disseminado em outras faixas.
Ganho Extra
Um dos bons modelos de incentivo à produção de tilápias está na região de Jaraguá do Sul, onde mais de mil famílias de pequenos agricultores já têm um ganho extra com a atividade. Segundo dados do Sebrae, o investimento inicial para quem criar esses peixes gira na faixa de R$ 21,6 mil a R$ 32,4 mil por hectare (10 mil metros quadrados).
Sobe-desce
No registro mensal do sobe-desce dos índices de confiança dos setores produtivos um destaque: o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio, chegou a 102,3 pontos em abril. O último resultado na zona positiva, ou seja, quando o índice ultrapassa os 100 pontos do corte de indiferença, havia ocorrido em fevereiro de 2015.
Soltar amarras
Aos poucos o país vai soltando as amarras que impedem o crescimento econômico e a justiça social. Não foi fácil, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que universidades públicas podem cobrar mensalidade por cursos de pós-graduação lato sensu, que incluem as especializações e os MBA. Um dos que comemoram é o deputado federal Alex Canziani (PTB-PR), autor da PEC que tentava mudar a Constituição para criar esse avanço, mas que viu sua proposta ser derrotada porque faltaram apenas quatro dos 308 votos necessários para aprovação na Câmara.
Canziani lembra que a maioria dos alunos que faz especialização tem condições de pagar por isso. E quando não acontece, são os empregadores que pagam. Por exemplo: um MBA no Instituto Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, custa R$ 75 mil por ano, mas 80% desse valor cobrado de 350 alunos saem do bolso dos seus empregadores, grandes empresas como IBM, Coca-Cola, Siemens e Ambev. Mas o maior avanço dessa decisão do STF está no conceito: é chegada a hora do “quem pode paga; quem não pode não paga” nas universidades públicas.
Avançando
Ainda falando em avanços na Educação, é destaque na imprensa nacional o projeto piloto de ensino médio que está sendo realizado numa unidade catarinense do Senai com 80 alunos. O curso une conhecimentos teóricos e práticos visando o mercado de trabalho. A mudança começa pelo diploma: após três anos de estudos, os alunos recebem certificado de conclusão do ensino regular e de técnico em informática. “Há filas de espera”, informa o gerente de educação do Senai, Leonardo Oliveira.
O currículo seguido pelos estudantes catarinenses foi criado com base na Reforma do Ensino Médio sancionada pelo presidente Temer em fevereiro. A ideia é que, a partir de 2019, os 7 milhões de secundaristas brasileiros possam escolher, numa lista de cinco áreas do saber, o que desejam estudar.