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19 de junho, dia do Cinema Brasileiro! Conheça mais sobre a história do cinema nacional

Foto divulgação

Por: Elissandro Sutil

21/06/2021 - 09:06 - Atualizada em: 24/05/2024 - 14:17

A história do cinema no Brasil começa em julho de 1896, quando ocorre a primeira exibição de cinema no país, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1887, depois da estreia, surge a primeira sala de cinema aberta ao público na capital carioca, por incentivo de dois irmãos italianos.

Um dos problemas iniciais da produção do cinema no Brasil era a falta de eletricidade, que somente foi resolvida em 1907 com a implantação da Usina Ribeirão de Lages, no Rio de Janeiro. Após esse evento, os números de salas cresceram consideravelmente na cidade do Rio, chegando a ter cerca de 20 salas de exibição.

Década de 20 e 30

No início os filmes tinham cunho documental. O primeiro filme de ficção só surgiu no Brasil em 1908 e tinha duração de 40 minutos. Em 1914, foi exibido o primeiro longa-metragem produzido no país pelo português Francisco Santos intitulado O Crime dos Banhados, com mais de duas horas de duração.

Após a Primeira Guerra Mundial, o cenário brasileiro foi dominado pelos filmes produzidos em Hollywood, enfraquecendo o cinema nacional.

Nas décadas de 20 e 30 o cinema brasileiro voltou a ser mais prestigiado e muitas produções começaram a surgir. O surgimento de revistas de cinema como: Para Todos, Selecta e a Cinearte também despertaram o interesse do público. O Cinédia foi o primeiro grande estúdio cinematográfico brasileiro e foi criado na década de 30.

Cena do filme Ganga Bruta (1933)

Década de 40 e 50

Já na década de 40 os gêneros das “chanchadas”, filmes cômicos-musicais de baixo orçamento estavam em alta. No início da década de 50 as coisas ficaram mais “profissionais”, baseado nos moldes do cinema americano, em que os produtores buscavam realizar produções mais sofisticadas. Mazzaropi foi o artista de maior da época. Em 1954 surgiu o primeiro filme colorido 100% nacional.

Cartaz e sinopse de O cangaceiro (1953), de Lima Barreto. Primeiro filme colorido nacional.

Década de 60 – Cinema novo

O cinema novo marca os anos 60. Cineastas levaram para as telas preocupações sociais e políticas, com produções com baixos orçamentos. A frase célebre “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, de Glauber Rocha, sintetiza o cinema da época. Dessa época, o filme “Dona Flor e seus Dois Maridos” (1976), de Bruno Barreto, teve recorde de público só superado em 2010, com “Tropa de Elite 2“, de José Padilha.

Anos 70 e 80 – O declínio

Nos anos 70 muitos filmes sofreram com a censura do regime militar. As produções estavam bastante alinhadas com o movimento de contracultura, ideologias revolucionárias e também com o tropicalismo, movimento musical que ocorria na mesma época.

Já nos anos 80 a crise nacional também atingiu o cinema e acabou por fechar algumas poucas empresas cinematográficas que ainda restavam no país.

Anos 90 – A retomada

Os anos 90 restauraram o cinema nacional e trouxeram leis para incentivar e amparar a arte audiovisual. A Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual foi criada nesta época, sendo implementada uma nova legislação, a “Lei do Audiovisual”.

Indicações ao Oscar e outras premiações

Desse período, temos “O Quatrilho” (1995), “O que é isso, Companheiro?” (1997), “Central do Brasil” (1998). Os três foram indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Por falar no filme “Central do Brasil” merece destaque a atriz Fernanda Montenegro primeira atriz latino-americana e a única brasileira já indicada ao Oscar de Melhor Atriz. É também a única atriz indicada ao Oscar por uma atuação em língua portuguesa sendo nomeada por seu trabalho em Central do Brasil (1998). Ela também foi a primeira brasileira a ganhar o Emmy Internacional na categoria de melhor atriz pela atuação em Doce de Mãe.

Premiados em festivais também foram “Carandiru”(2003), “Lavoura Arcaica” (2001), “Amarelo Manga” (2003), “Cidade de Deus” (2002), “Tropa de Elite” (2007).

O documentário “Democracia em Vertigem” (2019), de Petra Costa, foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Longa Metragem.

O futuro e os streamings

O maior problema enfrentado pelas produções brasileiras ainda é o preconceito. De acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o número de filmes brasileiros subiu de 79, em 2008, para 185, em 2018, mas o público se manteve estável. A arrecadação de filmes nacionais corresponde a 7,5% do faturamento estrangeiro.

Com a pandemia as produções tiveram que ser paralisadas e os cinemas ficaram fechados. Alguns produtores lançaram seus filmes diretamente nas plataformas de streaming, como foi o caso do documentário “Aeroporto Central”, de Karim Aïnouz. Por falar em streaming, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou a proposta que obriga distribuidoras de conteúdos audiovisuais formatados em catálogo, como Netflix, Now e Amazon Prime Video, a investir anualmente pelo menos 10% do seu faturamento bruto em produções nacionais.

Desse percentual, pelo menos 50% deverão ser investidos em conteúdos produzidos por produtora brasileira independente; pelo menos 30% em conteúdos brasileiros produzidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; e pelo menos 10% em conteúdo audiovisual identitário. Conteúdo audiovisual que aborde temas vinculados aos direitos de mulheres; de negros e indígenas; de quilombolas; de pessoas com deficiência; de comunidades tradicionais; ou de grupos em situação de vulnerabilidade social.

Foto divulgação

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP