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Senso de comunidade é cada vez mais importante, diz presidente da Acijs

Foto Divulgação/Acijs

Por: Pedro Leal

18/06/2021 - 05:06 - Atualizada em: 18/06/2021 - 08:04

“Cada vez mais se faz necessário o senso de comunidade, em qualquer escala, tanto para preservação da vida quanto da economia”, afirma o presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Luís Huffenussler Leigue.

A ponderação se dá no contexto das perspectivas para o futuro de Jaraguá do Sul e do País, após quase mais de ano de pandemia, em meio a uma perda consolidada de poder aquisitivo da população e a aproximação do período eleitoral apresentando novas polarizações e incertezas.

Esse senso de comunidade se mostrou com força nas ações em conjunto do poder público e do empresariado em Jaraguá do Sul – e paradoxalmente, acabou reforçando um certo grau de individualismo, nota Leigue.

“Se fosse qualquer outro tipo de gestão, aqui teria explodido a pandemia. Mas a capacidade de resposta do estado e dos municípios acabou levando a uma falsa sensação de segurança que, combinada com a estafa da população como confinamento, levou a uma certa mentalidade de ‘seja o que deus quiser'”, comenta.

Essa situação de um misto de descaso e desespero, afirma o empresário, se dá apesar do quadro gravíssimo do Estado em todas as suas regiões. “O que eu percebo é que vamos ter estudos a frente sobre os impactos deste cenário sobre a saúde mental e o comportamento da população. As pessoas acabam por não perceber o risco real a qual estão expostas”, diz.

Paradoxos

A realidade da economia atual está repleta destes paradoxos: enquanto a população registra uma perda de poder aquisitivo tanto por conta da inflação quanto da perda de renda, várias empresas têm tido um cenário positivo, com aquecimento das exportações e do setor imobiliário.

Para o consumidor médio, o cenário é marcado com um aumento crescente dos preços de combustíveis e alimentos – e ele se vê obrigado a fazer cortes nas despesas.

Enquanto isso, médios, pequenos e micro empresários se veem diante de carência de matérias primas e insumos, recorrendo a importação para sanar o que falta no mercado nacional – o que, no médio prazo, leva a aumentos nos custos das empresas, acompanhados por aumentos nos preços para o consumo, explica Leigue.

Já para os exportadores, o dólar alto e a retomada de demandas que ficaram represadas durante a pandemia favorece indústrias exportadores e commodities. “Essa situação, no entanto, não é generalizada, temos gaps muito grandes entre os setores e da macro economia para a realidade da população. E enquanto não tivermos uma economia consolidada, ao invés destas polarizações setoriais, corremos o risco de novas instabilidades e mais desemprego”, comenta.

Ano eleitoral

Estes quadros se agravam com as incertezas para o ano eleitoral. “A gente não tem um cenário claro ainda; qual a pauta para o Brasil do ano que vem. É um ano eleitoral, e isso também gera instabilidade, com a polarização e a insegurança do governo atual”, diz Leigue, lembrando da CPI da Pandemia e a troca constante de ministros que marcou uma gestão que nunca ‘saiu de campanha’.

O importante, afirma o empresário, é segurança. “Temos que voltar a ter segurança. Vemos o Guedes tentando bater na tecla de que tem um plano, mas ainda precisamos de resultados mais consolidados, não só para alguns segmentos”, afirma.

No quesito específico de Jaraguá do Sul, a cidade tem se visto em uma situação melhor.

“Não estamos em uma situação perfeita, mas temos bons indicadores sociais e um trabalho organizado dos setores produtivos e do poder público que nos ajudou. Também temos uma forte indústria consolidada que conseguiu passar pela pandemia sem grandes demissões como as vistas na crise de 2015, por exemplo.”

Apesar das perdas ao longo do ano, o saldo final de emprego de 2020 no município terminou positivo: 184 novos postos de trabalho.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).