Todo mundo já fez um exame oftalmológico, ou pelo menos já deveria ter feito. Alguns deles são bem comuns, outros menos, mas fazer prevenção da saúde ocular por meio deles é imprescindível. Entretanto, como saber quais exames são primordiais para manter a saúde ocular em dia? O oftalmologista e retinólogo, Dr. Marcos Henrique Martins, explica.
Dentro do consultório, o exame oftalmológico começa com a medida da acuidade visual, que seria o primeiro e mais importante exame. Depois, iniciam as avaliações do segmento anterior utilizando o biomicroscópio para avaliar a superfície ocular, a presença de olho seco, pterígio e a catarata. Posteriormente, são avaliados o fundo de olho para identificação da retina, das veias do fundo do olho e do nervo óptico. Além disso, o especialista ressalta que são testados também a reação pupilar à luz, a movimentação ocular, a visão de cores. Já a pressão ocular deve ser medida em todas as consultas, pois ela é um fator causador do glaucoma.
“Os demais exames oftalmológicos são utilizados de forma complementar para avaliar a integridade anatômica e funcional dos olhos quando se suspeita de uma doença ou função visual prejudicada e são solicitados de acordo com essa necessidade. O melhor exame oftalmológico é o exame do médico dentro do consultório, pois é a partir da identificação correta das queixas e sinais oculares que serão escolhidos os exames complementares de forma inteligente e direcionada”, pontua Dr. Marcos.
Exames mais comuns
Os mais utilizados são a topografia de córnea, a microscopia especular da córnea, o campo visual, a retinografia, a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica.
- Topografia de córnea: revela a curvatura da superfície anterior do olho. Está intimamente relacionada ao grau do óculos e identifica o astigmatismo corneano. É um exame necessário nos casos de ceratocone, adaptação de lente de contato e no cálculo da lente intraocular para cirurgia de catarata;
- Microscopia especular: complemento na avaliação corneana. Revela as células que recobrem a superfície interna da córnea, que são responsáveis pela transparência corneana;
- Campo visual: utilizado para estudar uma parte importante da função visual. É a investigação do alcance e qualidade da visão periférica. Ele pode estar comprometido em doenças da retina e, principalmente, no glaucoma;
- Retinografia: fotografia do fundo do olho. Utiliza lentes condensadoras com foco de luz paralelo direcionado para o interior do globo ocular, permitindo uma imagem nítida do interior do olho;
- Angiografia: quando é utilizado um contraste venoso à base de fluoresceína para tirar a foto. O contraste circulando nas veias revela o funcionamento da circulação de sangue retiniano. Deve ser realizado na obstrução da veia retiniana, nas inflamações oculares e no diabetes, pois essas doenças obstruem as pequenas veias causando sangramentos e isquemia;
- Tomografia de coerência óptica: é o exame mais moderno. Através de uma medida por interferometria à laser infravermelho as camadas da retina podem ser visualizadas. A altíssima resolução é necessária para visualizar individualmente as camadas da retina. É exame obrigatório no edema macular diabético, na degeneração macular, na obstrução de veia da retina e para estudar o nervo óptico no glaucoma.

Foto Matheus Wittkowski
Mais incomuns
O oftalmologista destaca que, infelizmente, por serem exames caros e de difícil realização, a eletrorretinografia e a angiografia por indocianina verde não estão disponíveis com facilidade. A eletroretinografia consegue revelar como estão funcionando as camadas retinianas e as vias ópticas que levam a visão para o cérebro. Segundo ele, esse exame é importante quando as estruturas oculares aparentam estar saudáveis mas existe uma falha na visão, como ocorre em doenças genéticas em que moléculas defeituosas são produzidas mas a anatomia do olho aparece intacta aos exames.
Já a indocianina verde estuda a função e integridades dos vasos mais profundos do interior ocular, diferentemente da angiofluoresceinografia. E a ecografia ocular é um exame importante em situações de perda da transparência dos meios ópticos. Como os olho são transparentes, o médico consegue enxergar dentro dos olhos diretamente e avaliar os tecidos oculares. Porém, quando não há transparência, o exame de fundo de olho fica impraticável, mas a ecografia pode revelar como estão as estruturas internas.
“Os olhos e a visão têm uma relação íntima com as estruturas cerebrais e, muitas vezes, solicitamos tomografia computadorizada de crânio e ressonância nuclear magnéticas ou solicitamos uma avaliação neurológica para identificar queixas visuais”, complementa.
Idade ideal para cada exame
Alguns exames são difíceis de se fazer em determinadas idades. Exames visuais dependem da colaboração do paciente e do amadurecimento das funções cognitivas e do aprendizado. Uma criança muito jovem pode ser incapaz de responder ao teste simples de acuidade visual, pois não sabe ainda identificar e responder o nome dos símbolos que estão sendo mostrados.
De acordo com o médico, o campo visual depende de um amadurecimento ainda maior e dificilmente se consegue fazer esse exame antes dos 9 anos de idade. O mesmo exame de campo visual pode ser cansativo para um paciente mais velhos com alterações articulares na coluna devido ao tempo prolongado de exame.
Exames oftalmológicos relacionados a evolução da medicina
Os exames oftalmológicos estão em constante evolução. Antigamente os exames exigiam muita colaboração do paciente, envolviam contato prolongado com os aparelhos trazendo riscos de contaminação de doenças e eram pouco precisos, mas estão sendo substituídos por exames modernos, dependentes de uso de tecnologias de captação de imagens em alta definição e de processamento computacional para medidas em tempo real. “Isso tem permitido conhecer e tratar de forma mais individualizada e segura cada paciente, diminuindo o tempo de exposição, o desconforto e trazendo segurança e precisão ao exame”, finaliza Dr. Marcos.