Para que as cidades permaneçam limpas diariamente, a função de dois profissionais é essencial para que isso aconteça. Os garis e coletores de lixo, que integram o serviço de limpeza pública, são essenciais e nem sempre são notados e valorizados como deveriam pela população.
Atualmente, trabalham na Ambiental, empresa que presta serviço de coleta e limpeza para a Prefeitura de Jaraguá do Sul, 44 garis, 47 coletores, 22 motoristas e 12 funcionários administrativos.
O OCP buscou duas histórias desses profissionais para mostrar como é a rotina de trabalho deles e como prestam um papel fundamental na limpeza de Jaraguá do Sul.
Elza Francisca Soares, 56 anos, é gari há um ano e meio no município. Mãe de quatro filhos que lhe deram quatro netos, no início de 2020, Elza estava desempregada e precisava urgente de dinheiro.
Então enviou currículo para diversas empresas no município e acabou sendo chamada pela Ambiental. A empresa é responsável pelos serviços de limpeza, coleta e transporte de resíduos da cidade.

Foto: Fabio Junkes/Arquivo OCP News.
Ela conta que tinha uma visão diferente do serviço dos garis. “Eu olhava e achava estranho, um emprego muito cansativo. Mas quando a empresa me chamou, eu aceitei e percebi que era um serviço como qualquer outro”, comenta.
A rotina de Elza começa antes mesmo do sol nascer, às 5h30 de segunda a sábado, ela bate cartão na empresa e se encaminha ao local de trabalho.
Responsável por varrer toda a Rua Marina Frutuoso e suas laterais, Elza trabalha até às 14h. Nesse período ela conta que só teve um problema até hoje. Ela varria a lateral da rua de costas, quando um ciclista a atingiu por trás.

Foto: Fabio Junkes/Arquivo OCP News.
“Ele estragou minha vassoura, mas por sorte, nem eu e nem ele nos machucamos, ele pediu desculpas e seguimos nosso caminho”, conta Elza.
Atos de amor
Enquanto para algumas pessoas o serviço dos garis passa desapercebido, para outras a valorização vem em forma de gestos, como conta Elza.
“Esses dias um jovem, passou por mim, depois voltou e disse: – ‘Muito obrigado pelo seu trabalho de manter a cidade limpa, agradeça todos da sua empresa pelo o que fazem por Jaraguá, é tudo muito limpo por aqui, parabéns!’ se todos fossem igual a esse moço, o mundo seria bem diferente”, comenta Elza com um sorriso no rosto.
A gari conta que também tem muitas pessoas que a cumprimentam com um bom dia ou bom trabalho e já chegou a ter até que oferecesse um café, copo de água ou um lanche.

Foto: Fabio Junkes/Arquivo OCP News.
“Por isso que eu não troco meu emprego por nada. Amo o que faço e pretendo me aposentar como gari. É impossível não gostar, estou na rua, conversando, pegando sol e me mexendo. Odeio ficar parada, não gosto de escritórios”, destaca.
Perigos no dia a dia
Além dos garis que trabalham na rua mantendo limpas as calçadas e espaços públicos, existe outro profissional da área da limpeza de uma cidade, que bastaria um dia parar este serviço para as pessoas perceberem que são muito essenciais, os coletores de lixo.
Victor Manuel Santos Sarmento, de 21 anos, trabalha como coletor de lixo há dez meses. De segunda-feira a sábado ele sai de casa às 4h20 para chegar na empresa às 5h e fazer a coleta de lixo pelos bairros da cidade.

Foto: Fabio Junkes/Arquivo OCP News.
Cada dia da semana Victor coleta lixo de um bairro diferente. Ele conta que no começo do serviço demorou para se adaptar a rotina pesada.
“Era complicado, eu nunca tinha feito algo parecido, foi cansativo. Ainda aconteceram vários acidentes nesse começo. Colocaram uma barra de ferro dentro do saco de lixo e eu fui organizar no baú do caminhão, pisei e ela furou a bota e uma parte do meu pé. Também já cortei o dedo com caco de vidro e até hoje tenho o movimento debilitado”, explica Victor.
Antes de ser coletor, Victor trabalhava em um mercado, mas conta que vivia estressado, tanto pelas cobranças de seus superiores, como o serviço rotineiro e monótono.
“Não fico sempre no mesmo local, estou sempre em movimentando. Cada dia da semana é um bairro diferente. Mesmo sendo o mesmo trabalho, sempre acontece algo diferente no caminho”, conta Victor.
Durante o trabalho, Victor também presenciou atitudes solidárias à função que desempenha da parte de algumas pessoas que reconhecem seu trabalho. Ele lembra de uma vez que foi comprar pão durante o intervalo e na hora de pagar a dona do local não cobrou pela compra.
Outros fatos que ele destaca também de reconhecimento pelo que ele e seus colegas são as datas comemorativas, como o Natal, véspera de Ano Novo e Páscoa. Victor e a equipe já receberam até presentes das pessoas.

Foto: Fabio Junkes/Arquivo OCP News.
Ele lembra também da alegria das crianças quando veem o caminhão do lixo passando por algumas ruas, saem correndo atrás e gritando e ficam muito felizes quando eles cumprimentam novamente.
” Essas pequenas coisas marcam a gente, é um ato pequeno mas a gente vai lembrar sempre”, conta Victor.
De onde surgiu o nome gari?
Segundo o Portal PreparaEnem, uma das primeiras ações organizadas para o serviço de recolhimento do lixo urbano apareceu no Brasil quando o governo imperial contratou o francês Aleixo Gary para transportar o lixo produzido no Rio de Janeiro para a ilha de Sapucaia.
O sobrenome do contratado acabou sendo utilizado para a designação feita a todos os funcionários que realizam a coleta de lixo nas cidades até hoje.