O cenário de pandemia afetou muitos setores da economia, e com comércio, indústria e serviços prejudicados, um segmento que acaba sendo esquecido é o chamado “terceiro setor” – o conjunto de atividades voluntárias desenvolvidas em favor da sociedade, por organizações privadas não governamentais e sem o objetivo de lucro, de forma autônoma ou em parceria com mercado e estado.
O segmento foi prejudicado tanto pelo fim de atividades e o isolamento de voluntários com o distanciamento social quanto pela queda no volume de recursos repassados para estas entidades.
Visando auxiliar o setor em um momento de dificuldade, o programador Murilo Machado, residindo em Blumenau, buscou o momento para por em prática uma ferramenta para auxiliar na gestão destas organizações.
Essa ferramenta tomou forma como o aplicativo Fraterne.
“Me incomodava como tudo era gerido de forma manual, no máximo, com uso de planilhas, nas entidades em que atuava. Então, comecei a procurar soluções para esta área e encontrei poucas e com preços significativos para entidades que sobrevivem com a doação de empresas e pessoas”, explica.
Segundo o empresário, a demanda por recursos aumentou, mas a disponibilidade desses recursos diminuiu – assim como a possibilidade de realização de atividades.
“Entidades que fazem contraturnos escolares, que têm cursos para crianças ou adultos, estão fechadas todos estes meses. A quantidade de voluntários diminuiu drasticamente por conta da solicitação de distanciamento, principalmente, entre a terceira idade. Paralelo a isto, a demanda por recursos aumentou, principalmente, para as que auxiliam com redes de segurança alimentar”, completa.
“Nosso maior desafio é ampliar o leque de recursos da plataforma para atender diversos tipos de entidades. Hoje, temos usuários em grupos de auxílio a crianças com câncer, com deficiência física e de amparo animal até pessoas em situação de rua e também entidades religiosas, como igrejas, casas espíritas e outras. Procuramos entender o funcionamento de cada uma destas entidades e moldar o aplicativo de modo que possa atender a todos, mesmo com tanta diversidade. Acho que estamos conseguindo”, acredita Machado.
O app é gratuito, tanto para as empresas beneficiadas quanto para os voluntários e doadores.
“Temos a visão de que o aplicativo deve ser gratuito tanto para as entidades quanto para as outras pessoas que formam o ecossistema. Estruturamos formas, inclusive, de auxiliar as entidades a captarem recursos. As pessoas perguntam: mas, vocês não são uma empresa? Como vão ter lucros? A resposta está na mudança de paradigma. Há vários serviços que são gratuitos para os usuários e que são bastante lucrativos, muitos aplicativos que usamos no nosso dia a dia são assim””, completa.
O aplicativo está disponível para Android e iPhone. O sistema organiza processos e atividades centrais de cada entidade, deixando na palma da mão, informações como cadastro de voluntários, escala de trabalhadores, calendário de eventos, controle de doações e de cursos, inclusive, com lista de presença, e painel de estatísticas.
*A edição foi alterada Às 10h10 desta quinta-feira (4) para corrigir um erro. Murilo Machado reside em Blumenau.