A maioria do eleitorado de Jaraguá do Sul é composta por mulheres: são 51,5% do total de eleitores. Mas, na Câmara Municipal de Vereadores, elas não chegam a nem 20% de representatividade.
A desigualdade na representação feminina na política local, infelizmente, não é exclusividade do município. Em todo o país, as mulheres são 12,1% do total de prefeitas eleitas em 2020, há uma mulher eleita governadora em 2018 e apenas uma presidenta já esteve à frente do país.
Mas, apesar dos números ainda baixos, nas eleições deste ano Jaraguá do Sul conseguiu aumentar o número de cadeiras no Legislativo a serem ocupadas por vereadoras.
Maria Santin Camello (PP), a Nina, ex-secretária municipal de Assistência Social, e Sirley Schappo (Novo), com mais de 30 anos de experiência em Educação, serão as novas parlamentares, a partir do ano que vem, pelos próximos quatro anos.
A seguir, as eleitas falam sobre suas principais bandeiras, a estreia na política e ainda contam que devem atuar juntas na Câmara, defendendo os projetos voltados aos direitos das mulheres e outras pautas voltadas a questões essenciais para o desenvolvimento de toda a sociedade, como a Educação e Assistência Social.
Confira a entrevista com as vereadoras eleitas de Jaraguá do Sul
Maria Santin Camello (PP)
OCP – Sendo iniciantes na política, como está a preparação para assumirem o cargo de vereadoras?
Nina Camello – Há muita expectativa! Nesta semana conhecemos a estrutura da Câmara e seu funcionamento. Estou, juntamente com minha equipe, conhecendo mais sobre o regimento interno da Casa e me aprofundando na Lei Orgânica do Município. Estamos nos preparando para fazer o melhor por Jaraguá do Sul.
Sirley Schappo – Esta semana finalizamos o processo seletivo do Novo para escolha dos nossos assessores, meus e do Rodrigo Livramento. Fiquei bem feliz que há uma mulher entre os quatro, a jornalista Caroline Stinghen. Na segunda-feira (7), teremos uma capacitação online com Rodrigo de Souza, que é assessor do deputado federal Gilson Marques. Também estamos trocando ideias com os eleitos pelo Novo em todo país, tanto com deputados de 2018, quanto com vereadores recém-leitos. Além disso, o Partido Novo disponibiliza um grupo nacional de apoio aos mandatários, ao qual podemos recorrer agora e durante todo mandato .
Que experiências vocês trazem para o mandato?
Nina Camello –Tenho experiência de 23 anos de BESC [antigo Banco do Estado de Santa Catarina], onde trago conhecimento de planejamento e organização financeira. Na Rede Feminina de Combate ao Câncer tive uma imersão no universo do social, onde acumulei uma experiência muito grande de liderança de equipes, criação e gestão de projetos e no atendimento das necessidades da população. A Secretaria de Assistência Social e Habitação também foi fundamental, pois adquiri o conhecimento de como funciona a administração pública, lidando com todos os processos burocráticos que ocorrem durante a gestão pública.
Sirley Schappo – Dediquei mais de 30 anos à educação de Jaraguá do Sul. Durante este período, exerci diferentes funções: professora, orientadora de alfabetização, diretora de escola, diretora de Ensino na Secretaria de Educação, conselheira municipal de educação, professora universitária, participante de conselhos escolares e APPs (Associação de Pais e Professores), entre outras. Aprendi a ouvir as pessoas e conheço diferentes realidades do nosso município, já que em algumas funções visitava todos os bairros. Como diretora de escola, descobri que a maioria dos problemas tem soluções simples, apresentadas pelas pessoas que compõem o coletivo do lugar. Como vereadora pretendo fazer isso também. Participar das reuniões das associações de moradores, dos conselhos escolares, entre outros grupos organizados, ajudará a fazer um mandato participativo.
As mulheres são maioria entre eleitorado. Como vocês veem a eleição neste ano de duas vereadoras? Pensando no histórico de Jaraguá, é um avanço, mas em comparação à representatividade, é pouco.
Nina Camello – Poderíamos ter eleito mais mulheres, gostaria que tivéssemos ao menos quatro mulheres na Câmara. Infelizmente somente duas foram eleitas, sendo que mais de 60 estavam concorrendo. Percebo que falta incentivo para que elas possam mostrar que são capazes de fazer a diferença. Sabemos que muitas ainda hoje se candidatam apenas para cumprir cotas de gênero imposto pela legislação eleitoral. Precisamos nos fortalecer para mudar essa situação. Quero ver mulheres se candidatando com real intenção de se eleger nas próximas eleições.
Sirley Schappo – Esses dias me perguntaram qual seria o número ideal de mulheres na Câmara. Eu respondi: 11 mulheres. A pessoa se surpreendeu e se assustou. Mas por anos tivemos 11 homens e ninguém achava estranho. É um avanço sermos duas nos próximos quatro anos, mas tenho esperança de que nos mandatos futuros haverá mais. Eu e Nina cumpriremos o mandato na Câmara. Nenhuma de nós duas pensa em abandonar a cadeira e ir para uma secretaria. Isso dará mais visibilidade à presença de mulheres na política. Penso que ajudará a inspirar outras mulheres a entender que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na política.
Vocês pretendem trabalhar de forma parceira uma com a outra?
Nina Camello – Esta semana tive a oportunidade de conhecer melhor a Sirley. Também tive a oportunidade de participar de uma live onde o assunto foi a a eleição de mulheres ao Legislativo. Ela tem muitas opiniões semelhantes a minha principalmente no que diz respeito a uma das bandeiras que é a defesa do direitos e da igualdade da mulher. Quero muito trabalhar em parceria com ela, ela possui uma forte experiência com a educação e eu com a Assistência Social, por isso vejo que juntas faremos a diferença.
Sirley Schappo – Nina e eu temos ideias muito parecidas sobre o papel da mulher em espaços de poder, que são predominantemente masculinos. Na quarta-feira, participamos de um evento online, e nossa sintonia foi perceptível, apesar de nunca termos conversado antes. Certamente, na Câmara trabalharemos em parceria, uma apoiando os projetos e indicações da outra, principalmente os que forem voltados às mulheres e a nossas áreas de atuação.
Qual serão suas bandeiras na Casa? Pensam em defender projetos voltados à mulher?
Nina Camello – São três bandeiras que defenderei durante a minha legislatura: o fortalecimento das políticas públicas de Assistência Social , fortalecimento do trabalho de terceiro setor e a defesa dos direitos e da igualdade da mulher. Quero defender no início dos trabalhos o fortalecimento do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e acompanhar de perto os trabalhos realizados. Quero através de projeto de lei que se garanta acesso ao emprego para as mulheres vítimas de Violência. Além de cobrar do poder público que os direitos básicos das nossas mulheres sejam atendidas em todas as esferas.
Sirley Schappo – Eu acredito que a Educação deva ser a prioridade de todos os governos e terá minha atenção especial na Câmara. Todos os projetos do Executivo que beneficiarem a educação terão meu aval. Gostaria de trabalhar articulada com a secretária da Educação para que ações pensadas à área se tornassem projetos de Lei para haver continuidade em outras gestões. Outra bandeira minha é dar mais voz e vez aos bairros, a associações e mulheres. Para isso, conto com a parceria com os grupos já organizados que há na cidade. Peço que me procurem com suas propostas para ver de que forma eu poderei ajudá-los como vereadora. Aproveito para agradecer todas as 2.045 pessoas que votaram em mim. Tenho certeza de que grande parte deste número são mulheres.
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