16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação. Esta comemoração é importante para conscientizar a opinião pública sobre questões relativas à nutrição e à alimentação.
Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), “Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”.
No Brasil, a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) com vistas em assegurar o direito humano a uma alimentação adequada.
Insegurança alimentar
A insegurança alimentar leve reflete a instabilidade quanto ao acesso a alimentos no futuro. A qualidade é comprometida visando à quantidade de alimentos, ou seja, existe preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição, devido à falta de recursos para adquirir alimentos.
Já a insegurança alimentar moderada equivale à redução quantitativa de alimentos e ruptura dos padrões dietéticos adequados decorrentes da indisponibilidade de alimentos (restrição alimentar) entre indivíduos adultos.
E a insegurança alimentar grave é a redução quantitativa de alimentos e ruptura dos padrões dietéticos adequados decorrentes da indisponibilidade de alimentos entre crianças (há presença de FOME).
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relataram que a insegurança alimentar grave atingiu 3,1 milhões de lares brasileiros em 2017/2018. Esse percentual significa que 10,3 milhões de brasileiros estão nessa situação.
Um dado ainda mais alarmante da POF 2017/2018 é que metade das crianças brasileiras menores de cincos anos vivem em domicílios com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave).
Combate à fome
A intenção da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com a criação do Dia Mundial da Alimentação, é conscientizar a população e atrair a atenção das estruturas do poder para a natureza e as dimensões dos problemas alimentares, desenvolver um sentimento de solidariedade e reunir apoio ao combate à fome, à desnutrição, à pobreza e às suas causas básicas.
Tem um trecho de um livro de Epidemiologia Nutricional que retrata muito bem esses questionamentos, pois não há como pensar o alimento fora da relação humana e de todos os processos culturais, psicossociais e econômicos.
Alimento seguro, do ponto de vista sanitário, não é necessariamente adequado nutricionalmente, culturalmente e socialmente. Se os processos pelos quais esse alimento é produzido geram desigualdades sociais e econômicas e agridem culturas estabelecidas, não se pode considerar que a Segurança Alimentar e Nutricional tenha sido alcançada.
Segundo Josué de Castro, “fome e guerra não obedecem a qualquer lei natural, são criações humanas”. Já dizia Herbert José de Souza, mais conhecido como Betinho, “quem tem fome tem pressa”.
Encerro essa reflexão com a fala do Papa Francisco, “a batalha contra a fome e desnutrição não vai terminar enquanto a lógica do mercado prevalecer e os lucros forem perseguidos a qualquer custo”.
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