A andropausa é resultante do declínio progressivo da produção androgênica, ou seja, da testosterona, o principal hormônio masculino. É encontrada em pelo menos 20% dos homens com idade entre 60 e 70 anos, e algumas vezes inicia a partir dos 50 anos, de acordo com a endocrinologista, Dra. Angela Beuren.
Como a produção de testosterona diminui gradualmente, em homens de 75 anos os níveis médios correspondem somente a 65% dos níveis dos adultos jovens.
Ela ressalta que, de modo diferente das mulheres, os homens não têm um sintoma específico para marcar a transição. “As mudanças ocorrem muito gradualmente nos homens e se estendem por décadas”, explica.
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser baseado na sintomatologia clínica e nos exames laboratoriais, com dosagem de testosterona abaixo do nível mínimo de jovens adultos. Com a idade, o declínio nos níveis vai ocorrer praticamente em todos os homens.
“Não há maneira de predizer quem vai ter sintomas de andropausa com intensidade suficiente para procurar ajuda médica. Também não é previsível em qual idade os sintomas vão ocorrer, pois vão ser diferentes de homem para homem”, destaca Dra. Angela.

Foto Matheus Wittkowski
Causa
A andropausa é acompanhada de diminuição da massa e força muscular, aumento de gordura abdominal, principalmente visceral, piora do colesterol, diminuição da libido e dos pelos, disfunção erétil, osteoporose, diminuição da performance cognitiva, depressão, insônia, sudorese e diminuição da sensação de bem-estar geral.
De acordo com a endocrinologista, geralmente, uma correlação existe entre esses sintomas e os níveis de testosterona. A causa deste declínio dependente da idade. Envolve alterações testiculares primárias, disfunção da regulação neuroendócrina das gonadotropinas, etc.
“A andropausa não é um processo isolado, mas parte de outro mais amplo que é o envelhecimento, o qual ocorre a partir de várias idades e por uma série de fatores, dos quais o mais importante é a hereditariedade. Determinados hábitos de vida, estresse, depressão, sedentarismo, álcool, obesidade e medicações são alguns dos fatores contribuintes para a ocorrência mais precoce da andropausa”, contextualiza a especialista.
Doenças intercorrentes podem acentuar este declínio. O infarto agudo de miocárdio e as cirurgias causam declínios transitórios, ainda que intensos da testosterona. Já doenças crônicas induzem reduções mais prolongadas.
Homens idosos com diabetes, aterosclerose, insuficiência renal e do fígado, hemocromatose, entre outras, têm níveis reduzidos de testosterona.
Doenças endócrinas hipotálamo-hipofisárias e também testiculares, como a varicocele e a criptorquidia, intensificam o quadro de queda hormonal do homem idoso.
Reposição hormonal
De acordo com a Dra. Angela, atualmente, a reposição hormonal deve somente ser considerada em presença de níveis séricos de testosterona abaixo dos limites normais mínimos para adultos jovens, acompanhada de sinais inequívocos de insuficiência androgênica, na ausência de outras causas reversíveis de queda hormonal e após a exclusão de contraindicações.
O objetivo da reposição hormonal é o alívio dos sintomas relacionados à insuficiência androgênica, se possível alcançando níveis de testosterona que se assemelhem a níveis próprios dos adultos jovens. São contraindicações absolutas os cânceres de próstata e de mama e os prolactinomas (tumores de hipófise).
A especialista recomenda que se realize exame prostático e dosagem de PSA durante o tratamento com testosterona. Contraindicações relativas são a apneia do sono, aumento do hematócrito etc.
Procurar um endocrinologista ajuda no diagnóstico, possibilitando um tratamento adequado e melhora da qualidade de vida.
Sobre a especialista
A Dra. Angela Beuren (CRM 22889 / RQE 13603) é endocrinologista, formada pela Universidade Federal de Santa Maria, Medicina Interna pelo Hospital Universitário de Santa Maria e Médica Endocrinologista pelo IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) do Rio de Janeiro. Atende na Rua Guilherme Weege, Numero 202, Sala 407, Edifício Accord Center – em cima do Laboratório Fleming. Os contatos são (47) 3054 0514, 9 9241 3314 ou [email protected].