No início da semana passada participei de uma audiência pública sob o tema: “mobilidade urbana para os ciclistas”. Foi uma oportunidade muito importante onde a grande maioria do público que compareceu era formado por pessoas que utilizam as ciclofaixas e ciclovias para se locomover quase que diariamente, senão diariamente. Tive a liberdade de expressar-me colocando alguns pontos do que notei pedalando em países por aí afora e com realidades similares a de nosso país. Não sou nenhum especialista em mobilidade urbana e muitos dos que lá estavam pedalam por Jaraguá do Sul mais do que eu.
Vamos aos pontos que comentei:
– Em que o universo a bicicleta colabora a sermos cidadãos melhores? Defendo a ideia de que todo motorista deva ter uma experiência pedalando pelas mesmas ruas que ele transita de automóvel. Quem já pedalou não irá gritar da janela “saia da rua”. Podemos trazer para nossas vidas a lição: se colocar no lugar do outro.
– A bicicleta democratiza espaços urbanos. Quanto mais se usa, mais as pessoas se integram. A bicicleta cria a ideia de cultura de transformação do espaço urbano.
– Diversos artigos científicos já foram publicados afirmando que as bicicletas são boas para o comércio. Os ciclistas são clientes potenciais que passam em baixa velocidade e não exigem grandes áreas de estacionamento, podendo facilmente parar em frente a uma vitrine, entrar numa loja, conhecer um serviço. Situação posta em prática em Santo Amaro (SP) – que têm suas lojas dentro da área onde houve restrição da circulação de automóveis desde 2013 – tiveram aumento nas vendas com mais pessoas circulando a pé, em velocidade similar à de uma bicicleta a passeio. Em Nova York, depois que a Times Square teve a circulação de carros restringida, registrou-se um aumento de 50% no valor dos imóveis e na receita do comércio.
– Do ponto de vista ecológico, a bicicleta reduz a poluição do ar, sonora e visual.
– o uso da bicicleta é benéfico à saúde dos cidadãos, pois o simples fato de usar a bicicleta como transporte os afasta do sedentarismo e de todos os problemas de saúde deles decorrentes.
– O uso da bicicleta melhora a qualidade de vida de quem a utiliza, não só pelo ganho em saúde mas também pela diminuição do stress, melhorando os relacionamentos interpessoais e humanizando o trânsito e a cidade.
Teremos que instituir e impor o “Dia sem carro”, ou seja, eleger um dia no ano sem mobilidade a combustão nas ruas do centro da cidade de Jaraguá do Sul. Cidades em Santa Catarina já adotam essa prática, Treze Tílias é uma delas.
Paris uma metrópole caótica para a Europa (se comparada a grandes cidades da Alemanha ou Escandinávia) e esse ano instituiu que 50% das suas ruas fossem fechadas no “Dia sem carro”. Ano que vem pretende fechar 100% das ruas. Em 2024 quando Paris sediará os Jogos Olímpicos seus governantes pretendem não ter mais veículos a combustão se locomovendo nas ruas de toda a cidade. O ser humano é formado e constituído por rupturas que fez ao longo de sua cidade e o “Dia sem carro” é a ruptura necessária para o trânsito da cidade.
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