Realizando uma análise mais aprofundada destes números e com um pouco mais de sensibilidade, o comandante chega a conclusão que “não temos o que comemorar, pois é visto a olhos nus, que perdemos esta batalha para o tráfico de drogas, que diariamente arregimenta nossos adolescentes, fomenta um mercado negro milionário e lança na sociedade um dinheiro sujo, com um custo muito alto, normalmente pago pelas pessoas de bem”.
Segundo o sargento Polsin, observaram um crescimento do número de crianças e adolescentes envolvidos na narcotraficância, onde substituíram os estudos, e perderam a ingenuidade, para operar o tráfico, tabuada, literatura e aulas de geografia, foram substituídas pelas contabilidades do tráfico.
“As histórias, estas sobram, porém são apenas relacionadas aos entes próximos que se foram, motivados pela guerra sangrenta, entre facções ou por estarem jogados em ergástulos Estado a for”, lamenta o policial.
“As brincadeiras tradicionais por vezes imagino que nunca foram vividas, as bolas, pic esconde, pipas, foram substituídas precocemente por armas de fogo, balança de precisão, estratégias e formas de ludibriar os “ os pé de porco” ( forma carinhosa que os delinquentes se referem aos policiais)”, reforça o comandante da PM de Garuva.
Ele se indgna com as famílias destruídas, sem rumo, e que foram abduzidas pelas organizações criminosas. Fala que o poder familiar não se encontra mais dentro de casa, quem manda é o líder da facção, pai e Mãe perderam seu valor, perderam autoridade e os filhos se foram.
“Em duas situações esta semana, encontramos duas mães desesperadas, pois as drogas levaram tudo que tinham de mais valioso, seus filhos, duas mães com quatro filhos, envoltas a duas histórias distintas de prisões, história esta que certamente estão distante de terem um final feliz”, conta Polsin.
Fala que sobre as mães, estas carregam um fardo mais pesado que a Cruz que Jesus Cristo levou, pois em menos de 24 horas, receberam notícias por duas vezes que seus filhos foram subtraídos pelas drogas e o Estado de forma legítima agiu, realizando uma intervenção reparadora e sem muito reflexo no contexto geral.
“Apreender um adolescente de 14 anos, por duas vezes em menos de seis meses, na mesma situação, envolvido com tráfico de drogas, e olhar para ele e ver seu corpo todo tatuado, falando em gírias, se passaram muitos devaneios, incertezas pairaram sobre a cabeça dos policiais e quando questionado em que ano letivo estaria estudando, este jovem franzino, com um olhar que tudo vê, porém nada enxerga, olha para o policial e responde de forma tímida não saber”, conta o policial, entrestecido.
Ao ser questionado se sabe ler e escrever, o adolescente apenas sorriu de forma envergonhada, desta forma para evitar constrangimento de ambas as partes as perguntas se encerram. “Por fim, chego à conclusão que infelizmente a luta está perdida, por desleixo da família e do Estado, porém, iremos lutar até que nossas forças não existam mais, e o que nos move, é pensar que existimos unicamente pra proteger o patrimônio e as pessoas de bem, com o risco da própria vida”, desabafa o sargente Polsin.
“Refletindo sobre o artigo 144 da nossa carta magna, que diz, “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos […] “, perdemos a hora já da população de bem se mobilizar, e juntos combater o principal mal da humanidade, que são as drogas”, finaliza o policial.
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