Comphaan autoriza demolição de prédio que pegou fogo em Jaraguá do Sul

Por: OCP News Jaraguá do Sul

23/11/2017 - 12:11 - Atualizada em: 24/11/2017 - 15:26

O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural, Arqueológico, Artístico e Natural (Comphaanautorizou nesta quarta-feira (22) a demolição do Hotel Dassi, que teve estrutura comprometida depois de um incêndio em março desse ano. O nível de tombamento foi rebaixado pelos conselheiros, possibilitando o desmonte da estrutura localizada na esquina da avenida Marechal Deodoro da Fonseca com a rua Expedicionário Cabo Harry Hadlich, no Centro de Jaraguá do Sul. Como condição, os proprietários terão que reconstruir a fachada da frente e lateral do prédio quando o terreno for utilizado.

De acordo com o advogado da família proprietária do hotel, Tiago Markiewicz, não foi definido um prazo para reconstrução ou critérios para a utilização da parte interna. “Vai ser muito semelhante ao que aconteceu ao prédio da Max Whilhelm, que foi mantida a fachada e o resto do local foi aproveitado”, comenta. Por dentro da “casca” poderão ser construídas salas comerciais ou até mesmo um prédio, pontua o advogado.

Markiewicz afirma que a demolição será feita assim que a Prefeitura liberar o alvará, por questão de segurança dos pedestres, já que o prédio está comprometido e rachaduras apareceram na lateral. O advogado diz que a decisão de manter as fachadas irá preservar a memória do local, reconhecido como o primeiro hotel instalado na cidade. Inaugurado como Hotel Cruzeiro, na década de 1940 o local recebia quem passava pela cidade, movimentando turismo e novos negócios.

Segundo o arquiteto e fiscal do setor de Patrimônio Histórico, Carlos Baratto, a decisão do conselho é lamentável e foi contrária ao parecer apresentado pelos profissionais – que pedia a manutenção das paredes externas e permitia uma reconstrução interna. “Do ponto de vista da preservação, acabou com a originalidade do bem. A técnica construtiva ali empregada. O conselho não está entendendo a dinâmica do que preservar”, comenta o fiscal, ressaltando que a estrutura será um “falso histórico”.

fiscal também aponta a falta de regras para a reconstrução, sem a exigência de um inventário que levantasse as dimensões de cada elemento que compõe a estrutura. “A gente sempre tenta esclarecer que não queremos transformar a cidade em um parque. O nosso benchmarking é fazer com que aquilo que é original nosso, construído por nossos antepassados, se perpetue. A sociedade é composta de vários grupos e essa decisão parte da democracia. Mas a gente vai perdendo esses marcos referenciais da cidade e toda essa trajetória”, pontua o arquiteto.

*Reportagem de Natália Trentini para o jornal O Correio do Povo