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Um mendigo

Por: Luiz Carlos Prates

03/04/2018 - 12:04 - Atualizada em: 14/05/2018 - 14:31

Sábado de Aleluia, véspera da Páscoa, fui ao supermercado. Estacionei o carro quase na frente da porta de entrada do super. Ao sair do carro, meus olhos relancearam sobre as pessoas à frente, nada de novo, nada de diferente, apenas, num piscar rápido de olhos, notei um mendigo parado junto à porta de entrada do supermercado… Normal, fui adiante.

Ao adiantar a perna direita para entrar no supermercado, o “mendigo” me sorriu, estendeu a mão e me disse: – “Prates, que beleza te encontrar, bah, cara, há quanto tempo”! Imediatamente, reconheci o “mendigo”. Não era mendigo, era um ex-colega da área técnica da “grande TV” onde trabalhei por muitos anos.

O colega estava envelhecido, põe envelhecido nisso, enrugado mesmo, cabelos brancos, sofrido, um molambo, pelo menos na aparência, mas… Mas na conversa que tive com ele, relembrando velhos tempos, dificuldades, prazeres, alegrias e amuos, algo começou a me perturbar: a cabeça do “mendigo”, a alegria, o positivismo da fala dele, as energias boas que ele me estava passando e que eram as alegrias da vida dele… Mas como? Com aquela imagem, com os bolsos vazios, com aquela cara “velha”, com aquela vida do “sem ter onde cair morto”, como podia ter tanta alegria, otimismo e energias? Pois é, tinha tudo isso.

Não quis descer a detalhes na conversa com o meu ex-colega, mas nem precisava, o cara me encantou. Pensando um pouco mais, ele me constrangeu e me fez pensar. Não é o primeiro “mendigo” que me dá lições – inadvertidas – e nem será o último. Nós, os entupidos da vida, para sermos felizes, alegres e saltitantes, precisamos de muito, o churrasco que nos apraz é o churrasco gourmet, quando, na verdade, o melhor churrasco é o da laje. Esse churrasco não produz arrotos nem azias, produz um alisar a barriga e dizer: – Olha, só não como mais porque não cabe no bucho!… Esse é o churrasco da felicidade. E tenho dito à exaustão, graças a Deus que é assim. Não precisamos do “ter” para sermos felizes, precisamos do “ser”, ser gente, ser simples, ser honestos e sem retoques… Difícil, muito difícil. Nossos pais e parentes nos ensinaram a ser pelo ter… Dá nisso que anda por aí, multidões estultas, ansiosas e depressivas.

Fui ao supermercado comprar algumas bobagens, encontrei um “mendigo, conversei com ele e saí com uma certeza: o mendigo era eu, sou eu…

Chatice

Ouço muito rádio, vejo inúmeros telejornais e leio vários jornais, todos os dias. Gosto e não me canso, mas… Não dá para aguentar a “modernidade”. Então, mando um recado aos “modernos”: telespectador, “telespecta”; ouvinte, ouve, e leitor, lê. Sem essa de trocas de mensagens e bobageiras de cá, bobagerias de lá, gentinha querendo aparecer… Cada macaco no seu galho, aí fica tudo bem. Certo? Acho bom.

Falta dizer

Santo Deus, se você nunca entrou na área não pode imaginar o mundo sujo, asqueroso, bandido e safado que é o mundo político. Vou deixar passar alguns dias e contar alguma coisa. Um horror.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.