O sorriso estampado no rosto de Renato Schuster demonstra a felicidade do bananicultor de 55 anos ao ser o primeiro jaraguaense a utilizar o Controlador Bioativo do Maruim (CBO), que vem sendo desenvolvido no laboratório de pesquisa, inaugurado em setembro deste ano, em Jaraguá do Sul.
Esta semana, os pesquisadores Lineu Del Ciampo e Gilmar Erzinger realizaram a primeira entrega oficial do defensivo em três propriedades do bairro Jaraguá 84. Além disso, eles ensinaram os moradores a utilizarem o controlador para acabar com a proliferação do maruim naquela localidade.
O vereador Eugênio Juraszek, um dos grandes apoiadores do programa, também esteve presente.
Mas a visita deles não se baseou apenas em ensinar os moradores, e sim, aprender com eles. Para aplicar o produto, é preciso uma condição de pH abaixo de oito para que os ovos não eclodam e as larvas não tenham alimentação. Porém, Lineu avisa que cada local tem uma característica distinta.
“Essa região foi escolhida por ter características diferentes, seja de sol, radiação ultravioleta, de água ou de vertente”, destaca.
Para Lineu, é muito importante a colaboração dos moradores, principalmente quem é experiente no cultivo da banana e outras culturas e também do combate aos mosquitos, como o borrachudo.
Foto Gustavo Luzzani/OCP News
O pesquisador afirma que o desenvolvimento se torna mais rápido e eficaz com as informações coletadas no local.
“Nada substitui a visão de quem está aqui [área de teste], eles conhecem a terra e não tem escola que ensina isso. É um privilégio e fundamental trabalhar com eles”, diz Lineu.
Opinião de quem conhece a terra
Além de Renato, os bananicultores Adilson Hanemann e Moacir Gumz também foram selecionados para aplicar o controlador, transformando aquela região em uma importante área de teste.
Atento a cada palavra que os pesquisadores falavam, Adilson não hesitava e sempre contava informações de sua terra. Ele admite que conhece o local como ninguém, mas não tem a experiência de como acabar com o mosquito. “Se alguém passar o manejo para a gente, vamos saber fazer”, enfatiza.
Lineu explica para os moradores como utilizar o defensivo | Foto Gustavo Luzzani/OCP News
Moacir se colocou a disposição para ajudar, pois não aguenta mais conviver com a praga que assola diversas regiões do mundo. O bananicultor conta que não pode mais usar uma bermuda ou deixar a casa aberta.
“Não conseguimos mais ficar sossegados, não tem o que fazer. E se o maruim já irrita os adultos, para as crianças é pior ainda”, afirma.
Há 22 anos atrás, Renato conseguiu combater o principal problema da região na época: o borrachudo. Desde então, a Prefeitura distribui o produto para ele, que, por sua vez, compartilha com 11 aplicadores de confiança.
Esse laço de confiança entre os moradores também será preciso no combate ao maruim, já que todos precisam estar sinergia. “Não adianta eu e meus vizinhos aplicarem, se há cinco quilômetros da minha casa alguém não estiver combatendo”, explica.
Áreas de testes
Já foi aberta áreas de testes em cada município participante do Programa Maruim: Jaraguá do Sul, Guaramirim, Massaranduba, Schroeder, Corupá, Barra Velha, São João do Itaperiú e Luís Alves. Para este ano, os municípios contribuíram com um aporte de R$ 454 mil, que ajudou na criação do laboratório.
Moradores recebendo a placa do Programa Maruim do vereador Eugênio Juraszek | Foto Gustavo Luzzani/OCP News
Os pesquisadores irão pulverizar localidades destes oito municípios, para entender as características de cada local. Após coletar os resultados, eles voltam para o laboratório e realizam os ajustes necessários.
“A gente sempre prevê que vai ter imprevistos, por isso tem essas áreas de testes. É melhor que as coisas não deem certo logo de início, para que possamos nos adaptar”, diz Lineu.
Dentre os pesquisadores que estarão trabalhando no laboratório, estão o paulista Lineu Del Ciampo e o joinvilense Gilmar Erzinger. A engenheira química Debora Feder também está auxiliando nas pesquisas.
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