Não há pergunta precisa, nem resposta acertada para o suicídio. Não há justificativa nem sentença. Mas há a necessidade de se falar sobre. Há um grito que precisa ecoar. Esse grito não tem se propagado por conta do vácuo da sociedade. O vácuo do preconceito, da incompreensão, do materialismo exacerbado, do consumismo desenfreado, da pressa, da insignificância.
Reconheço ter percorrido, com significado e felicidade, bom caminho de minha existência, mas não lembro ter vivido uma era tão paradoxal. Em nenhuma época, o homem foi capaz de acessar e compartilhar tanta informação em tempo real. Por outro lado, em época alguma, ele foi capaz, ao mesmo tempo, de absorver e socializar tanta desinformação.
Avançamos das carroças para os supersônicos mas não sabemos que direção seguir. Acumulamos riquezas mas não chegamos a satisfação. Conquistamos poder, mas não sabemos aonde ele nos levará. Enfim, nunca avançamos tanto tecnicamente (meios para viver), sem, por outro lado, um equivalente progresso na ética, na moral e na autocompreensão (motivos para viver).
Nos carregamos por fora e nos esvaziamos por dentro. Seguimos vagarosamente essa niilista marcha thriller da existência em busca de significado. Porque?
‘Palavra Aberta’