No Brasil, devido ao processo de colonização e à imigração em massa, que faz do nosso povo um dos mais diversificados do mundo, a influência cultural é muito forte. A imigração e suas raízes abraçam nossas culturas regionais, que, mesmo estando localizadas em uma única nação, são bastante diferentes umas das outras.
Os exemplos que ilustram esse cenário são incontáveis, muito embora talvez não sejam debatidos tão amplamente quando se fala em diversidade cultural.
No Brasil, se fala o quê?
Estima-se que existam cerca de 6.900 idiomas falados no mundo. Dentre eles, quase 200 localizam-se no Brasil, somando-se o português, as línguas indígenas e as variantes que são fruto da imigração.
É inevitável que um país das dimensões do Brasil e com a alta imigratória que vivemos tenha variações de idioma. Apesar de a língua materna oficial brasileira ser o português, é possível encontrar segundas e terceiras línguas mais faladas em algumas regiões. Esse é o caso de Nova Veneza, em Santa Catarina, que, devido à imigração italiana na região, possui elementos que remetem à Veneza, na Itália, de forma singular.
A imigração italiana no Brasil
A imigração italiana no Brasil começou em 1860, quando cerca de 7 milhões de italianos deixaram seu país rumo à América do Sul com o propósito de buscar melhores condições de vida no novo continente. Grande parte dos grupos italianos de imigração encontrou conforto na região sul do Brasil e se instalou em colônias que até hoje mantêm vivas as tradições italianas.
De acordo com o Globo Rural, o Brasil é a casa do maior número de descendentes italianos do mundo, computando cerca de 30 milhões. No estado de Santa Catarina, a imigração italiana também trouxe, além dos costumes, os idiomas dos viajantes, que até hoje são objeto de preservação e estudos. A língua italiana é conhecida na região catarinense como Talian, cujas raízes são do nordeste da Itália, mais propriamente da região de Vêneto. Com bastante influência do português difundido pelos meios de comunicação clássicos, como a televisão e o rádio, o Talian integra o patrimônio histórico e cultural do estado de Santa Catarina. Em Nova Veneza, por exemplo, é a segunda língua oficial, reconhecida legalmente desde 2015.
A essência alegre e divertida dos italianos
Falar em elementos típicos da Itália existentes no Brasil não demanda muito esforço. A música, o vinho, a gastronomia e a filosofia de vida alegre dos italianos invadiram todas as regiões que receberam esses imigrantes, que, em troca, nos apresentaram tantas bonanças.
Com a alegria e o otimismo correndo nas veias dos italianos, as festas por eles celebradas são um evento imperdível. Em Urussanga, a Festa do Vinho é celebrada no mês de agosto dos anos pares, ou seja, ocorrerá em 2020, e é uma excelente alternativa para escapar em um fim se semana. Mas as festividades não param por aí: a maior festa italiana em Santa Catarina é a Festitália, que acontece em Blumenau, cidade também famosa pela Oktoberfest. O sucesso da festa perdura pelos seus dez dias, em que são reunidas cerca de 5 mil pessoas por dia.
Os italianos gostam muito de se divertir junto com a família e as pessoas queridas, e esse traço cultural se reflete na forma como eles e seus descendentes se entretêm, seja por meio de festas, jantares, práticas esportivas ou jogos. Grande parte dos passatempos que conhecemos hoje são de origem italiana, como o famoso jogo “cara ou coroa”, chamado de navia aut caput na Roma Antiga, de onde teoricamente provém. Naquela época, as moedas traziam, de um lado, o Deus mitológico Janus, e do outro, uma embarcação. Além desse jogo, o par ou ímpar também guarda origens italianas. Mas as similaridades que temos com a Itália não param por aí. Elas existem até mesmo em jogos de cartas. O sete e mezzo, por exemplo, que em tradução livre significa “sete e meio”, é um jogo italiano variante do mundialmente conhecido 21, ou blackjack. O jogo é muito popular no mundo todo e tem diversas variações, podendo ser jogado presencialmente ou online, como mostra o site Betway online blackjack. Além do sete e mezzo, os italianos também nos brindaram com outros jogos de cartas, como a escopa ou o quatrilho, que chega a contar até com campeonato brasileiro e lembra o também bastante conhecido pôquer.
Celebrar é uma máxima da cultura italiana que também é levada para a cozinha. Receitas de massas, sopas, polentas, pães, carnes embutidas e queijos estão entre as estrelas que compõem nossos pratos nos típicos almoços de domingo com a família e os amigos. A fartura é uma conquista dos imigrantes em solo brasileiro e é muito festejada entre os seus descendentes, que buscam e valorizam receitas tradicionais de família. Embora a cultura gastronômica italiana não tenha uma região específica de manifestação, é consenso que sua expressão é ainda mais rica em comunidades rurais, como Nova Trento, uma vez que os costumes nestas áreas são mais fortes e os sabores, portanto, mais semelhantes aos das receitas originais.
Motivo de orgulho
Os descendentes de italianos têm muito orgulho de suas origens – e não é para menos, visto que a história italiana é repleta de força e resistência. Quando se fala em imigração, adicionamos a coragem que as pessoas tiveram de deixar sua terra natal para buscar melhores condições de vida em um continente pouco explorado, mas que oferecia possibilidade de crescimento aos que se aventuravam por ele. Se alguns dos traços da personalidade do brasileiro são fé, otimismo e perseverança, pode-se dizer que os italianos têm relação com isso.
É indiscutível que as raízes italianas encontraram aconchego no solo brasileiro, que acolheu não somente seus filhos e seu idioma, mas também suas tradições e cultura, que até hoje fazem felizes aqueles que as apreciam.