Os alunos da escola Luiz Gonzaga Ayroso, em Jaraguá do Sul, têm rompido as fronteiras das salas de aula, com atividades fora da instituição.
Mas o objetivo principal não é aprender, e sim ensinar e conscientizar a população sobre o caramujo africano, visitante indesejado que atinge todo o Vale do Itapocu.
A ideia de falar sobre o molusco para os estudantes surgiu entre as professoras Gisleine de Brito, 38 anos, e Marilda Bassani, 52 anos.
As duas perceberam que nas ruas da cidade, principalmente no bairro Jaraguá 84, havia muitos caramujos esmagados, demonstrando a falta de conhecimento da população.
Há cerca de dois meses, a escola está realizando atividades com o tema e os alunos foram as ruas alertar os moradores sobre o perigo do caramujo e mostrar o jeito correto de se livrar dele.

Os alunos saíram pelas ruas do bairro Jaraguá 84 conversando com a população | Foto Eduardo Montecino/OCP News
Vestindo luvas de borracha e com calçado fechado, Isabelle Inez Batista, 10 anos, saiu pela vizinhança encontrando caramujos e despejando no saco de lixo.
Atenta aos ensinamentos das professoras, ela já sabe os passos corretos para elimina-los sem ter problemas no futuro.
“Quando esmagar o caramujo, pode espirrar e transmitir doença, então tem que colocar dentro do saco, amarrar bem, colocar em outra sacola e despejar no lixo que o coletor vai destinar um outro lugar”, destaca.
Segundo Marilda, um dos objetivos de falar sobre o caramujo africano para as crianças é que elas passem o que aprenderem para outras pessoas. Nos últimos dias, o molusco é o assunto mais falado na casa de Isabelle.
“Minha mãe disse que já estou virando especialista na área”, conta.
Combate ao molusco
A gerente de vigilância epidemiológica de Jaraguá do Sul, Fabiane da Silva, ressalta a importância de cada morador estar atento à limpeza de seu terreno e se perceber a aparição do molusco, seguir as instruções de vigilância.
“É essencial sempre estar usando luvas de borracha e nunca depositar os caramujos vivos no lixo ou em céu aberto”, destaca.
A gerente conta que o ideal é colocar os caramujos capturados em um recipiente com água e sal para matá-los. Em seguida, é preciso quebrar as conchas deles e depois colocar no lixo. “Não se deve colocar sal grosso diretamente no solo, pois causa salinização”, enfatiza.

Os caramujos podem transmitir as doenças angiostronglíase abdominal e meningite eosinofílica | Foto Eduardo Montecino/OCP News
Outro jeito recomendado por Fabiana é, sempre com as luvas nas mãos, pegar os moluscos e os ovos e colocar em dois sacos plásticos, quebrando suas conchas com martelo ou pisando em cima com calçado e direcionando a um lixo comum.
“Também da para despejar em valas de aproximadamente 80 centímetros de profundidade, colocando cal virgem o suficiente para cobri-los”, completa.
O caramujo africano é um hospedeiro intermediário de dois vermes que podem causar duas doenças: angiostronglíase abdominal e meningite eosinofílica.
A primeira provoca fortes dores abdominais, febre, perda de apetite e vômitos, em alguns casos até leva a morte, alerta a gerente.
A meningite eosinofílica, é uma doença que ocorre quando o verme se aloja no sistema nervoso central do paciente, provocando a inflamação das meninges – membranas que recobrem o cérebro.
Isabella enfatiza que a casca do caramujo pode servir de criadouro para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika.
Caramujo presente em toda região
Existe incidência do caramujo em todos os municípios da microrregião. Recentemente, a situação em Schroeder gerou reclamações por parte dos moradores. A fiscal ambiental Mônica Cicino de Moura relata que a população tem reclamado bastante sobre a incidência do molusco.
Ela diz que as pessoas cobram uma atitude da Prefeitura, mas que a função principal para combater a praga é do próprio morador.

Descarte incorreto causa multiplicação dos caramujos na região | Foto Eduardo Montecino/OCP News
“O que a gente pode fazer é realizar a limpeza de terrenos baldios que tenha caramujos”, destaca.
Ela disse que a Prefeitura busca comentar com a população a importância de destacar corretamente ele para não causar problemas futuros. “As reclamações mais recorrentes são do Rio Hern e Centro, mas toda cidade tem casos”, diz.
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