Com a expansão de uma cultura gastronômica mais saudável, a procura por alternativas ao chocolate tradicional – feito com leite e açúcar processado – tem aumentado, e na temporada de Páscoa, alternativas orgânicas, sem lactose, sem glúten e sem açúcar tem tomado seu lugar nas prateleiras.
Segundo Sylvia Verdin, sócia da Cacau Show em Jaraguá do Sul, há uma procura muito grande por estas alternativas, embora a diversidade de produtos no gênero não seja tão grande.
“Não tem tantas opções para estes mercados por conta da produção. A demanda atual ainda não compensa uma produção em grande escala destes chocolates”, explica.
A rede tem buscado expandir sua presença no mercado orgânico e saudável: no ano passado, em meio à expansões, a Cacau Show lançou a linha Bean to Bar, com uma unidade menor de seu parque fabril trabalhando todo o processo de fabricação, da semente à barra, em isolamento para evitar contaminação cruzada por glúten ou leite.
As opções, mesmo que em número pequeno considerado o mercado tradicional, se expandem consideravelmente.
No ano passado, a rede contava apenas com tabletes de chocolate sem açúcar, sem lactose e sem glúten – este ano, já estão disponíveis bombons e ovos destas variedades.
“Ainda não tem a mesma variedade de recheios, e muitos clientes vieram perguntar o motivo de não termos ainda ovos sem lactose com brinquedo, mas a oferta tem crescido”, diz a empresária.
As vendas desta época – e a procura pelas opções saudáveis – tem se beneficiado de uma Páscoa “tardia”.
“As pessoas tiveram mais tempo para se preparar para a Páscoa. No ano passado foi muito cedo, agora o consumidor tem procurado se informar melhor sobre os preços e os produtos”, diz.
Cliente quer variedade
Não é só a Cacau Show que tem investido em alternativas para o chocolate comum. Segundo Luciane Tempfer, sócia da Nutriviva, com a aproximação da Páscoa, tem aumentado o número de clientes à procura de doces mais saudáveis.
A loja tem investido, aproveitando o calor do momento. “Ainda é um movimento lento, mas já estamos trabalhando com ovinhos sem lactose e biscoitos sem glúten. A partir de semana que vem estaremos com mais opções sem lactose, glúten e açúcar”, explica.
De acordo com a comerciante, o que o cliente tem buscado são opções, ainda escassas, mesmo com um preço mais elevado. Os produtos antialergênicos, como é o caso dos alimentos sem glúten, exigem cuidados especiais na produção.
“Estes produtos exigem uma produção mais controlada, quase artesanal, e muitas fábricas não têm condições de produzir em maior quantidade, por conta disto há uma diferença no preço”, adiciona.
Luciane destaca que o aumento na procura tem resultado em um aumento na oferta destes produtos, com uma maior variedade de chocolates e biscoitos no mercado ano após ano.
“As pessoas tem procurado muito por variedade, por mais produtos mais saudáveis, e isto tem tido reflexo”, explica.
Intolerantes precisam de opções
Os produtos também atendem uma demanda de consumidores com questões de saúde como intolerância à lactose, diabetes e doença celíaca, que não podem consumir chocolates convencionais.
Entendendo
Diabetes
Uma das mais comuns doenças crônicas do país, afetando 9,9% das mulheres e 7,8% dos homens. A doença é causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio que promove o aproveitamento da glicose como energia o nosso corpo, e impede o processamento do açúcar, levando a crises de hiperglicemia.
Intolerância à lactose
Incapacidade de processar a proteína do leite, é causada pela insuficiência da enzima lactase no intestino delgado. Esta enzima é essencial para digerir a lactose no intestino, separando-a em glicose e galactose. Sem a enzima, a ingestão da proteína pode causar cólicas, gases e diarréia
Doença Celíaca
Doença autoimune do intestino delgado, causada por uma reação ao glúten em pessoas com predisposição genética. Os sintomas clássicos incluem problemas gastrointestinais como diarreia crónica, distensão abdominal, má-absorção intestinal e perda de apetite.
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