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Mais mulheres é bom para a política, mas participação ainda é baixa

Foto: Arquivo OCP

Por: Elissandro Sutil

08/03/2019 - 11:03

A participação das mulheres na política gera impactos positivos na política e na gestão pública. Estudos feitos por economistas mostram, por exemplo, que na Índia, em assembleias estaduais que elegeram mais mulheres, há redução considerável na taxa de mortalidade neonatal, assim como a proporção de crianças que concluem o ensino fundamental é maior.

As mulheres se mostram mais dispostas a lutar por bandeiras que tradicionalmente afetam mais o mundo feminino, como a necessidade de mais vagas em creches, postos de saúde mais equipados e melhor estrutura nas escolas.

A participação feminina no parlamento brasileiro – Câmara Federal e Senado –, porém, é de apenas 15%. Por outro lado, as mulheres representam metade da população brasileira.

Para especialistas na área, os principais entraves que contribuem para a subrepresentação feminina passam pela falta de espaço, de oportunidade e também pelo controle interno dos partidos. A dificuldade em conseguir recursos para financiamento das campanhas também pesa na questão.

Além disso, segundo avaliação do professor José Álvaro Moisés, pesquisador na Universidade de São Paulo, os partidos são comandados por oligarquias que costumam ser machistas e que não aceitam bem a presença de mulheres ou mesmo de mudanças.

“Há um controle muito grande de quem dirige os partidos e essas oligarquias tendem a se perpetuar e, em muitos casos, favorecer pessoas ligadas a eles ou a seus interesses”, diz o professor, ao jornal Folha de S. Paulo.

A saída passa pelo diálogo

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2018, de aplicar uma cota de gênero para a distribuição dos recursos do fundo partidário, pode servir para assegurar o investimento e suporte às candidaturas de mulheres, consequentemente aumentando a representatividade.

Mas outro fator, no entanto, ainda influenciaria na subrepresentação: a falta de conscientização da mulher sobre seu papel na sociedade parece ter relação direta com o problema.

É o que considera a chefe de gabinete do prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli (MDB), e vice-presidente do MDB no município, Emanuela Wolff.

Vivendo a política no dia a dia, Emanuela enxerga na prática a tendência das próprias mulheres de renunciar a um espaço que é seu não apenas por direito, mas também por merecimento.

“Em muitos momentos nos achamos ainda abaixo dos homens, nos colocamos num patamar abaixo”, disse Emanuela, em entrevista ao OCP. Para mudar esse cenário, a chefe de gabinete aponta a sororidade e o diálogo como saída.

Consciente da importância da luta feminista ao longo da história para a conquista de direitos fundamentais atuais da mulher – como ao voto e ao divórcio -, Emanuela acredita que foi justamente essa luta que trouxe a sociedade para um momento de abertura ao diálogo, sem enfrentamento radical que desgasta o debate.

“Precisamos repensar alguns posicionamentos para que as pessoas não tenham aversão ao discutir o tema, para que as pessoas queiram discutir o tema. Quem não vai fechar os olhos e lembrar de alguma mulher que foi agredida na sua família?”, manifesta.

Participação de mulheres no Congresso (Câmara e Senado)

Aumentou de 10,7% até as eleições de 2018, para 15%, em 2019. Em 1998, era de 6,6%.

Representação feminina entre os países do G-20 (mais ricos do mundo)

Brasil ocupa a 19º. México aparece em primeiro, com 48,2% do parlamento ocupado por mulheres, seguido pela África do Sul, com 42,3% e França, com 39,6%.

Atrás do Brasil, apenas o Japão, com 10,1%.

 

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP