Vereadores de Jaraguá do Sul aprovam projeto sobre ideologia de gênero

Por: Elissandro Sutil

20/02/2018 - 19:02 - Atualizada em: 21/02/2018 - 12:15

Por unanimidade, os vereadores de Jaraguá do Sul aprovaram em sessão nesta terça-feira (20) o projeto de lei que proíbe o ensino da “ideologia de gênero” nas escolas do município.

O projeto, de iniciativa do vereador Jackson de Ávila (PMDB), foi aprovado em primeira votação. Para ser encaminhado à aprovação da Prefeitura e assinatura do prefeito Antídio Lunelli, a matéria precisa passar por segundo turno de discussão, que deve ocorrer nesta quinta-feira (22).

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O projeto (PL nº 213/17) não estava previsto na pauta de votação da sessão divulgada à imprensa, e foi colocado em discussão a pedido do idealizador da proposta. Na tribuna, antes da votação, Ávila afirmou que não tem preconceitos e que respeita a opinião e todos.

No entanto, observa que, como vereadores e como defensores da família e das crianças, os parlamentares devem tomar uma decisão favorável à família, “favorável naquilo que realmente é certo, correto, sem falarmos de religião, e sem falarmos de política”, afirmou.

“Eu não posso mandar meu filho para o colégio de manhã cedo e eles debatem muito que a criança de quatro anos, falar para uma criança de quatro anos que ela não tem o sexo definido ainda, eu não posso falar isso. Educação moral convém ao pai e à mãe, e nós como legisladores nessa Casa de leis não podemos tirar esse direito do pai e da mãe de dar educação moral ao seu filho”, discursou.

O vereador pediu apoio dos demais ao projeto, que busca proibir qualquer temática relacionada ao assunto em salas de aula do município.

“Peço apoio de vocês a esse projeto, que vai proibir qualquer temática na educação de Jaraguá do Sul, que se lecione da forma que já aconteceu em outros municípios, forçando passar batom em um menino, colocando uma saia num menino, tirando a saia de uma menina e colocando shorts numa menina, isso é inversão moral, isso não pode acontecer”, declarou.

O projeto ainda leva a assinatura dos vereadores Ademar Winter (PSDB), Anderson Kassner (PP), Celestino Klinkoski (PP), Isair Moser (PSDB), Jaime Negherbon (PMDB) e Marcelindo Gruner (PTB).

Gruner também utilizou a tribuna para se manifestar, a favor da matéria que, em seu entendimento, irá regulamentar que a escola cumpra com sua função de ensinar, cabendo os “princípios da moralidade” aos pais.

“Não cabe na minha cabeça, por mais que a gente seja, que vivemos num momento de tecnologia, de ampliação dos horizontes, não me vem na minha cabeça uma discussão essa na qual uma criança ela nasce com o sexo indefinido, isso… Não sei, então sou muito retrógrado com relação a isso”, disse o parlamentar. Para Gruner, a pessoa tem sua “opção de sexo” quando é adulta, e afirma que essa opção deve ser respeitada.

“Mas a criança criada lá no berço da família é o pai e a mãe que tem que doutrinar ela, direcionar ela, porque que mundo nós vamos viver então, de que forma nós vamos chegar para um filho e dizer ‘você é menino’ e ele vai dizer ‘não pai, lá na escola falaram que eu posso ser uma menina’, ou vice versa. Então nós estamos jogando a moral no lixo, e vamos deixar o mundo educar nossos filhos porque nós não vamos educar mais”, declarou.

O vereador argumentou ainda que já se nasce com o sexo definido, “com raras exceções quando tem um distúrbio ou coisa parecida”, completou. Por isso, continuou Gruner, não seria possível trazer o debate para a sala de aula – ou para qualquer outro debate – a afirmação de que a criança “pode ser o que ela quiser”.

“E tem um detalhe, se ela (criança) disser que não quer ser nem menina nem menino ela tem a opção, do jeito que está sendo trazido (o tema) aí hoje (para o Brasil), de dizer que ela não é nada, que ela pode ser até um animal qualquer”, afirmou.

Concordando com Ávila sobre não trazer a discussão defendendo determinada religião – mas, sim, a família e os direitos religiosos -, Gruner reforçou que os princípios estariam sendo invertidos, “e nós como cristãos, gostei da sua colocação Jackson, nós não estamos aqui para defender bandeira religiosa, nós somos cristãos, com princípios, e se nós aceitarmos que isso aconteça na nossa sociedade, olha gente, aí nós não podemos cobrar mais nada, não podemos cobrar mais nada dos nossos filhos e de ninguém, porque nós vamos perder aquilo que nós temos de mais sagrado que é a autonomia dos pais dentro dos seus lares”, finalizou.

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