A Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que a pobreza no Brasil cresceu: partindo da linha de pobreza proposta pelo Banco Mundial (rendimento de até US$ 5,5 por dia, ou R$ 406 por mês), a proporção de pessoas pobres no Brasil era de 25,7% da população em 2016 e subiu para 26,5%, em 2017.
O cenário é diferente em Santa Catarina, no entanto, com queda nos percentuais. O estado tem a menor proporção da população vivendo abaixo da linha de pobreza.
São 8,5% dos catarinenses que vivem com menos de R$ 406 mensais por mês, menos de um terço do percentual nacional – e cerca de 40% abaixo do segundo colocado em redução de pobreza, o Rio Grande do Sul, com 13,5%.
Índices favoráveis
Este perfil é sustentado em cima de vários indicadores sócio econômicos que colocam Santa Catarina em posição favorável. O estado tem a quarta maior renda média do país – R$ 1.805, contra R$ 1.052 a nível nacional.
O Índice de Desempenho da Educação Básica (Ideb) de Santa Catarina é o segundo maior do país, em 6,5 – acima da meta nacional de 6 pontos, enquanto a média nacional fica em 5,8.
O estado também se destaca com o menor índice de desigualdade de renda do país, medido pelo coeficiente de Gini, e a menor taxa de desemprego da União, em 6,3%, contra uma taxa nacional de 12,7%, juntamente com o terceiro maior Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 0,774, levemente acima da média nacional, de 0,754.
Estes fatores se juntam a uma economia diversificada, com um perfil fortemente industrializado e urbanizado na faixa litorânea e uma profusão de pequenas propriedades agrícolas ao longo do interior do estado, fatores que tem servido para manter a boa performance econômica do estado.

Índices de educação catarinenses reforçam qualidade do ensino no Estado | Foto Eduardo Montecino/OCP News
Além disso, o estado registra o menor índice de evasão escolar do país no ensino fundamental: só 1,9% das crianças entre 7 e 14 anos não estão matriculadas na escola em Santa Catarina, contra 3,1% a nível nacional.
E também conta com a terceira maior taxa de alfabetização do país, de 97,2%, comparável ao Chile, consideravelmente acima da taxa nacional, de 92,8%, comparável ao Mianmar, antiga Birmânia.
A taxa de formação no ensino superior também está a acima da média: 9,69% dos catarinenses tem diploma de ensino superior, contra 8,31% dos brasileiros.
Trabalho rural e educação
Segundo a historiadora e socióloga Valdete Daufemback Neuhues, tanto o dado nacional quanto o estadual tem relação direta com o sucesso de medidas de valorização do trabalhador rural e de programas de incentivo ao ensino, assim como com as dificuldades enfrentadas pelo programa Bolsa Família.
Enquanto nos estados do norte e do nordeste, a população sustentada com auxílio do governo federal chega a até 38%, no caso do Maranhão, Santa Catarina registra a menor dependência do Bolsa Família entre todas os Estados da União: 3,46% dos catarinenses recebem recursos do programa, contra 22% dos brasileiros.
A população rural é uma das mais sujeitas à pobreza no país, e Santa Catarina tem se destacado de forma consistente em termos do perfil de sua produção.

População rural é valorizada em Santa Catarina | Foto Eduardo Montecino/OCP News
Cerca de 67% da produção agropecuária é oriunda de pequenos produtores e cooperativas – a nível nacional este percentual é de 36%.
Se em termos do percentual de propriedades que são familiares o estado não se destaca tanto – 87%, contra 84% a nível nacional – em termos de área, o cenário muda: nacionalmente, 24% da área plantada é de produtores familiares. Em Santa Catarina, este número muda para 44%.
“Santa Catarina tem tido um retorno muito forte de programas como o Pró Uni. Estes anos todos, Santa Catarina deve estar colhendo o resultado de centenas de jovens que se formam nas faculdades, e muitos jovens do campo ingressaram nas universidades”, avalia.
Segundo a socióloga, estes programas de facilidade no acesso ao ensino superior contribuem para aumentar a renda da família quando estes jovens retornam para casa, muitos dos quais aplicando no campo os conhecimentos obtidos no ensino superior – o que tem aliviado os impactos do êxodo rural e dos preços de commodities agrícolas.
Entre os programas correlacionados ao acesso às universidades, ela destaca iniciativas como o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo) e ações do governo do Estado para incentivar a aplicação de tecnologias e inovações na agricultura.
“Temos também a disponibilidade maior de cursos técnicos para jovens agricultores. Conheço muitos jovens que ao terminar os estudos voltam para as propriedades da família, o que não acontecia”, explica.
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