Voluntários de Jaraguá do Sul: Mãos solidárias e unidas para fazer a mudança

Grupo surgiu há pouco mais de um ano | Foto Divulgação

Por: Rosana Ritta

07/08/2018 - 16:08 - Atualizada em: 07/08/2018 - 16:54

Seja a mudança que você quer ver no mundo.” Determinado a fazer esta mudança, o grupo Mãos Solidárias, que nesta semana deve chegar a 51 voluntários, está promovendo a mudança na vida de dezenas de pessoas.

O foco são crianças de Jaraguá do Sul e região que precisam tratamento médico, consultas, próteses e exames que não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou, quando oferecidos, demoram excessivamente.

Com pouco mais de um ano de existência, o Mãos Solidárias surgiu despretensiosamente quando um grupo de amigas resolveu arregaçar as mangas e promover uma ação para envolver-se na campanha nacional em torno do menino joinvilense Jonatas Openkoski, conhecido como bebê Jon.

Ao tomar conhecimento de que a família mobilizava o país para conseguir R$ 4 milhões para o tratamento de Jon, vítima de doença Atrofia Medular Espinhal (AME), as amigas resolveram promover um bazar.

Em cinco dias, o local foi montado, as doações reunidas e R$ 26 mil foram arrecadados  e entregues para os Openkoski. Dias depois, e com o apoio de empresas locais, mais R$ 32 mil foram arrecadados e destinados para equipar o quarto da criança.

Cientes de que a família Openkoski hoje é investigada por usar a doença do menino para suposto enriquecimento ilícito, as voluntárias dizem que fariam tudo de novo, mas por causa da criança.

Embora Jon tenha sido o primeiro bebê ajudado pelo Mãos Solidárias, outro bebê, Miguel, se tornou uma espécie de mascotinho do grupo. Miguel precisava de exames genéticos que ajudassem a identificar que tipo de síndrome ele sofre.

O grupo se mobilizou e reuniu os R$ 4.800,00 necessários, além de pagar outras consultas e exames. Agora, ele precisa mais R$ 13.600 para um exame detalhado, que não é oferecido pelo SUS, e o grupo está mobilizado.

Envolvida inicialmente com o grupo em função do apoio dado ao filho, a mãe de Miguel, Andressa Gorges, acabou se tornando voluntária. Ela conhece bem os caminhos em busca do diagnóstico do filho e hoje se emociona ao verificar o apoio oferecido a outras mães.

“Encontrei nelas não somente ajuda para o que o meu Miguel precisa, mas encontrei amor, carinho, dedicação, e sei que posso contar com elas pra um abraço, pra me ouvir e orientar.

Também me despertaram para o voluntariado, elas enxergam o próximo de maneira diferente, sem pedir nada em troca se doam de corpo e alma nos eventos para ajudar as crianças que precisam”, diz Andressa.

Triagem ajuda a apoiar quem realmente necessita

Neste pouco mais de um ano, o Mãos Solidárias já atendeu 28 crianças – 19 no ano passado e nove neste ano. O grupo está se profissionalizando. Uma advogada, voluntária, ajuda na triagem para orientar quem realmente precisa. O grupo também tem assistente social, contador, e pessoas de diferentes profissões unidas em um objetivo em comum.

Além do apoio em campanhas e arrecadação de dinheiro, distribuição de alimentos e roupas, em que contam com a colaboração de empresas e grupos nas doações, a advogada orienta as famílias e encaminha para serviços especializados ou atendimento na rede pública àqueles que ignoram seus direitos.

Outro projeto abraçado pelo grupo é a confecção de bonecas de pano. No ano passado, 200 delas foram distribuídas aos pacientes do Hospital Infantil. Neste ano, uma nova leva das chamadas “carequinhas” começa a ser preparada, incluindo alguns super heróis na versão carequinha. A ação do Mãos Solidárias também já extrapolou seus objetivos iniciais e não parece ter limites.

Exemplo disso é a campanha que resultou na arrecadação e doação de 700 livros para a biblioteca do Centro de Educação Municipal Eliane Welk Kreutzfeld, recentemente inaugurado no bairro Vila Lenzi.

“Ajudar é muito gratificante. Acho que mais para quem ajuda do que para quem é ajudado”, observa a presidente do grupo, Grasiela Cristofolini.

Suas palavras são respaldadas pelas demais voluntárias. Vergínia Ferreira diz que não são raras as vezes que se emociona ao lembrar que tem filhos perfeitos e com saúde, mas pensa que se tivesse um filho com grave problema de saúde perceberia o quanto é gratificante este exercício de amor ao próximo.

“Precisamos nos colocar no lugar do outro e entender que a saúde é tudo”, observa, lembrando que não são raros os casos em que se depara com famílias que revelam não ter nada para oferecer aos filhos.

As voluntárias observam que apesar de Jaraguá do Sul ter uma boa estrutura da rede de assistência à saúde ficam surpresas ao constatar quantas pessoas precisam de apoio sofrendo com as intermináveis filas.

No grupo, que não tem limites de idade e de integrantes, Bernadete Reiser se orgulha ao constatar que três gerações de sua família se uniram em torno do voluntariado. Além dela e das filhas Nathany e Nadyessa, a neta Nadyne também se integrou ao projeto.

Vinda do Rio de Janeiro há seis anos, Cristina Coelho Sobreira se sente gratificada com as conquistas que vem conseguindo desde que se uniu ao grupo e imagina o quanto seria importante um projeto deste nível em sua terra natal.

Nominar todas as voluntárias do Mãos Solidárias é uma tarefa difícil, mas o grupo faz questão de destacar algumas pessoas que se tornaram fundamentais, como a advogada Fernanda Rosa, Luciana Floriani, Lonita Petter, Eliane Baumgarten, Andréia Telles, Priscila Moretti, Rodrigo Ferrari e Viviane Bolduan.

Como ajudar

O Mãos Solidárias aceita doações de tecidos, feltro e materiais para confecção das bonecas carequinhas. Também roupas e alimentos. Informações: (47) 98806-3965, com Grasiela, ou 98843-0681, com Vergínia.

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