Para a grande maioria dos brasileiros, manter as contas em dia é um desafio. Cerca de 65% da população não poupa para o futuro, segundo um levantamento da Datafolha. Dos que conseguem poupar, a maioria guarda apenas 10% dos seus rendimentos.
Jaraguá do Sul está melhor do que a média do estado no trato das finanças, mas ainda tem um grande número de cidadãos com dificuldades em por as contas em dia: 21% dos jaraguaenses encerram o mês sem sobra alguma de dinheiro, segundo pesquisa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), e 11% tem dificuldades ou não conseguem pagar as contas.
Pensando nestas dificuldades, pedimos à duas empresas de consultoria financeira – a Patrimono Investimentos, de Jaraguá do Sul, ligada à XP Investimentos, e a Sherpa Wealth Guides, de Blumenau – para saber quais são os maiores vilões do orçamento familiar e como lidar com eles.
O consenso é de que falta educação financeira e sobram gastos supérfluos, que poderiam ser reduzidos de formas simples.
Grande parte do orçamento é e deve ser reservado para despesas fixas – contas, transporte, aluguéis, planos de saúde, serviços e outras despesas inevitáveis, mas que podem ser reduzidas com uma boa análise dos gastos. Outras são mais nocivas e por vezes mais fáceis de lidar.
Veja como você pode mudar essa realidade e terminar o mês com alguma reserva de dinheiro:
1. Não compre por impulso
Segundo Rafael Lehmkuhl, da Sherpa, um dos maiores vilões – e o mais simples de se combater – é o consumismo desenfreado. “No Youtube, a moda do momento são os vídeos “Quanto custa o outfit”, que na maioria do caso entrevista crianças falando ‘nessa corrente paguei R$ 5 mil, nessa camiseta R$ 400’, e provavelmente a criança nunca trabalhou, nem ganhou dinheiro para dizer que foi ela que pagou”, explica.
Segundo ele, esta mentalidade dá origem a mais uma geração de consumistas, que dão mais valor para objetos do que para experiências. “Levando assim, a outros que não podem mas querem copiar, a viverem uma vida acima da renda que tem, e acabam utilizando o limite do cartão de crédito como se fosse uma meta a ser batida”, diz.
Segundo Ludmila Marques, da Patrimono, é um hábito que só o consumidor pode mudar, e passa por força de vontade. “Tenha consciência da necessidade de sua compra, se é algo só por impulso. Mas isso não significa que não possa comprar algo por realização, por exemplo: viajar ou comprar uma roupa nova”, explica.
2. Fique de olho no que você come
“Outro perigo mora em ignorar pequenos gastos, como o café com pão de batata, almoços a jantares fora de casa e da empresa todos os dias”, alerta Lehmkuhl. Segundo pesquisas da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), em média 40% da remuneração dos trabalhadores é consumida com alimentação.
Como a comida é item vital, é preciso atenção ao comportamento. Comer fora de casa é um gasto que muitas vezes passa batido, por se tratar de um valor pequeno a cada refeição: um lanchinho de R$ 10 em cada dia útil, no fim do mês se converte em um montante de mais de R$ 200.
É preciso contabilizar esses gastos, inserindo em um planilha para entender o peso nas despesas e buscar estratégias, como preparar as refeições.
3. Preste atenção nos juros
Um aspecto que agrava os impactos de vários desses fatores são os custos do crédito. “Para conseguir manter o elevado padrão de vida, além de estourar os limites do cartão de crédito, o cidadão se vê obrigado a se endividar, em empréstimos com juros muito elevados”, explica Lehmkuhl.
E o impacto não é pequeno: os juros do rotativo do cartão de crédito chegam a 306% ao ano, enquanto os do cheque especial chegam a 327% ao ano.
Ludmila ressalta que os juros do cartão estão muito acima da taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano, resultando em dinheiro jogado fora. “Em um mês de rotativo o custo para você é de 198% da taxa de juros atual para um investimento. Percebeu aonde está indo seu dinheiro?”, comenta.
4. Identifique os vazamentos
Além destes fatores principais, pequenos detalhes acabam contribuindo para minar a sua carteira, ressalta Lehmkuhl. Estes detalhes são gastos supérfluos que passam desapercebidos, mas que se acumulam – como assinaturas de revistas que não se lê, planos de serviço com adicionais desnecessários e pequenos adicionais nas compras que parecem pequenos, mas ao fim do mês somam valores significativos, assim como a falta de informação sobre a carga tributária.
Várias destas despesas viram gastos fixos, mês após mês, continuamente minando as finanças com coisas que não se usa. O mesmo acontece com parcelas de empréstimos e de compras no crédito esquecidas, comendo um pouco do orçamento a cada mês.
5. Planeje o seu orçamento
Esses fatores todos passam pelo mesmo vilão: a falta de planejamento financeiro. ” Acabar com as dividas deve ser sua prioridade”, diz Ludmila. Segundo ela, 50% dos rendimentos devem ser destinados às despesas fixas (como pagar as contas) e até 30% para o lazer e o consumo, deixando 20% para a formação de reserva para emergências e investimentos.
” É importante trabalhar com percentuais da renda, pois desta forma estará sempre ajustado ao seu padrão de vida, ou seja, se você ganhar um aumento vai aumentar sua disponibilidade para lazer mas também vai aumentar a sua reserva mensal”, explica Ludmila.
Embora a falta de planejamento por si só não incorra em despesa, ela está por trás de muitas das despesas que se acumulam ao longo do dia a dia, ressaltam ambos os consultores.
“As pessoas costumam trabalhar muito para ganhar dinheiro, e quando tem dinheiro e deveriam colocar o dinheiro trabalhar para si, acabam com ele mais rápido do que levaram para consegui-lo”, comenta Lehmkuhl.
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