Em julho de 2024, Jaraguá do Sul completa 148 anos de fundação.
A história da cidade é recheada de grandes personagens e fatos curiosos.
Nós listamos algumas das principais curiosidades sobre a fundação de Jaraguá do Sul. Confira!
1. A chegada de Jourdan
Era 1876 quando Emílio Carlos Jourdan desembarcou a margem direta do rio Itapocu com a tarefa de demarcar uma área de 12 hectares.
A autorização para trabalhar nas terras vinha diretamente da filha de Dom Pedro II, a Princesa Isabel que acabava de casar.
De origem belga, Jourdan era engenheiro e coronel do Exército Brasileiro, e havia conseguido a concessão para lotear a área e, consequentemente, atrair novos moradores. Esse foi o começo oficial da história de Jaraguá do Sul.
2. Antes do começo
Mas algum tempo antes desta história de fundação que consta nos livros, a vida já havia começado na região.
Os primeiros colonizadores germânicos estavam estabelecidos no Rio da Luz e havia pelo menos três quilombos, formados por população negra de escravos fugitivos de fazendas de Barra Velha, Araquari – na época chamada de Paraty – e São Francisco do Sul, segundo as pesquisas do historiador Ademir Pfiffer.
3. Demarcação de terras
Antes de Jourdan também haviam pisado na cidade outros personagens ligados ao império, por volta de 1873.
Exploradores passaram para conhecer e demarcar a área, afirma o historiador, mas os relatórios formalizando as observações sobre a cidade nunca chegaram.
Jourdan acabou sendo o primeiro a oficializar a colônia três anos depois.
O engenheiro havia conseguido um empréstimo no Banco do Brasil, comenta Pfiffer, para ter a concessão das terras.
Veio inicialmente com cerca de 60 imigrantes negros, remunerados para trabalhar nas imediações.
Pfiffer garante que, ao contrário do que se estabelece na história oficial, Jourdan não trouxe escravos em sua embarcação.
Com a força dos trabalhadores, começou a demarcar terrenos para a venda.
“Tinham anúncios em jornais de Joinville. Quem vinha para cá, junto com a compra recebia pequenas aves, porcos e sementes, para as pessoas terem um sustento”, conta o historiador.
4. Primeiras propriedades no Czerniewicz
Data de 1880 a primeira escritura de terra de Jaraguá do Sul. O documento foi registrado em Joinville no nome de João Heider.
Era o início do atual bairro de Czerniewicz, na região que hoje abriga uma clínica médica e o Centro Cultural da Scar.
Heider foi o primeiro a ter um registro de imóvel, terreno comprado do loteamento de Jourdan.
O historiador Ademir Pfiffer conta que a elite joinvilense, final do século 19, comprava muitas propriedades no Vale do Itapocu para investimento.
Já naquela época, possuir grandes latifúndios era estratégia para garantir o futuro das famílias.
Mas como muitas dessas propriedades ficavam vazias por anos, acabaram sendo invadidas por pessoas que buscavam um lugar para morar. “Isso gerou muitas denúncias na delegacia de polícia. Se tomava posse de propriedades”, conta.
5. Cultivo de cana-de-açúcar
Também começou nessa época, o cultivo da cana-de-açúcar para servir como matéria-prima.
Foi construído um engenho de cana, serraria, olaria e também engenho de fubá e mandioca. Toda a produção era para consumo da comunidade local e regional.
Inicialmente, o chamado Estabelecimento Jaraguá, nome de origem tupi-guarani, pertencia a Araquari.
Mas as terras entre o rio Jaraguá e Itapocu, em 1883, foram anexadas por Joinville.
Sem poder reverter a situação, os livros contam que em 1888 Jourdan desistiu do empreendimento. Algum tempo antes, alguns problemas já assolavam esses planos.
Pesquisas relatam, diz Ademir Pfiffer, que entre 1978 e 1882, Jourdan começou a encarar alguns problemas financeiros.
6. Dependência do rio
Toda a produção da cidade era escoada exclusivamente pelo rio, dificultando os negócios.
O pagamento do contrato com o império ficou complicado. Muitos trabalhadores deixaram de receber os salários, provocando revolta na região.
Um grupo dos primeiros trabalhadores trazidos por Jourdan teria, inclusive, ateado fogo em uma área de capinzal e abandonado a cidade.
Segundo o historiador, esses trabalhadores seguiram por terra até a região hoje chama da de Putanga, em Guaramirim, onde estabeleceram uma comunidade.
7. Proclamação da República
Com a Proclamação da República em 1889 as terras dotais passam para o domínio da União. Por aqui, pouca coisa mudou na rotina além do fato de que a família real não era mais a proprietária.
As terras devolutas na região, à margem direita do rio Jaraguá, passam a ser colonizadas pelo Estado através do Departamento de Terras e Colonização, sediado em Blumenau.